— Problemático, na verdade. — O professor acusou Dr. Crow com o olhar.
— Todas as crianças são.
— Você é quem me diz, doutor. — Antes que a tensão na sala escalasse para um nível hostil, Maurício mudou de assunto, tom e expressão, sorrindo para todos na sala ao voltar-se para eles. — Querem ajuda para descarregar as malas?
— Pra onde... será... que ele... foi? — Elliot quebrou a frase em cada pulo que deu sobre o gramado.
O carro de Low havia sumido juntamente com o dono; Elliot pulava na grama molhada no mesmo local em que o veículo estivera. A cada salto, a água degelada espirrava em várias direções, um evento considerado fascinante pelo harmínion.
— Só deve ter ido dar uma volta — Sílvia sugeriu, para o caso de o garoto pensar que Low não retornaria.
Somente os dois estavam do lado de fora, esperando os outros guardarem as malas. Sara e Mori foram as primeiras a terminar e se juntar a eles.
— Ele sempre sai sozinho quando tá mal-humorado; lembra?
Elliot parou de pular e virou a cabeça para Sara quando ela falou.
— Mas ele não tá sempre de mau humor? — ele questionou.
A garota ponderou por um instante com as pupilas para cima e os lábios comprimidos.
— Então... quando ele tá mais irritado que o normal.
— Mais irritado que o normal? — ele perguntou em tom sério. — É por causa de mim?
Mori deixou escapar um som de desdém, vindo da garganta, antes de exibir uma face gentil e dizer:
— Não é com você, fique tranquilo.
Foi o suficiente para Elliot encerrar o caso e voltar a pular sem preocupações.
Logo Maurício e o Dr. Crow apareceram também, ambos com expressões não muito agradáveis, mas que podiam ser confundidas com cansaço.
— Terminado — disse Maurício a Sílvia. — Agora só precisamos fazer o caminho inverso com as nossas.
— Mas e o rio? — Elliot parou de pular para encará-lo.
— Podem ir vocês. Acho que posso suportar não ver o rio desta vez. — Olhou de relance para Crow. — E acho que seria melhor o doutor ficar também; ele não é mais jovem como antes e ainda deve estar cansado da viagem.
— Tá tudo bem, doutor. — Elliot se voltou compreensivo para o doutor Crow e segurou uma das mãos dele com as suas duas pequenas. — A gente pode ir amanhã de novo... ou mais tarde.
Sem aguardar qualquer comentário do doutor, o garoto deu uma olhada no grupo e correu na direção do rio, parando ao lado de uma árvore e acenando para os outros como se estivesse abanando-se com as mãos.
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Lua vermelha
Science FictionLiderada pelo biólogo Elias Crow, uma equipe de cientistas trabalha em uma pesquisa singular: a domesticação de harmínions, uma raça tão inteligente quanto os seres humanos, porém incompreendida e tratada como animais selvagens. Elliot, a única coba...
15. Passado obscuro
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