30. Manicômio claustrofóbico

Start from the beginning
                                    

Chegou ao lobby sem vontade de sair do elevador, no entanto, assim que o fez, os passos decididos retornaram. Seu corpo demonstrava a indecisão da mente. Ficar era perigoso, Low deixou isso bem claro... e o Dr. Crow também. O mesmo Dr. Crow que, agora podia afirmar sem dúvida, ela conhecia tanto quanto o verdadeiro Low, porque se o doutor foi capaz de fazer testes em uma criança, então ela não conhecia quem ele realmente era.

Exceto que poderia estar enganada; todos eles fizeram parte do mesmo grupo que estudava um harmínion... mas... nunca fizeram algo que machucasse Elliot... além de desenvolver um veneno capaz de matá-lo. Seus ombros caíram. Elliot era uma criança... e aceitá-lo como cobaia era o mesmo que dizer que não tinha problema se Low foi usado como uma na infância. Será que ele foi machucado ou sofreu com os procedimentos pelos quais passou?

Perto da saída, parou para admirar o lobby. As férias escolares estavam no fim; várias famílias passavam ocasionalmente. O chão era tão brilhante que devia ser encerado à mão e os lustres pareciam feitos de diamante. Tudo gritava a palavra "caro" e ela nem tinha contado com a lareira de pedra luxuosa que ficava em uma área de convívio... ou o fato de que existia um andar inteiro sendo usado como salão de jogos. Não queria nem saber quanto Low estava gastando por dia com aquele hotel... e, pensando bem, por que ele se preocuparia com valores? Era o dinheiro do Dr. Crow que pagaria tudo. Low acabara de "herdar" todos os pertences do doutor — incluindo o próprio título de doutor.

Aquilo era insano, e era por esse motivo que devia ir embora. Era muito arriscado. Poderia ser pega pelo governo, como Maurício, ou sofrer uma imprevisibilidade.

Observou o balcão da recepção e se lembrou do estado em que Low estivera por causa do estimulante, o sangue escorrendo pelos cantos das unhas. Em seguida, pegou a mecha verde de seu cabelo e a analisou antes de finalmente sair daquele lugar.

Ainda no quarto do hotel, segundos depois de sugerir o táxi a Mori pela segunda vez, Low deu alguns passos para trás até se sentar na cama

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Ainda no quarto do hotel, segundos depois de sugerir o táxi a Mori pela segunda vez, Low deu alguns passos para trás até se sentar na cama. As mãos seguraram a borda do colchão e a cabeça conduziu o olhar para o carpete sob seus pés. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios, expandindo até chegar ao limite e, como não podia se alargar mais, transformou-se em um riso silencioso.

Ele jogou as costas na cama e mirou o teto, uma mão descansando na barriga e outra ainda no colchão, com os dedos arqueados como se quisesse perfurar o material. A intensidade do riso se elevou até ficar alta e descontrolada. Por um instante, esqueceu onde estava e se permitiu desfrutar do momento. Aquilo era maluquice ou sonho. Parecia irreal demais para ser verdade, uma ambição a qual ele nunca se iludiu a acreditar em obter sucesso.

Que futuro teria Arlow Crow? Nenhum! Porque Arlow estava morto, reduzido às mesmas cinzas de onde surgiu. Enquanto Elias Crow, a primeira versão defasada, covarde e podre foi substituído por uma nova versão melhorada, não menos podre e ainda menos complacente. O primeiro Elias encontrara uma forma de camuflar a submissão em uma falsa amizade, e esperara que Arlow fizesse o mesmo, pois acreditara que somente assim o "sobrinho" estaria seguro. Raymond era um aliado formidável por sua influência, todavia, Low jamais aceitaria viver sob suas condições novamente; foi em um fatídico dia que Raymond perdeu qualquer chance de colaboração por parte dele. E agora... Agora, Low via possibilidades concretas de se vingar, o que selaria seu destino.

Lua vermelhaWhere stories live. Discover now