Nicotina - Livro Bônus

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Alexandra Narrando:

Algumas semamas se passaram e tudo ta igual. Bryan voltou pro morro definitivamente mas continua não dando papo pros pais. Eu não tenho visto ele graças a Deus. Quando não tô na loja, to em casa ou na tia Valesca.
O início foi bem difícil, fiquei o mosquito, do coco, do cavalo, do bandido. Mas agora to de boa, quero viver pra mim e pra minha criança. Falando nisso, hoje tenho outro ultrassom. Decidir fazer um morfológico por conta própria, porquê não aguento mais de ansiedade pra saber o sexo.

A cada dia eu esqueço mais dos outros e penso mais em mim, voltei no grupo de oração com a Bia e isso tá me fazendo tão bem, só Deus sabe o quanto meu coração está em paz com a presença dele.
Conversei com meu médico sobre o parto humanizado e ele me disse que podemos analisar essa possibilidade, e que não é nada impossível.

Mas diante desse babado todo, tem uma coisa que tá deixando todo mundo de cabelo em pé. O Pom, o cara sumiu, não dá um sinal de revolta se quer. Eu como pessimista que sou, já logo penso na merda que tá vindo, queira Deus que tudo acabe bem, mas Bryan mexeu com fogo. Pelo que tia Valesca me contou da história deles, ele é o tinhoso em pessoa.

Sai da loja e fui direto pra casa. Preparei alguma coisa pra comer e fui tomar um banho, já aproveitei e lavei o cabelo, escovei os dentes e lavei o banheiro. Sai enrolada na toalha, passei hidratante, vesti uma lingerie e um vestido mid listrado, justo, dando uma saliência na barriga, penteei meu cabelo, me perfumei, peguei minha bolsa e mandei mensagem pra minha mãe e pra Tia, avisando que tava pronta.

Não demorou nada e elas chegaram, pareciam que tava até esperando na porta de casa.
__ Gente, que isso? The flahs? – Perguntei entrando no carro da minha mãe.
__ Assim Tu me insulta. Mais rápida que ele – Minha mãe falou e Riu.
__ Ansiosa ? – Tia perguntou.
_ Não vou mentir não, to ansiosa demais – Apertei o maxilar.
__ Jaja passa – Riu.

Chegamos no consultório e era o mesmo em que eu tinha feito a primeira, decidi fazer também com a mesma pessoa, porque ela já tá por dentro dos babados.
Fomos entrando e na sala de espera acabei dando de cara com Bryan, sentado vendo televisão. Não sei quem passou essa fresquinha pra ele, mas não fui eu.

__ Bryan? – Tia Valesca perguntou, ele olhou pra ela e virou pra TV novamente.
Vou voar no pescoço desse garoto, me solta.
Sentei super mega afastada, aliás, nem tanto, porque não tinha tantos lugares assim.
Tinha uma pessoa na frente.
Liguei minha internet e fiquei rolando o insta.

Depois de umas meia hora, chegou minha vez, eu estava super nervosa, ansiosa, meu coração tava a mil, dessa vez foi a tia Valesca que entrou, e Bryan também.
__ Oi Alexandra, é muito bom ter você de volta – Cumprimentou com três beijinhos.
__ É bom estar de volta também – Assenti e sorri.
__ Pode se trocar – Me entregou a camisolinha broxante.

Me troquei no banheiro e já fui direto pra cama. Tia Valesca segurou minha mão e nos ficamos olhando a tela enquanto ela passava o aparelinho na minha barriga.
__ Conseguem ver ? – Apontou na tela e meus olhos já se encheram de lágrimas.
Eu tava sensível demais, e poder ver meu bebê mexia ainda mais comigo, minha vontade era de pegar ele no colo, e não soltar nunca mais.
Bryan Olhava fixo pra tela sem falar nada.

__ E aí, como está? Já dá pra ver o que é? – Perguntei afobada.
__ Calma – Ela Riu. __ Como já tinha dito na última ultrassonografia, agora consigo confirma com mais precisão que o seu bebê tem síndrome de down, mas no mais está tudo bem. Pode ficar tranquila. – Falou.
__ Que ótimo – Dei um sorriso.
__ Agora vamos a cereja do bolo – Ela disse e nos rimos.
__ Se não der pra ver agora, eu não quero saber nunca mais – Olhei pra tia.
__ Pai, você gosta de jogar futebol? – A médica perguntou pro Bryan.
__ Gosto – Respondeu e de um sorriso de canto.
__ Pois agora você tem com quem jogar. É menino – Aquelas palavras foram como músicas pros meus ouvidos.

Nos três nos olhamos, com os olhos minando. Eu não sabia onde colocar tanta felicidade, era como se todo mundo já esperasse por isso, foi uma surpresa mas uma supresa que parecia uma sonho se tornando realidade. Meu menino, meu mundo azul. Amar como eu te amo, só uma vez na vida.

Depois de muito conversar com a Dr, fomos saindo, eu muito queria chegar em casa, contar pras pessoas que eu amo.
__ E então? – Minha mãe me perguntou quando sai da sala.
__ Um menino – falei chorosa e Abracei ela.
__ Meu Deus, nosso menino – Me Apertou. __ Deus é fiel, ele não erra nunca. – Falou.
__ Cada dia tenho mais certeza disso – Suspirei.
Minha mãe pegou o carro no estacionamento, Bryan sumiu igual fumaça.

Fui o caminho inteiro pensando em tudo.
Meu Deus, como o Senhor é maravilhoso, o Senhor é digno de toda minha fé e confiança, não me desampara em nenhum momento, eu só tenho agradecer por tudo, pela sua misericórdia e por seu infinito amor.

Cheguei em casa, me troquei, liguei o som, minha mãe resolveu fazer um bolo de chocolate, então ficamos na cozinha conversando enquanto ela fazia.
__ Tia, tira uma foto aqui – Dei meu celular.
Editei e postei no Facebook.

Publicação do Facebook:
Alexandra ALCÂNTARA:

Hoje eu te vi, mas tenho visto sempre nos meus sonhos. Não vou dizer que era o que eu sonhava, pelo menos agora, mas na verdade eu nunca esperei coisas boas da  vida, e então você veio, uma coisa tão boa que eu não sabia como agradecer. Você veio, e agora eu sonho, você veio pra mostrar que é muito melhor que tudo que ja vivi, você veio trazendo tanta paz pra toda minha confusão. Vou confessar que no início eu tive medo, ainda tenho um pouco, mas saber que você está aqui é o que me conforta. Não te prometo que serei a melhor mãe do mundo, até porque a melhor já é a minha, mas farei o possível e impossível pra te ver feliz. Você veio, e meu desejo é que o mundo mude pra te receber, você veio, e meu desejo é que todas crianças se sintam amadas assim como eu amo você, você veio, e se não viesse nada teria sentido, porque quem deu sentido a tudo foi você... Benício 💙

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