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Luria.
Acordei no susto me sentindo toda molhada, a dona do mercadinho tinha jogado um balde de água na gente.
- Saiam do meu mercado estrumes - Falou entre dentes. - Vão colar velcro em outro lugar monas, aqui não em. - Começou a bater palmas chamando atenção
- Não precisa disso dona, a gente só estava dormindo. - Nina disse.
- Aqui é dormitório de viciados por acaso? Podem pegar suas coisas e vazem daqui, agora vou ter que lavar minha área que estava limpinha por causa de vocês, suas imundas. - Falou pegando a vassoura pra dar na gente. Me levantei e encarei bem ela.
- Desculpa se a gente sujou o seu chão moça, mas acredite que a senhora é mais suja que a gente com esse preconceito todo. - Falei pegando meu cobertor e saindo com Nina ao meu lado.
- Mais suja mesmo miga, você sentiu o cc que ela tava? - Nina comentou e eu sorri, mas no fundo eu estava triste, o preconceito é a pior de todas as deficiências que existe.
O mundo está de mal a pior por isso, as pessoas invés de ajudar fazem é criticar, tratam as pessoas inferiores como lixo, você não precisa gostar, mas respeito é bom.
- Amiga estou morrendo de fome - Falei para Nina sentindo minha barriga doer.
- Eu também - Respondeu passando a mão sobre sua barriga.
- Vamos ver de conseguimos algo na padaria. - Falei e nos direcionamos até a mesma.
- Vai você - Nina falou tentando me empurrar para que eu fosse pedir.
- Vai você cara, eu pedi da última vez pô.
- Então vamos nós duas.
- Quando é pra mim ir, vou só, agora quando é você tenho que ir contigo, você não é nada esperta né vagabunda. - Falei e ela começou a gargalhar.
- Anda logo que daqui a pouco enche de clientes - Agarrou no meu braço e saiu me puxando.
- Se o número for ímpar, eu vou comer mais que você sua mandada.
- Cala a boca porra - Falou quando chegamos em frente ao balcão.
O homem nos encarou e já sabia bem o que nós íamos pedir, não era a primeira vez, quando tinha sobrado algo, sempre dava para a gente.
- Já tô ligado, vou pedir para a balconista trazer pô, mas esperem lá fora firmeza? - Assentimos com a cabeça e saímos felizes da vida, hoje não ficaríamos de barriga vazia.
Assim que ela trouxe as sacolas de pão, nós fomos praticamente correndo para o beco.
Quando os outros dependentes, que não eram muitos, que também ficavam alí, enchergaram as sacolas de pão nas nossas mãos salivaram e nos encararam.
Olhei para Nina no mesmo momento em que ela me olhou e nós assentimos, nos sentamos e rasgamos os sacos de pão para que ficasse mais fácil pegá-los.
- Vem gente comer - Chamei pegando um pão.
E todos sentaram ao nosso redor e comeram junto com a gente.
- Caralho parceiras, na moral mesmo, valeu aí por compartilhar, estava numa larica (fome) da porra fi - Agradeceu Ezequiel.
- Vocês sabem que com a gente não tem dessa né cara, a gente sempre divide - Falei.
- Para vocês verem como a porra de uma buceta ajuda pa caralho no bagulho, vou lá pedir pão e o cara fica mandando eu trabalhar me chamando de vagabundo, se fuder pra lá porra - Comentou e nos começamos a sorrir.
- Em falar em mulher se liga, tava tomando banho na boca, chegou umas minas pô e ficaram olhando pra giromba do pai aqui, tão achando que porque e dependente, morador de rua que a pica é pequena mané - Falou Binho fazendo a gente sorrir.
- Não conseguiu nenhuma xoxotinha ? - Perguntou Nina.
- Tá com ciúmes Nina? Relaxa que vocês são o casal do crack - Zoei e eles gargalharam enquanto ela me deu um murro.
- Eu até tentei com que a Luria arrumasse um boy, porém ninguém quis, está só o couro e o osso a bichinha.
- Tomar no seu cú sujo, fedorenta - Falei enquanto ela sorria.
- Tão ligado que sábado agora a galera da ONG daqui vão tá na praça né? Com altas paradas maneiras pá galera da favela. - Binho falou mudando de assunto.
- Ih eu vou me esbaldar - Disse Nina.
Era um dos nossos dias preferidos quando tinha esses eventos na favela, as mulheres faziam unha, cabelo, tinha comida, tinha doação de roupas, os homens faziam barba e cabelo, para a criancada tinha brinquedos infláveis, doação de brinquedos, pipoca, algodão doce.
Muito lazer para a comunidade, coisas que quebram a rotina e dão oportunidade a quem não tem condições de altas coisas.
Ficamos ali aproveitando a companhia um do outro e sorrindo das conversas que eram jogadas fora.
Você não ter nada, não é você não ter alegria, você não ter nada, não é não ajudar.
Eu posso ter pouco, mas o pouco que eu tenho eu sei dividir, eu sei compartilhar, porque eu sei o que é passar fome.
Se cada pessoa que negasse uma comida para o próximo, passasse realmente fome, ela entenderia melhor o que o outro passa e não negaria.
Porque a fome dói.
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Boa tarde mores.
Já irei escrever o outro capítulo enquanto neném dorme. Quanto mais rápido votarem e comentarem, mais rápido terão capítulos.Um cheiro.
ESTÁ A LER
Heroína
Teen FictionPela brisa se encantava e para fugir da realidade deu ali uma tragada, e desde então a dependência é sua nova caminhada, fizeram o ruim, pior está, uma pessoa tão incrível foi cair nessa roubada. O livro contará a história de Luria, que entrou no m...