Quatorze

5.7K 734 203
                                    

Luria Narrando.

Ele colocou Aline para sentar em uma cadeira e ela chorava copiosamente.

- Por favor, não faz isso comigo, eu prometo que não faço mais - Pediu Aline quando um soldado ligou a máquina.

- Te falar que ouvimos essa ideia pra caralho quando estamos quase matando um buceta - RD comentou e ela engoliu em seco.

O soldado começou a passar a máquina do cabelo dela que fechou os olhos.

Quando terminou pegou a gilete e passou na careca dela, depois passou na sobrancelha também.

- Se liga no papo, se eu te pegar com mega ou aqueles treco que ces passa na sobrancelha, vou fazer pior tá ligada - Ela assentiu - Agora camba daqui e não se cresça pra cima de ninguém, tem que ter humildade no bagulho pô, se repetir tu anoitece e não amanhece. Rala - Falou rude e ela saiu de cabeça baixa chorando.

- Ela não vai pedir nem desculpas a mina patrão? - Lelek perguntou.

- Não deixa - Falei.

- Ih é mermo, Aline volta aqui. - Falou e ela já olhou com medo. - Anda porra.  - Pede desculpas a mina aí pelos teus erros. - Falou assim que ela parou na sua frente.

- Desculpa - Falou me encarando e chorando - Me desculpa por tudo o que eu te fiz. Eu sentia uma vontade enorme de fazer tudo o que fiz contigo, não sei bem o motivo ainda, só me desculpa.  - Falou olhando em meus olhos.

- Desculpo e desejo que você amadureça suas ideias, suas atitudes e se torne uma mulher humilde e de bom coração. Porque quem semeia a maldade, colhe a desgraça e será castigado pelo seu próprio ódio.

- Ih, deu aula mané - Lelek disse e eu o encarei séria. - Foi mal ae - Falou e eu sorri.

- Obrigada - Aline disse. - Posso ir? - Olhou para RD que assentiu e ela pegou descendo.

RD me encarou e eu levantei passando a mão no short.

- Ih, tá passando a mão em que mermo? Tem nem bunda. Sei nem como faz na hora h.

- Não preciso da bunda na hora h, preciso de vagina e ela está aqui, agora eu sinto muito por você que precisa de pinto e tem um que nem cosquinha faz - Mostrei o dedinho e a galera começou a zoar ele.

- Bora ali pra mim te mostrar então vacilona. - Falou gastando.

- Bora parar com essa porra aí em caralho, se liga pô, olha os papo torto rapá - Kennedy falou e eu o encarei e depois fui caminhando até RD.

- Ela teve o castigo dela e tu pode caçar um rumo e sair dessa vida.

- Eu... Eu vou sair, eu vou daqui a pouco na igreja pra ver se consigo vaga na ong cara.

- Daqui a pouco porra nenhuma, tu vai agora rapá, vou botar para te deixarem lá para não ter desvio de caminho.- Assenti com a cabeça - Aê mano Kennedy, leva a garota lá na igreja, manda descolarem uma vaga pra ela com urgência no bagulho. Só sai de lá quando ela for internada.

Ele assentiu com a cabeça, pegou a chave que RD jogou e saiu andando. Fui seguindo ele que chegou ao lado de uma moto, montou na moto e ficou me esperando porém a mesma era alta 

E eu fiquei sem graça de pedir ajuda, tentei subir mas não consegui, tentei de novo e nada, respirei fundo e quando olhei para ele ele estava sorrindo da minha cara.

- Tá de sacanagem com minha cara né. - Falei.

Ele se virou pra mim ainda sorrindo, um sorrindo bonito até.

- Pega no meu ombro e pega impulso pô - Falou e assim eu fiz, finalmente conseguindo, sentei e segurei na parte de trás.

Ele arrancou que eu quase caí para trás, mas mantive minha mão aonde estava. Eu estava tão leve que se ele acelerasse mais um pouco eu saia voando.

Assim que ele parou me encarou e estendeu a mão, segurei e desci, fomos caminhando lado a lado para dentro da igreja, paramos em uma sala aonde tinha uma moça concentrada na tela do computador.

- Ae ,boa tarde,  tudo na paz? - Falou Kennedy.

- Boa tarde - Falei também.

- Olá, tudo na paz, graças a Deus. O que desejam? - Perguntou.

- Queria uma vaga para dependentes químicos - Falei.

- Para você? - Perguntou e eu assenti com a cabeça. - Aí graças a Deus, obrigada senhor, mais uma pessoa pra gente ajudar a sair dessa vida. Só um momento - Falou pegando o telefone e colocando ao ouvindo, conversou algumas coisas e logo desligou.

- Temos vaga, a internação será imediata? - Perguntou.

- Isso memo - Respondeu Kennedy na minha frente, ela pegou uma ficha e me deu para preencher, nem estava me lembrando direito como escrevia, porém consegui preencher tudo no qual eu me lembrava.

- Quem vai ficar responsável por ela? Caso precisemos contatar. Seu pai ou sua mãe?

- Não tenho mais nenhum dos dois - Respondi.

- Coloca eu nesse bagulho aí pô - Se dispôs Kennedy e ela deu um papel para ele preencher.

- Ih posso preencher esse bagulho tudo não, vou colocar só o número e o nome morô? - Ela assentiu e ele terminou e entregou.

- Então vamos lá Luria? - Olhou pra mim sorrindo.

*****
Será esse o recomeço de Luria?

Adianto que não será nada fácil. 

Boa tarde. Sugestões para o próximo capítulo?

HeroínaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora