▪ C ▪ A ▪ P ▪ Í ▪ T ▪ U ▪ L ▪ O ▪ || QUATORZE

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🔸- NICOLAS KEY - 🔸

↪ VELHAS AMIZADES É DIFÍCIL DE ESQUECER ↩

A tensão era forte, mas meu pedido era sincero. Para falar a verdade, nunca estava sendo tão sincero como agora.

- Eu... vim pedir desculpas.

- Você me maltratou. Por que eu aceitaria suas desculpas? - Rebateu, magoado.

- Porque eu estou aqui, arrependido, pedindo que me perdoe por ter dito e feito coisas horríveis com você. Eu... magoei os meus pais, e já estou péssimo o suficiente. Linda não quer me ver e agora seus pais devem me odiar. Você consegue prestígio facilmente pelo visto. - Brinco, sorrindo fraco.

- Não é prestígio. É educação. Coisa que você não tem. Agora vai embora antes que eu grite.

- Não faria isso. - Falo, desacreditado.

- Meu pai realmente está furioso com você, então, nem sei do que ele seria capaz se te visse aqui.

- Samuel, para de graça. Eu quero conversar.

- Um...

- É sério?!

- Dois... - Suspiro, desacreditado. Samuel já ia gritar, mas parto para cima dele, tapando sua boca com minha mão e com a outra segurando seus pulsos por trás das costas, impedindo que ele se soltasse. Samuel tentou se soltar, mas foi inútil.

- Samuel, por favor, eu me arrependi. Não viria aqui se fosse mentira. - Ele apenas bufou, como uma resposta negativa. Mas aos poucos estava se acalmando. - Promete não gritar? - ele demorou a responder, mas balançou a cabeça positivamente. - Vou confiar. - O solto aos poucos, vendo ele se virar de frente para mim.

- Como vou saber se amanhã não vai surtar e me expulsar da sua vida de novo?

- Não posso garantir, mas se depender de mim, isso não vai acontecer. Vai ser como nos velhos tempos, hm? - Sugiro, pegando novamente o porta-retrato, vendo Samuel enrijecer o corpo, engolindo em seco.

- Você não está mentindo para mim? - Questionou, como se fosse uma última forma de defesa.

- Claro que não, baixinho. - Samuel não conseguiu prender o sorriso, e vagarosamente veio em minha direção, me olhando com receio.

- Você... não me odeia?

- Não, Sam. Eu não odeio você. - Confirmo, o vendo sorri ainda mais, pulando em meus braços e me abraçando fortemente. Ri, retribuindo o gesto. Era estranhamente bom ficar em contato com seu corpo macio e pálido.

[...] - Nic! Olha! Olha! - Samuel correu em minha direção, com algum bichinho pequeno na mão, mas tropeçou em uma pedra, caindo e ralando o joelho. Foi fração de segundos para ele começar a chorar sem parar.

Corri em sua direção, me ajoelhando ao seu lado e vendo seu joelho ralado. Saía só um pouco de sangue, mas Samuel sempre foi tão manhoso.

- Hey, eu vou curar com meu poder mágico! - Falo, risonho, vendo Samuel me olhar com curiosidade, soltando baixos soluços.

- Você... tem poderes? - Assenti, beijando seu joelho levemente.

- Pronto! Meu poder é curar baixinhos indefesos com beijos de amor! - Brinco, vendo Samuel sorri. Não era difícil arrancar um sorriso dele. Era tão doce e delicado que eu me sentia responsável por ele.

- Sam quer mais beijos de amor do Nic! - Pediu, o que me fez ri. Dou outro beijinho no seu joelho, vendo ele gargalhar que nem bobo, soltando uns gritinhos fofos. Faço de novo, sendo contagiado por sua risada. E então começo a beijar sua barriga seu pescoço e suas bochechas, o derrubando deitado no chão e eu caindo por cima. Ele ria sem parar, sentindo cócegas de vez em quando. E finalizo selando nossos lábios, prendendo seus braços contra a grama do jardim.

Seus lábios eram tão molhados, pequenos e macios, que para mim era normal beijá-lo. Era um carinho inocente e que eu não era capaz de demonstrar somente em abraços. Precisava ser mais do que isso. Sempre mais... [...]

- Se meu pai te ver aqui amanhã, ele mata você. - Disse, enquanto nos sentávamos no chão, em um carpete felpudo.

- Eu sei. Falei coisas horríveis para o seu pai. E te xinguei também. Desculpa. - Falo, vendo-o me olhar desconfiado.

- De quê?

- É melhor você não saber. - Falo o vendo revirar os olhos.

- Nunca é tarde para brincar, né? - Samuel falou, me deixando confuso. Ele se levantou, abrindo uma gaveta, e me surpreendo ao vê-lo trazer um caminhão de brinquedo, cheio de carrinhos de vários modelos. Eu ri.

- Olha, talvez seja...

- Ainda se lembra das nossas corridas? - Brincou, pegando cinco carrinhos. Sorri, pegando os meus.

- Você não cresce mesmo. - Falo, mas entrando na onda.

- Está com medo de perder?

- Você perdeu em vida real, com carrinhos vai perder mais ainda. - Rebato, convencido.

- Olha só, você não venha jogar isso na minha cara! Só perdi por conta da droga daqueles policiais! Aliás, estou em luto por ter perdido minha moto.

- Não se preocupa. Ela volta.

- Ah, claro! Tem pernas e vai vim andando sozinha, né? - Ironizou, enquanto personalizava seu carrinho de brinquedo. Apenas ri, vendo aquele bico formado que ele tem mania desde criança, e que o deixa extremamente fofo. Sempre fica de bico quando está emburrado com algo.

- Pronto! Meus carrinhos estão lindos! - Samuel exclamou, colocando na largada.

- Ei, essa fita não presta. - Resmungo, não conseguindo colocar o adesivo no carrinho. Samuel se aproximou de mim, pegando o carrinho das minhas mãos e conseguindo colocar o adesivo facilmente.

- Não vem falar mal dos meus brinquedos, você que está enferrujado.

- Ainda brinca com tudo isso?

- Sempre que tenho tempo livre. É divertido, ué. - Disse dando de ombros. Ri, meneando a cabeça.

- Certo, vamos começar.

- Vamos! - Exclamou, pulando de alegria.

A noite foi curta para nós dois, tal qual igual como era antes. Brincando às escondidas para não levarmos bronca. E agora não é muito diferente.

O DONO DO MORRO - A Segunda Geração | Vol. III (Romance gay) Where stories live. Discover now