Três

6.9K 909 135
                                    


To de olho. Cadê esses votos e principalmente os comentários em? Bota a cara leitores fantasmas.

Kennedy Narrando.

Dia de bailão, a favela tá naquele movimento, as drogas vendendo a todo vapor, as minas jogando a todo vapor e nos na tropa só de olho curtindo, ah colfoi, tá achando que nós é bandido gari, que sai coletando qualquer coisa e metendo no saco.

Se saia que aqui é só as selecionadas, nos é enjoado pra caralho, eu fico na minha de canto só palmeando, boné tampando o rosto quase todo, copão na mão, só curtindo a som na moral.

- Fala bando de veado – Falou RD chegando.

- Tá de coleira hoje arrombado – Gastei, hoje ele trouxe a mulher.

- Coleira é o caralho seu filho da puta, sou solteiro nessa porra – Falou se achando o fodão.

- Que história é essa Ruan? –Valesca falou se aproximando, a dona era braba que só a porra, batia no teti a teti com ele cabuloso mermo, aquele papo, fé nas malucas.

- Se fudeu otário – Falei me saindo gargalhando, eu gosto é do estrago.

Dando um role pelo baile avistei aquela mina que RD matou o pai no beco cheirando umas carreiras de coca, na moral, mina da hora pô, mermo toda acabada dá para perceber que ela não é aquelas donas terror não, dava para amassar legal, mas a droga tá acabando com ela, eu nem julgo ta ligado, eu tenho meus motivos para tá nessa vida e ela deve ter o dela também.

Voltei para a tropa e RD estava lá fumando.

- Tu é otário pra caralho – Falou dando um tapa na minha cabeça.

- Otário é tu desgraçado, é casado e quer pagar de solteiro, respeita a mina porra – Falei e ele gargalhou.

- Tu é viado parceiro, só pode – Falou e eu neguei com a cabeça.

- Viado teu cú, sou homem, não moleque nessa porra – Encostei do seu lado e comecei a bolar um basé.

Passou umas negas e uma jogou o cabelo bem na minha cara, gosto desses bagulhos não, mina tem que saber chamar a atenção do cara sem ter que ficar de putaria, fiquei logo puto e dei um puxão no braço a fazendo voltar.

- Tá me achando com cara de panela pra tu jogar esse assolam é desgraça? –Meti serinho e ela engoliu seco – Dá próxima vez tu fica sem. – Soltei o braço e ela saiu toda xoxa, toma no cú rapá.

- Tá porra, esparrou mermo em – Falou um menor e eu nem rendi papo, terminei de bolar o basé e acendi dando uma tragada, me encostei na parede apoiando a cabeça e fiquei curtindo o baile na moral.

Caí pra casa já tava amanhecendo, saco chega tava murcho de tanta meteção, catei uma loira filé e fui pro barraco que ficava na reserva pras transa, tu tá é doido de levar mina pra tua casa, tem umas emocionadas que grava o caminho e vai bater lá pra atentar tua mente, to correndo.

Tomei aquela ducha e me joguei na cama peladão mermo.

(...)

Levantei no pique, depois de fazer as higienes, coloquei uma cueca junto de uma bermuda e fui laricar(lanchar), amassei três pães com queijo e mortadela com um copão de coca, sou magro de ruim, porque como igual um condenado.

Peguei uma blusa, joguei no ombro, calcei a sandália e saí de casa caminhando em direção, assumi o posto da contenção trocando com o moleque que ficou na madruga e ele foi pra casa ficar suave.

- Fiquem na moral que os bota preta tão cercando o morro.

Porra, uma hora dessas e os caras nessas lombras da porra, se fuder pra lá pô. Nem precisou repetir mané, já foi geral para a encolha assumindo seu  posto, só esperando eles darem as caras pra gente ir pra batalha. Na hora que ouvimos os fogos, fiz o sinal da cruz e quando uns apareceram foi só rajada.

Bagulho foi puxado, no teti a teti mermo, caia mano de cá e eles de lá, trocação intensa até eles recuarem. Quando fomos fazer ronda foi aquelas cenas.

Manos caídos pelas ruas dos morros, mães, filhos, parentes chorando em cima dos corpos, é foda, porque hoje é eles, amanhã pode ser nois, agradeço minha mãe morar pela pista, pra evitar esses bagulhos.

Tem que lembrar da gente vivão, gastando, curtindo a vida na moral, guardar só as memórias boas ta ligado, eu uso dessas idéias.

Curto o máximo e não entoco os bagulhos não, a vida é só uma e quando morremos não levamos nada, então sem miséria no bagulho.

Tava passando pelo beco da 12 com um menor e avistamos a mina lá saindo de uma lixeira, deve se mocou dentro para fugir das balas perdidas, o menor sorriu e eu neguei com a cabeça seguindo meu rumo, logo deu minha hora e eu fui para minha casa, tomei um banho e fui para o bar do gordo tomar umas geladas e assistir o jogo do mengão com os manos.

HeroínaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora