Setenta e Nove

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Luria Narrando.

Me abaixei na porta do banheiro sentindo as lágrimas quentes escorrerem sobre meu rosto.

Eu estava com esse nó na garganta desde o ocorrido com aquele panaca que falou mal de mim, eu segurei enquanto pude. Não queria demonstrar fraqueza.

Almocei na marra, engolia o almoço e esse nó permanecia na garganta.

Assim que Kennedy saiu eu não aguentei mais segurar. É horrível as pessoas sempre estarem te julgando pelos seus erros, erros que já passaram, mas as pessoas fazem questão de lembrar e te colocar para baixo.

Você faz coisas boas ninguém fala nada, agora na hora de apontar seus erros tudo mundo abre a boca.

Sei que não deveria me importar, mas infelizmente não sou de aço, eu sou humana e não consigo ser forte o tempo todo. Ninguém consegue, acredite.

Permaneci calada enquanto as lágrimas desciam por meu rosto e aos poucos o nó na garganta ia se desfazendo e meu coração ia se aliviando.

- Colfoi Luria, vim buscar meu celular, esqueci aqui na cozinha - Ouvi a voz dele. - Preta? - Bateu na porta do banheiro.

- Oi - Respondi engolindo em seco.

- Tá dando uma barrigada é? - Perguntou e eu sorri de lado negando com a cabeça. - Hum - Escutei ele fungar -  Tá fedendo aqui fora mano, puta que pariu.

Me levantei do chão e lavei meu rosto umas três vezes para disfarçar a cara de choro. Abri a porta e ele estava lá me esperando.

- Tudo isso para sentir o aroma do meu tots (cocô)? - Perguntei e ele prestou mais atenção no meu rosto.

- Colfoi dessa cara de choro aí em?  - Perguntou e eu fui para o meu quarto engolindo em seco, só dele perguntar deu vontade de chorar de novo.

- É porque o cocô estava duro, parecia brita - Me sentei na cama e ele se aproximou de mim sentando do meu lado.

- Te conheço pô, tenta me engambelar(enrolar) não parceira - Apenas deitei a cabeça em seu peito e me permitir chorar tudo o que estava preso na minha garganta.

Senti Kennedy beijar minha cabeça e acariciar meus cabelos. Chorei tudo o que tinha de chorar e fui me acalmando os poucos.

- Tu não precisa ser forte o tempo todo pô. Tudo mundo um dia fraqueja tá ligada. Mas se liga, tu já passou por coisa pior do que julgamento, que só tu sabe o que foi pô, aquela abstinência foi do caralho parceira.

- Verdade - Falei pensativa - Mas é tão chato sabe.

- Tô ligado pô, é foda mermo. Tô aqui pra qualquer coisa, papo reto.

- Obrigada, de coração. - Tirei a cabeça do seu peito para encarar ele que sorriu e beijou minha testa.

Fechei meus olhos sorrindo e depois segurei em seu rosto depositando um beijo em seus lábios. Separamos do beijo e ficamos nos encarando por um tempo sem dizer nada.

- Tenho que trampar, qualquer coisa aciona belê?

- Tá bom, se cuida.

Assim que ele se foi me deitei na cama e fui tirar um cochilo.

Acordei e fui logo fritar os salgados, enrolar os docinhos e montar o bolo. Decorei tudo bonitinho e deixei reservado.

Olhei no relógio e estava perto da mulher vir buscar. Entreguei pra ela e quando ia fechando a porta alguém empurrou ela com tudo entrando.

- Oh bicha veia desesperada.- Olhei Keise que estava com o semblante sério.

- Tô ferrada amiga, cê não tem noção. Jesus o que irei fazer da minha vida.

- Tá grávida Keise? - Perguntei.

- Pior, estou apaixonada - Falou e eu gargalhei da cara dela.

- Paixão é pior que gravidez? - Questionei.

- Sim amiga, filho é benção dívida e não fode tanto a gente como um amor.

- E quem seria o felizardo? Lelek?

- Esse infeliz mesmo. - Neguei com a cabeça sorrindo.

- Conversa com ele e vê no que dar. Eu e Kennedy estamos tendo uma coisa séria - Falei encarando ela.

- Para de ver coisa onde não tem Keise, maldade nenhuma um com o outro pipipi popopo - Me imitou e dei dedo a ela.

- Aconteceu ué, mesma coisa tu e Lelek. Logo vocês tão aí também.

- Vamos ver, gosto da minha vida de piranha.

- Seja piranha de um homem só - Encarei ela que torceu o lábio.

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Inhaí.

HeroínaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora