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Ale continuava gelada igual a um defunto. Mas os meninos garantiram que ela ia ficar bem.
__ Aí Bia, ela tem problema com alguém que tava lá ? – Bryan perguntou e eu fiquei totalmente imóvel.
Se eu falar com ele, Ale vai arrumar maior problema comigo. Mas se eu não falar, pode acontecer alguma coisa pior, depois, por culpa minha.

__ Bia ? – Chamou.
__ Nandinho – Falei e olhei pro chão.
__ Como assim ? Nandinho?
__ É, ela não queria nada com ele. Ele ficou puto – O olhei.
__ Toma esse álcool aqui. Passa no pulso dela e põe o pulso perto do nariz – Me entregou a garrafa e saiu ajeitando o boné.

__ Puta que pariu, fiz merda. – Levantei apressada e sai correndo. Só tive tempo der ver Bryan acelerando a moto com o Marreta na garupa.
__ Meu Deus. Não permita tragédia nenhuma, não quero fantasma me assombrando não – Juntei as mãos.

Fiquei na sala andando de um lado pro outro, desesperada, liguei horrores pro Marreta e o filha da puta não atendia. Meu coração começou a acelerar babado, só falta eu dar um infarto aqui agora, quem vai cuidar de mim e da Ale.
__ Aí meu Deus, a Ale – Corri toda estabanada pro quarto.
Sentei na beirada da cama, passei o álcool no pulso dela e coloquei pra ela cheirar.

Ale nem se quer mexia, parecia defunto. Minha mente a milhão, não sabia em quem pensar.

Bryan Narrando:

Cheguei na festa e já dei de cara com o Nandinho na varanda, fumando um baseado com uns outros.
__ Ue Bryan, tu sumiu pô – Falou.
__ Tive que resolver um k.o – Falei.
__ Ah, pode pá nego – Assentiu.
__ Chega aí Nandinho. Tô precisando levar um papo contigo.

Ele deixou o baseado com os cara lá e veio.
__ Fala irmão – Me olhou.
__ Já vou rasgar o verbo, porque meu papo não faz curva não. – Ele me cortou.
__ Am, qual foi fiel?
__ Eu to sabendo do seu desembolo com a filha de Alex. Se eu souber que tu tá forjano pra cima da mina, vai dá problema. – Falei e ele já arregalou os olhos.

__ Tá tirando irmão? Jamais – Balançou a cabeça negativamente.
__ To só te dando a visão. Tu tá ligado que você não é nada. Qualquer um tem afunda na bala – Falei já indo em direção a moto.
__ Tu tá ligado na minha caminhada Bryan. – Falou vindo atrás de mim.
__ O papo foi dado, tu abraça se quiser. Se sua consciência tiver limpa irmão, bons sonhos – Assenti e já liguei a moto.
Marreta veio e eu enrolei o cabo.

Estacionei a moto, fui entrando e a Bia tava de cabeça baixa, sentada no sofá.
__ Aí. Que bom que vocês chegaram – Respirou aliviada.
__ Que foi? – Marreta perguntou.
__ Tava preocupada, vocês são loucos – Deu de ombros.
__ Alexandra Acordou ? – Perguntei.
__ Não, nem com o Álcool – Falou.

Fui no quarto e a Ale tava toda gelada, já joguei um edredom nela.
Abri o vidro de Álcool e já coloquei perto do nariz dela.

Alexandra Narrando:

Acordei com um cheiro fortíssimo de álcool. Minha cabeça doendo horrores, pisquei várias vezes.
Bryan tava sentado na minha frente, segurando o vidro de álcool.

__ Que quê ta acontecendo? – Olhei em volta.
__ Marca aí, vou chamar a Bia – Falou e saiu.
Tentei sentar na cama, mas eu tava muito tonta, fechei os olhos e apertei.
__ Que susto que tu me deu sua égua – Bia já veio pulando em cima de mim.
__ Menina tu para, to morrendo de dor – Passei a mão na cabeça. __ O que a gente tá fazendo aqui ?

__ Sabotaram teu copo, tu ficou toda estranha la, desmaiou babado – Bia falou e minha boca se abriu aleatoriamente.
__ Tá muito desatenta em – Marreta falou.
__ Gente, nossa, eu tenho maior medo disso. Nunca deixo meu copo. Mas eu tava muito louca, muito louca mesmo, não lembro de quase nada – Falei balançando a cabeça negativamente.

__ Tu vai contar pro teu pai né? – Bia falou.
__ Tá doida? Ele vai me prender eternamente – Falei.
__ Tá precisando mesmo. Não cuida nem do copo, quem dirá de tu mesma – Bryan Balançou a cabeça.

Eles ficaram me dando maior bronca, e eu escutando calada, porque minha cabeça tava martelando.
__ Vamo embora? – Bia pegou nossas bolsas.
__ Acho melhor mesmo – Falei sentando na cama, na maior moleza.
__ Fica aí pô – Bryan coçou a nuca.
__ Jamais. Meu pai me mata – Fiz um coque no meu cabelo.

Bryan levou a gente de carro e eu fui o caminho toda calada, ouvindo eles contar uns negócios lá. Minha vontade era de desabar de tanto chorar. Mas tava morrendo de vergonha.
Eles me deixaram na porta de casa e foram levar a Bia.
Ainda era madrugada, entrei em casa e tranquei a porta de novo.
Meus pais já devem está no segundo sono.

Coloquei sal de baixo da língua pra ver se a minha pressão subia. Joguei as coisas na minha cama, me despi, entrei no banheiro e desabei em lágrimas.
Sentei no cantinho, a água caindo em mim, e minhas lágrimas se misturando com ela.

Como alguém teve coragem de fazer isso? Caralho, eu podia ter morrido, dependendo da droga.
Minha cabeça doía tanto, que eu via tudo embasado. E chorava, chorava, chorava.
Achei que fosse morrer no banheiro, meu corpo pedia cama, mas eu não conseguia levantar, fui engatinhando até o vaso, coloquei o dedo na garganta e comecei a chamar o Raul.

Depois de vomitar horrores, consegui levantar, escovei os dentes.
Sai enrolada na toalha, coloquei um conjunto de lingerie de dormir, deitei na cama e depois apaguei.

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora