▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || VINTE E CINCO

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🔸— SAMUEL DEL REY —🔸

↪ SENTIMENTOS ABALADOS ↩


— Papai... — Chamo, em um tom baixo, vendo meu pai Cássio sozinho na cozinha, terminando de lavar alguns pratos.

— Oi, filho! Tudo bem?

— O papai saiu? — Questiono, parando ao seu lado. Ele me entregou o pano de prato, e eu comecei a enxugar a louça.

— Saiu com suas irmãs. Foram no morro. O que foi?

— É que... — Tento buscar as palavras certas, mas era mais difícil do que pensei. — Como você se envolveu com o papai? Sentiu algo diferente? — papai parou de lavar a louça, e me olhou, sorrindo.

— Sempre é diferente. Principalmente quando é verdadeiro.

— E como você soube que o amava? Ele era... como... o Noah? — Papai riu, negando com a cabeça.

— De jeito nenhum! Seu pai era um traste. E me fez sofrer muito se quer saber. — Disse, sorrindo.

— Então por que ficou com ele?

— A relação entre seu pai e eu foi... rápida, digamos. Eu cheguei no morro, o conheci, e logo na primeira vez que fui ao baile funk nos envolvemos. Ele quase me matou antes disso. Brigamos feio, e ele fez questão de ficar com uma mulher na frente da minha casa. Ele sabia que eu o veria. — Comentou, revirando os olhos ao citar o acontecimento.

— E por que não o deixou? — Papai suspirou, me olhando.

— Porque eu gostava de enfrentá-lo. Eu gostava de tê-lo perto de mim, seja brigando ou não. Para ser sincero, as coisas foram acontecendo naturalmente, e quando parei para pensar, já havíamos ido tão longe juntos, passando por tantas coisas. E mesmo eu tendo sofrido por ele, eu continuava o querendo perto de mim. Eu o amava de verdade e não sabia disso. — Assenti, meio perdido. Papai me olhou, sorrindo. — Mas por que tantas perguntas? Está acontecendo alguma coisa?

— O Noah... é tão... perfeito. Temos tudo em comum. Gostamos de dançar, de estudar... De... sair com os amigos. E-ele não se importa se eu beijo meus amigos, ou com quem eu fico. É-é... é o cara certo, não é? — Papai suspirou, me olhando por uns 10 segundos em silêncio, como se me avaliasse minuciosamente.

— Está falando isso... por causa do Nicolas? Aconteceu alguma coisa entre vocês? — Abaixo a cabeça, assentindo.

— Ele... eu... não sei explicar. Ele... me tocou. Entende? — Tento falar. Nunca escondi nada dos meus pais, até porque, isso era quase impossível. Mas eu sabia que podia contar com eles para qualquer coisa, e esse tipo de conversa era normal e confortante na nossa família. Falar, era muito melhor do que guardar para si mesmo.

— Ele te forçou?

— No começo... eu não queria. Não queria porque eu não estava entendendo o porquê ele estava fazendo aquilo. Depois eu... não consegui resistir... Eu... cheguei a acreditar que não tinha nada de errado. Mas eu lembrei do Noah, da Linda... não é justo, mesmo que meu relacionamento com Noah seja livre eu me senti mal, e eu não entendo o porquê! — Desabafo, quase em desespero. Papai secou as mãos com o pano de prato, me guiando até o sofá da sala, onde nos sentamos de frente para o outro.

— Filho... só quem pode decidir o que está sentindo, é você mesmo. Não posso chegar aqui e afirmar o que está ocorrendo com seus sentimentos. Separe as coisas, organize sua mente. O que está pesando mais? Por que se sentiu culpado sendo que sua relação é livre? São essas questões que precisa responder para si mesmo.

— O Noah é maravilhoso. E eu quis muito namorar com ele. E estamos juntos agora. É ele que devo amar, não é? — Papai suspirou.

— Não é assim que funciona, querido. Se fosse tão fácil escolher a quem devemos amar, eu jamais teria casado com o Grego. Eu teria... escolhido o cara popular da faculdade que sempre tirava nota 10 em todas as matérias. — Sorrimos. — Não existe amor perfeito, mas existe o amor com limites. Se a pessoa com quem está ou quem ama é perfeito ou não, isso não importa, desde que isso não maltrate a sua sanidade mental. Antes de cuidar do coração, procure cuidar da sua mente. Se deixar dominar o seu subconsciente, será tarde demais. Entende? — Assenti, sorrindo fracamente.

— Nunca permitir ultrapassar meu fator crítico. Eu sei. O senhor sempre me fala isso. — Falo, o vendo sorri.

— Você é um menino de ouro, Samuel. Tem uma visão incrível das coisas. Então não permita que te tirem isso. Seja com o cara perfeito ou não. — Disse, sorrindo.

— Acha que devo terminar com o Noah?

— Você acha que deve terminar? — Rebateu, me deixando mais perdido ainda.

— Eu não quero perdê-lo. Gosto dele, mas...

— Mas...?

— Mas estou começando a vê-lo como... um amigo. É com o Nicolas que sinto... arrepios... medo, talvez... e... prazer. Ele... consegue me dominar em pouco tempo e... com o Noah é tudo tão... normal. Eu não sei o que eu estou sentindo. Eu gosto dos dois, mas...

— Mas são sentimentos diferentes. Não é? — Completou, e eu assenti, suspirando.

— Sim...

— E o que pretende fazer?

Eu não sei...

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Where stories live. Discover now