Último capítulo

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Avisos: este livro ficará aqui até dia 9/4/2019. Depois, somente os dez primeiros capítulos!

Espero que gostem e obrigada por ler!

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— Então esse é o cara por quem você me troca? – O Sheik tinha os braços abertos para cumprimentar meu Gabi. – Devo dizer que sou muito mais bonito do que ele.

— Não chega nem perto. – Eu ri, feliz porque todo mundo da minha família, incluindo as Botelho que me contratavam, estavam de acordo de levar o Gabi comigo.

Rafael deu tchau no portão de embarque com a voz embargada e o choro contido. Não era uma separação de definitivo, era só mais um "até logo", mas tinha gosto de adeus porque agora iam dois, e ficavam só um.

E, pelas contas do Rafa, ele só conseguiria nos acompanhar quando terminasse a faculdade porque só assim a mãe teria base sólida o bastante para lidar com tudo sozinha.

Pensei que levar o Gabi comigo seria um problema para o Sheik, mas não foi. Aliás, ele foi o primeiro a abrir as portas. Antes mesmo que as Botelho metessem a colher, o Sheik tratou meu Gabi até melhor do que me tratou.

Ofereceu o jato, a casa, e ainda me perguntou se eu não queria levá-lo para passear. Essas coisas com mães tocam muito o Sheik e eu não sabia, Andressa quem me contou. Aparentemente a mãe do Sheik morreu em seu parto e ele foi criado apenas pelo pai, ausente, e algumas criadas.

Então, quando o Sheik ficou sabendo da morte, ele foi o primeiro a querer o Gabi consigo. Penso que, em boa parte do nosso caminho, foi o Sheik quem o salvou. Eu fiz a minha parte, quero dizer, quero acreditar que sim, fiz o que podia fazer. Gabriel todo cheio de cacos, e nós nos esforçando para colar. Rafael do Brasil, eu, ao seu lado.

Um ano depois Rafael subia no avião para dar até logo, não para o Gabi e eu, mas para o Brasil. Rafael trabalhou de lá, estudando feito um condenado, e eu ralei da Inglaterra, junto do Gabi, para entregar o Centro Hípico das Botelho o quanto antes.

Gabriel, eu diria, nunca se curou do baque a morte da mãe. Eu acho que ninguém nem tem que se recuperar de uma morte dessas. Essas coisas marcam mesmo e, toda vez que ele lembra, ele chora.

Da Inglaterra, depois que o Rafa chegou, fomos para a França. Tínhamos dinheiro, o suficiente para alguns meses de estadia, e queríamos voar maias longe. Por mais incrível que pareça para três garotos de São Paulo, nossas vidas deram um giro de trezentos e sessenta graus.

Nós três entramos num curso de restauração predial. Juntos, dali até o fim de nossa vida, fosse onde fosse, seguimos juntos e ninguém faz restauração como os Franceses.

Sabíamos francês? Não. Só um si vous plait e olhe lá, mas sabíamos inglês e, mesmo que os franceses odiassem estrangeiros que não falam a língua materna deles, a gente foi se virando.

Rafael, que não gostava de desenhar e dizia que não era criativo, entrou no ramo de restauração predial só para nos acompanhar. Dizia que iria para onde fôssemos, mas se encantou quando, um ano depois do curso de especialização que fizemos, conseguimos, com algum ajuda do Sheik, restaurar um hospital sírio bombardeado em época de guerra. Foi o primeiro grande trabalho que fizemos, também mantivemos o nome que nos levou até ali: Resist.

Depois disso, o mundo era nosso. Tínhamos dinheiro, liberdade, e fazíamos o que amávamos, os três, sempre juntos. Rafael cuidava das estruturas dos imóveis, enquanto Gabriel e eu restaurávamos.

Por alguns anos, depois do centro hípico que nos deu dinheiro suficiente para dar passos cada vez maiores, nós vivemos de restaurar edifícios históricos. Rafael chorou quando entrou na Capela Sistina, o único de nós três que tinha alguma religião, e nós tivemos o privilégio de ajudar um restaurador muito mais velho que nós, e muito mais experiente, a manter o desenho de Michelangelo com o frescor que faz todo mundo chorar.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 02, 2019 ⏰

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