30. Manicômio claustrofóbico

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— É um tapado — a jovem disse a si mesma, apagando o sorriso de vez.

E seguiu o tapado até a mesa onde estavam Anabela e Sara.

É claro que a situação familiar de Sara era curiosa; e o mistério era agravado pela garota, que sempre desviava do assunto quando questionada. Logo, entendia-se que a resposta não seria agradável. Daniel tinha ciência de que nem toda família acolhia seus membros com carinho e — sentia raiva ao pensar — podiam até feri-los. A família de Sara se tornou um assunto proibido na equipe do Dr. Crow. Pelo visto, precisaria esclarecer isso para Isadora mais tarde.

Todas as cadeiras do restaurante estavam em cima das mesas, com exceção de três, cuja mesa ainda era utilizada por duas pessoas.

— Olá!

Anabela acenou com a mão próxima ao rosto e, ao contrário da expectativa de Daniel, Sara realizou o mesmo movimento. Não apenas isso. Sara ainda deixava transparecer um olhar abatido, no entanto um sorriso pequeno e sincero lutava contra sua tristeza. Talvez deixá-la com Anabela não fosse uma ideia ruim, apesar de Isadora.

— Me desculpem pelo atraso. — Daniel começou sua explicação. — Existem alguns princípios de chef que... — Se soubesse que Isadora apareceria, não teria ficado até tarde.

— Não se incomode, nós entendemos. — Anabela lançou um olhar de canto enigmático à Sara, que respondeu com um sorriso maior para Daniel.

— Fizemos um monte de doces pra você experimentar. — Os olhos de Sara brilharam com uma alegria verdadeira que, embora contivesse resquícios de uma opacidade melancólica, extinguiram as preocupações de Daniel. — E um bolo que...

— O bolo, não! — Anabela se alarmou a ponto de interromper a garota. — Foi só um teste.

— E ele tem que ser testado, ainda mais por alguém que sabe do assunto...

Enquanto Anabela rebatia com outro argumento, tentando trazer Sara à razão e fazê-la desistir daquela ideia insana, Isadora se postou ao lado de Daniel.

— Um conselho — disse ela, mantendo a voz em um volume que somente Daniel pudesse ouvir. — Coma. — E finalizou com um sorriso malicioso.

Após se sentir desbalanceada pelos eventos recentes, Mori retomou o equilíbrio aos poucos até poder voltar a caminhar com convicção

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Após se sentir desbalanceada pelos eventos recentes, Mori retomou o equilíbrio aos poucos até poder voltar a caminhar com convicção. Na verdade, estava marchando rápido como se fosse chegar atrasada à sala de aula. A agitação de emoções barulhentas servia de combustível. Queria sair de lá o quanto antes, entretanto havia algo não identificável que gritava dentro de sua cabeça. Se fosse embora, qual seria seu destino? Decerto continuaria procurando por uma razão, um papel importante que queria executar, mas que ainda não foi encontrado. Ou isso seria mentira? Seria ela quem estaria sempre fugindo?

A maior parte de sua vida foi gasta em busca do orgulho dos pais, que nunca pareciam satisfeitos com o seu melhor. O medo de errar nasceu e cresceu regado por expectativas absurdas. Agora, buscava não desapontar a si mesma, desejando fazer algo grandioso e desprender-se do medo que a afrontava em cada escolha. Com certeza não era esse tipo de futuro que a esperava em casa.

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