Trinta e Três

5.5K 687 166
                                    

Luria Narrando.

Hoje não era um dia bom, eu pensei que eu já tinha recuperado isso porém não, cá estou eu me batendo na parede, me arranhando, puxando meus cabelos, sentindo a falta da droga.

Me levantei e comecei a caçar algo pelo quarto mesmo sabendo que nada não encontraria nada.

Apos a tentativa falha, fui em direção a porta do quarto e destranquei o mesmo, olhei pelo corredor e achei uma daquelas bancadinha que as enfermeira carregam.

Fui em direção e achei uma seringa e agulha no plástico, peguei a mesma tirei do plástico, juntei as duas e posicionei no meu braço.

- Luria não - Tentei enfiar de uma vez mas a seringa foi puxada da minha mão.

- Eu preciso, me dá, me dá - Pedi tentando pegar da mão de Keise e ela negou com a cabeça.

- Você precisa se acalmar isso sim - Me puxou pelo braco me sacudindo. - Você não vai se deixar enfraquecer, olha ela mim Luria - Falou autoritária. - Não deixa as drogas vencerem você, você está indo tão bem amiga.

Respirei fundo a encarando, olhei para a seringa em suas mãos, depois para ela.

- Mostra que você é mais forte que qualquer de consumir drogas e se furar - Estendeu a mão com a seringa.

Peguei a mesma da mão dela, minha respiração estava ofegante, sentia minha boca seca, estendi o braço e posicionei a agulha.

- Você e mais forte Luria, não faz isso - Fechei meus olhos ouvindo ela.

Fura, fura, fura - Torcia meu subconsciente.

- Não - Falei alto e joguei a seringa no chao.

- Isso amiga - Abri os olhos e ela sorria com os olhos marejados. - Ai que orgulho - Me abraçou e eu a abracei junto caindo no choro.

- Obrigada - Me afastei dela a encarando, limpei as lágrimas com a costa da mão.

- Estou aqui - Falou limpando seu rosto também - Então, vamos lanchar? - Assenti com a cabeça e nós fomos para o refeitório.

Peguei uma bandeija e coloquei nela, pão, geleia, suco e a maçã. Conforme minha nutricionista havia montado, coma bem, porém não em excesso e sempre coma uma fruta nos lanches.

Me sentei de frente para Keise observei ao redor e vi um rosto novo, um rapaz, aparentava ser novo e era digamos que charmoso.

- Sai que eu vi primeiro - Keise falou e eu a encarei sorrindo.

- Negativo amor, você já tem seu gatinho que vem te visitar pela noite. - Brinquei.

- Talarico morre cedo você sabe né, já botei no meu nome então se saia. - Falou fazendo sinal de arminha e eu gargalhei - Mas não me importaria de você ir lá e descobrir nome e até convidar ele para sentar com a gente.

- Tudo bem - Falei deixando a maçã na bandeija.

- É sério? - Perguntou e eu apenas fui. Me aproximei dele e ele ao notar minha presença me encarou.

- Oi - Sorri para ele - Me chamo Luria, to vendo que você é novo por aqui, se quiser companhia, eu e minha amiga estamos sentadas ali - Apontei para o local - E adoraríamos conhecer um pouco mais de você. Eai topa? - Perguntei e ele ficou me encarando por um tempo, entendi como um não - Ok - Falei me virando.

- Espera - Falou com a voz grave - Sou Kauê e aceito o convite - Sorriu mostrando seus dentes alinhados, era bem lindinho ele. Ele pegou sua bandeija e caminhamos para a mesa onde Keise estava.

Ela me olhou surpresa e ele se sentou ao meu lado.

- Keise esse é o Kaue - Apresentei e ela estendeu a mão para ele.

- Está aqui por qual motivo? - Ela perguntou.

- Drogas - Falou enquanto comia.

- Bate aí - Estendi a mão e ele bateu sorrindo.

- E você? - Perguntou a Keise.

- Piranhagem - Respondi e ela me olhou com um olhar mortal, fiz a plena e desviei o olhar.

- Meu pai me colocou aqui por que eu tava digamos que viçando muito - Falou e ele gargalhou.

- Pensei que isso não era um motivo para internar alguém. - Comentou.

- Meu pai conhece o pessoal daqui e conseguiu me internar, tava querendo me levar de volta, mas decidi acompanhar a amiguinha aí do lado. - Me encarou o fazendo me encarar também, sorri para os dois  e mordi um pedaço do meu pão.

Ficamos conversando e Kauê tinha 30 anos por mais que não aparentasse, parecia ser mais novo, ele trabalhava na pista, perdeu o serviço por causa das drogas.

Chegou no ponto de pegar as coisas de casa pra vender, para usar drogas, seus pais que trouxe ele para internar.

Estava no período de abstinência e saiu hoje do quarto, ele sofreu mais que eu porque ele era dependente de heroína.

Depois do lanche fomos os três para a academia e cada um malhou conforme o professor orientou.

Estava com saudade de Geiza, ela era uma das enfermeira que mais trabalha aqui, tá sempre a dispor de qualquer um.

Ela quem auxilia os novos dependentes, por isso não estou a vendo tanto.

Terminamos de malhar e cada um foi para seu quarto tomar banho. Assim que sai Geiza estava entrando no quarto com uma bolsa em mãos.

- Tava pensando em ti agora a pouco - Falei - Tava com saudades.

- Eu também acredite, estava com um rapaz novo que dei trabalho na abstinência. - Falou e colocou a bolsa em cima da cama.

- Kauê? - Ela assentiu - Conheci ele hoje no refeitório. - Expliquei.

- Muito bonitinho né - Comentou e eu assenti com cabeça penteando meus cabelos. - Isso é pra você - Apontou para a mochila e eu a encarei confusa.

- Erraram o nome não? - Questionei.

- Não, foi o Kennedy que mandou, no dia de visita ele perguntou se você estava precisando de algo, eu disse que estava precisando de roupas, roupas para malhar, tênis, e hoje chegou essa mochila.

- Não era pra você ter fala isso pra ele - Falei torcendo os lábios - Eu não tenho como pagar isso Geiza.

- Relaxa Luria, ele só quer te ajudar, não seja orgulhosa a ponto de negar essa ajuda dele. Enquanto uns não tem ninguém, você que tem vai negar, não seja bocó - Meteu bronca e eu só assenti com a cabeça.

Abri a mochila e tinha conjuntos de calcinha e sutiã, top, leggings, roupas do dia a dia, uma sandália e um tênis, creme de pele, desodorante, tudo muito lindo e de boa qualidade.

Depois agradeceria Kennedy por tudo.

******

Esse saiu grande, no capricho, quero muita recompensa em votos e comentários.

Deixem aqui sugestões, ideias pfvzinho.

Cheiro 😘

HeroínaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora