20. Lenço roxo

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Ainda que o caos gerado do medo e da raiva reinasse em seu interior, precisava se controlar. Precisava sempre manter a discrição. Sempre.

O carro atravessou o jardim bem cuidado por meio de uma estrada de pedra. A mansão verde se localizava nos fundos do terreno. A jovem direcionou o veículo para trás da construção, onde existia uma entrada discreta próxima ao porão. Estacionou ali, perto das árvores que bloqueariam a visão de qualquer empregado curioso; não era uma área proibida a eles, contudo era um acesso tão raro de ser utilizado que levantava rumores sobre o que tinha escondido no porão — este sim, era um local onde funcionário nenhum podia entrar sob a certeza de demissão ou consequência pior.

Aquele era o laboratório de Raymond e, embora o doutor respondesse com uma piada amigável, era possível perceber uma aura hostil em seus olhos quando perguntado sobre o lugar. Isso bastava para que o cientista não fosse incomodado em seu santuário.

Teris saiu do automóvel e se recostou na porta com o celular próximo à face.

— Já cheguei. Pode vir buscá-lo.

Desligou o celular e olhou ao redor, mal-humorada, para confirmar que não havia mais ninguém, depois voltou a se apoiar no carro e a mexer no celular. Franziu a testa com impaciência ao ver que recebera outra mensagem de Daniel; apagou-a sem ler seu conteúdo. Tomada pela irritação, acessou as opções do contato, errando alguns itens devido à pressa e à raiva, porém no final conseguiu bloquear o número e excluir o contato.

Quando ele acordou, levou um choque ao abrir os olhos e ser recebido por uma luz intensa, então os fechou, cobriu-os com a mão e tentou abri-los de novo — desta vez devagar e com cuidado

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Quando ele acordou, levou um choque ao abrir os olhos e ser recebido por uma luz intensa, então os fechou, cobriu-os com a mão e tentou abri-los de novo — desta vez devagar e com cuidado.

Sentia-se quente, fervendo, todavia o calor não aparentava vir de debaixo de uma coberta ou do exterior. Não; com a mão na testa e o reconhecimento dessa sensação, comprovou que a temperatura alta emanava de seu próprio corpo.

Atordoado, Low olhou em volta, alarmando-se ao descobrir que estava deitado em uma cama branca em um quarto branco, cujo piso era liso, parecido com linóleo e, somado aos outros elementos, pôde concluir que estava em um hospital. A constatação foi suficiente para despertá-lo por completo, como se levasse um banho de eletricidade.

Sentou-se na cama com pressa e observou a si mesmo. Estava usando suas próprias roupas, o que não era um sinal ruim, entretanto a manga do braço direito fora puxada para cima do cotovelo. Examinando o braço, encontrou o curativo de uma injeção. Este, sim, não era um bom sinal e ele grunhiu tentando segurar sua paciência. No entanto devia considerar que o fato de estar com suas roupas era boa sorte — talvez ainda nem o tivessem registrado como paciente.

Abaixou a manga para esconder o braço e encontrou seus óculos em uma mesinha ao lado da cama. Colocou os óculos em seu devido lugar e fitou as duas portas do quarto. Uma deixava a claridade débil invadir por baixo enquanto a outra guardava um recinto escuro — provavelmente um banheiro.

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