22. Solução transparente

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Para pensar com clareza, necessitava de paz, solidão e... talvez um atalho.

— Ainda não me contou qual a importância do Low.

Teris não conseguia se acostumar com o subsolo. Apesar de ser iluminado e espaçoso, a falta de janelas a incomodava. Se pudesse escolher, jamais pisaria naquele lugar. Mas essa não era uma possibilidade.

— Por que toda essa perseguição se o Elliot está bem aqui? — Sentada em uma cadeira, com a cabeça apoiada na mão esquerda e o cotovelo na mesa, Teris encarou, aborrecida, as costas do Dr. Ray encobertas por um jaleco branco. — O que ele tem de especial?

À frente de Raymond, uma parede de vidro refletia sua imagem translúcida. O reflexo representou enquanto ele afastava o celular da orelha para o bolso e, em seguida, quando se virou para Teris.

— Eu alertei para ficar de olho nele — disse o doutor, ostentando um sorriso zombeteiro. — Você não me ouviu... e tudo aconteceu como aconteceu.

— Fiz o que achei que tinha que fazer — a jovem se defendeu. — Ele tomou uma decisão que eu não esperava; achei melhor reportar do que segui-lo, além disso, Daniel tinha um rastreador. Não pensei que...

— Que iria perder o sinal? — Raymond completou. — Também avisei que ele é imprevisível. Mas não precisa mentir para mim. Nós dois sabemos por que não o seguiu. Você tem medo do Elliot. Foi só por isso que "achou melhor reportar". — Finalizou balançando a cabeça em deboche.

— Não foi por causa isso! — Teris elevou a voz, desviando o olhar para encarar a quina da mesa. Ao prosseguir, normalizou o tom, embora ainda demonstrasse aborrecimento. — Eu segui suas ordens e vigiei ele... e ele nunca fez nada suspeito, nem sequer interessante. Você mesmo viu a sala dele; não tem nada além de livros de psicologia, muito menos anotações. Precisei me aproximar do Daniel para aprender alguma coisa.

Dr. Ray pendeu a cabeça para o lado e mirou o teto, pensativo.

— O Low é esperto. Não se arriscaria a fazer qualquer experimento dentro de uma casa com tantas pessoas.

— E que experimento ele faria? Não é como se tivesse acesso ao elixir... Ele ao menos tem conhecimento disso?

Corrigindo a postura, o doutor a encarou com seriedade, considerando um pensamento por um instante.

— Tem — ele respondeu.

— Mas ele tem permissão para saber?

— Não.

— Então é só denunciá-lo e pronto! — Ela se levantou e abaixou os ombros ao pontuar a atitude mais óbvia que Raymond devia ter tomado. — Por que ainda não fez isso? Pode ser punido por omitir essa informação, não?

— Não há muita coisa que possam fazer contra mim. — Dr. Ray abriu um sorriso arrogante. — E, enquanto estivermos de acordo, não haverá muita coisa que possam fazer contra você.

Teris não gostou do tom de ameaça, entretanto podia somente demonstrar seu desagrado em uma careta — até que lhe tirassem esse direito também.

— Não posso permitir que descubram sobre ele... ou que tentem matá-lo — Raymond continuou. — Quero a colaboração dele. — Voltou-se para o vidro. — Ele ou o harmínion; eu venço de qualquer forma.

Do outro lado da parede transparente, Elliot dormia sobre uma mesa cirúrgica no centro da sala branca, conectado a aparelhos por meio de fios que atravessavam sua pele.

Do outro lado da parede transparente, Elliot dormia sobre uma mesa cirúrgica no centro da sala branca, conectado a aparelhos por meio de fios que atravessavam sua pele

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