15. Passado obscuro

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— Problemático, na verdade. — O professor acusou Dr. Crow com o olhar.

— Todas as crianças são.

— Você é quem me diz, doutor. — Antes que a tensão na sala escalasse para um nível hostil, Maurício mudou de assunto, tom e expressão, sorrindo para todos na sala ao voltar-se para eles. — Querem ajuda para descarregar as malas?

 — Querem ajuda para descarregar as malas?

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— Pra onde... será... que ele... foi? — Elliot quebrou a frase em cada pulo que deu sobre o gramado.

O carro de Low havia sumido juntamente com o dono; Elliot pulava na grama molhada no mesmo local em que o veículo estivera. A cada salto, a água degelada espirrava em várias direções, um evento considerado fascinante pelo harmínion.

— Só deve ter ido dar uma volta — Sílvia sugeriu, para o caso de o garoto pensar que Low não retornaria.

Somente os dois estavam do lado de fora, esperando os outros guardarem as malas. Sara e Mori foram as primeiras a terminar e se juntar a eles.

— Ele sempre sai sozinho quando tá mal-humorado; lembra?

Elliot parou de pular e virou a cabeça para Sara quando ela falou.

— Mas ele não tá sempre de mau humor? — ele questionou.

A garota ponderou por um instante com as pupilas para cima e os lábios comprimidos.

— Então... quando ele tá mais irritado que o normal.

— Mais irritado que o normal? — ele perguntou em tom sério. — É por causa de mim?

Mori deixou escapar um som de desdém, vindo da garganta, antes de exibir uma face gentil e dizer:

— Não é com você, fique tranquilo.

Foi o suficiente para Elliot encerrar o caso e voltar a pular sem preocupações.

Logo Maurício e o Dr. Crow apareceram também, ambos com expressões não muito agradáveis, mas que podiam ser confundidas com cansaço.

— Terminado — disse Maurício a Sílvia. — Agora só precisamos fazer o caminho inverso com as nossas.

— Mas e o rio? — Elliot parou de pular para encará-lo.

— Podem ir vocês. Acho que posso suportar não ver o rio desta vez. — Olhou de relance para Crow. — E acho que seria melhor o doutor ficar também; ele não é mais jovem como antes e ainda deve estar cansado da viagem.

— Tá tudo bem, doutor. — Elliot se voltou compreensivo para o doutor Crow e segurou uma das mãos dele com as suas duas pequenas. — A gente pode ir amanhã de novo... ou mais tarde.

Sem aguardar qualquer comentário do doutor, o garoto deu uma olhada no grupo e correu na direção do rio, parando ao lado de uma árvore e acenando para os outros como se estivesse abanando-se com as mãos.

Lua vermelhaWhere stories live. Discover now