- Eu já irei me reunir com os soldados de Payne e... - Thomas ia se levantando, mas Pedro o induziu a continuar sentado.

- Não deveria estar em Elys Thomas. - Pedro cruzou os braços observando os restos da biblioteca.

- Do que está falando?

- Eu lembro quando chegou aqui. Perdido, com medo, trazido junto com as irmãs Field, se tornou soldado de Payne, o melhor da tropa, provou seu valor e hoje é general. Foram duzentos anos servindo a corte Molfenter.

- Somos vampiros Pedro, considerados demônios sugadores de sangue, parasitas, semimortos, se eu saísse daqui, para onde iria?

- Transilvânia talvez, lá eles veneram nossa raça.

- Não é hora para brincadeiras.

- Estou falando sério.

- Por que me quer fora de Elys? - Thomas estreitou os olhos.

- Posso não ir com a sua cara e muitas vezes já quis sua cabeça servida em uma bandeja. Mas sinceramente, acho que isso nunca foi o que você quis. Todos nós tivemos uma vida antes daqui, um passado, sermos vampiros não muda quem nós fomos, e quem seremos daqui pra frente. Não se prenda a este lugar, você não tem mais responsabilidades aqui.

Thomas o encarou por um instante, tinha algo não dito ali, e Pedro fitou os próprios pés antes de dizer.

- Sinto pela morte de Lion, era um bom garoto.

Pedro se virou e partiu a passos largos, parecia querer evitar falar sobre morte. Talvez, pelo fato de ambos não saberem se Mariah estava bem, se estava viva.

[...]

Na sala do trono, Lorenzo estava agitado ordenando um por um o que fazer mediante a recuperação da mansão, Íris por sua vez cuidava dos enterros e despachos de criaturas mortas, como lobos mestiços e alguns integrantes da corte. A corte em si estava furiosa com seus soberanos e tudo parecia um pesadelo interminável para eles. Quando o salão se esvaziou e finalmente pensaram em recuperar suas estratégias, as grandes portas foram abertas e dois guardas entraram carregando uma criatura sendo arrastada no chão.

Neste mesmo instante, Lucinda entrou pelos fundos e quando encarou a irmã suja de sangue ferida e sendo arrastada, automaticamente ficou tensa.

-O que é isto? - Íris encarou espantada.

-Milady. - O soldado fez uma leve mesura. - Está é uma de suas servas, é uma mestiça, foi deixada para trás.

Íris cerrou os olhos, encarando fervorosamente a pobre moça de pele prateada.

-Mate-a. - Ordenou. Lucinda mordeu os lábios, dando um passo a frente.

-Não fui deixada para trás. - Resmungou a mestiça.

-O que disse menina? - Lorenzo parecia irritado.

-Eu disse, não fui deixada para trás. - Ela cuspiu sangue negro e levantou a cabeça e a audácia familiar estava lá.

-Fiquei por que... - Ela olhou rapidamente para Lucy que ficou a ponto de explodir, então voltou para os soberanos. - Sou fiel á corte.

Com isso Íris sorriu felinamente, e então empinou o nariz.

-Espero que esteja sendo sincera, pois, se nos trair saiba que a jogaremos para monstros da montanha e não sobrará nada além de ossos.

- Qual o seu nome? - Perguntou Lorenzo.

-Helena.

-Quem é fiel a corte sempre alcançará grandes recompensas. - Disse Lucinda adentrando o salão.

A Herdeira Mestiça Where stories live. Discover now