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Tô me sentindo muito presa ao Bryan, sem ao menos ter nada com ele.
Bryan é muito ciumento, possessivo, as vezes é arrogante, ignorante, frio, autoritário. Ele me sufoca, liga de manhã, liga de tarde, liga a noite, whatsapp a vida toda. Um dia eu fui reclamar e ele disse que não era mais muleque pra ficar de cachorrada.
Retruquei babado, falei que em pleno século XXI e ele com essa mania de querer ser gaiola.

Bia falou que vai dar namoro, mas eu não quero. Não quero me prender agora, sem contar o babado que vai da ele e meu pai.
Terminei de prancha meu cabelo, fiz um delineado gatinho, passei rímel e batom nude.
Peguei uma bolsinha com chave, dinheiro, celular e fui.

__ Não demora em filha – Minha mãe falou.
__ OK – Mandei beijo no ar.
Toda quinta-feira a gente vai num barzinho super afastado, rola um pagode bom lá. Quinta sem lei.
Bia já estava me esperando no pé do morro, pegamos um uber e encontramos os meninos, pagamos a corrida e fomos juntos.

__ Tá faltando tecido nessa roupa – Bryan olhou de banda.
__ Tu acha? Pra mim tá sobrando – Arqueei a sobrancelha.
__ Falo nada contigo mais – Bufou.
Bia e Marreta só sabiam ri. Depois de anos luz chegamos. Já estava lotado, Bryan estacionou o carro e então entramos.

__ Se eu ver maluco olhando demais, vai ter morte, papo dez – Falou baixo.
__ Filho, relaxa – Soletrei a última palavra.
Eu e Bia sentamos e os meninos ficaram em pé atrás de nós, igual segurança. Não dou conta deles.
__ Mi, quero fumar um gudang – Falei.
__ Ah, eu trouxe – Falou abrindo a bolsa.
Pedimos caipirinha e porção de tilápia com molho de ervas.

Comecei a beber e fumar pra relaxar, tava precisando desacelerar. Bryan me deixa louca babado.
__ Nos não vamos demorar aqui hoje – Bryan sentou do meu lado.
__ Por que? – Olhei de lado.
__ To sismadão. Nem tava querendo colar aqui hoje. Tu sabe que eu não gosto de sair do morro – Falou.
__ Filho, nos estamos tão longe que acho que ninguém nos conhece aqui – Revirei os olhos.
__ Tu que pensa garotona – Riu.

Comi a porção quase sozinha, e não dá em nada não.
__ Que isso mana? – Bia Gargalhou.
__ Para, tu sabe que eu como pouco. Hoje é excessão – Fiz bico.
__ Então vamos sambar – Falou se levantando e eu fui atrás.
Peguei meu copo de caipirinha e fomos na rodinha, onde geral tava sambando.
Eles começaram a tocar grupo disfarce intimidade.

__ É que na verdade, nossa intimidade, rola sentimento com um pouquinho de maldade – Cantarolei.
__ Vê se não demora meu amor, meu bem faz isso não – Bia completou.
Começamos nos enturmar com outras mulheres lá e aí o pau quebrou. Só deu nos e mais ninguém. Cravei num samba daquele, que to pra te falar que meu salto virou rasteirinha.

Bryan toda hora apontava pro invicta dele, falando das horas pra irmos embora e eu fingia que nem tava vendo.
Peguei mais caipirinha e sambava babado.
__ Os meninos tão chamando pra ir embora – Bia falou no meu ouvido.
__ Ah não. Agora que tá bom – Balancei a cabeça negativamente.
__ É melhor irmos, porque Bryan tá com uma cara horrorosa – Bia Sussurou.

Revirei os olhos, bebi o resto da caipirinha e fui até eles.
__ Porra, tu é cega caralho? – Falou baixo mais puto de raiva.
__ Tu não quer ir embora ? Vamos. Para de bater beiço aí – Cruzei os braços.
__ Tu fala direito comigo  Alexandra, tá achando que tem bobo aqui – Segurou meu braço e já saiu me puxando pra fora.

Tava um pouco escuro, então ninguém viu, só Bia e Marreta.
__ Tira a mão de mim garoto. Tá doido ? – Dei um solavanco.
__ Tá é me tirando, falei que não ia demorar nessa porra – Falou entrando no carro e socando a porta.
__ Era só não vim. Eu não preciso de babá não – Fiz um coque no meu cabelo.

Bryan cravou o pé no acelerador e saiu cortando tudo. Meu coração ainda tava mais acelerado que ele.
__ Para de correr, inferno – Gritei.
Ele não falou nada e continuou correndo babado, olhei pra trás e Bia tava com a mão agarrada na perna de Marreta, com maior olho de batata, toda trabalhada no desespero.

__ Eu to falando pra parar de correr – Gritei mais alto.
__ Cala boca Alexandra – Bryan falou.
__ Não calo não, tu para de correr. Ou então me deixa descer – Bufei.
Ele não falou mais nada e continuou acelerando.
Era cada curva mais perigosa que a outra, estrada toda  escura, fechei os olhos e comecei a pensar em outras coisas.

Depois de uma cota Bryan estacionou onde ele sempre deixava a gente, um pouco antes do morro.
Bia saiu e Marreta saiu logo atrás.
Peguei minha bolsa e fui saindo também, mas Bryan segurou meu braço.
__ Tu para de gracinha pro meu lado, que nos ainda vamos ver essa mão em – Apontou o dedo na minha cara.
__ Quer saber de uma coisa Bryan? Some. Eu não tenho nada contigo pra você ficar batendo neurose. – Dei de ombros.

__ Aparti do momento que tu tá saindo comigo, tu tem alguma coisa comigo sim – Falou alto e autoritário.
__ Ae ? Pois então não tenho mais, porque não tô saindo contigo mais – Pisquei.

Me virei pra sair mas ele enfiou a mão no meio do meu cabelo e puxou pra trás.
__ Só acaba quando eu falar que acabou – Falou no meu ouvido e me soltou.
Abri a porta e sai.
__ Coi tá do – Falei e fechei a porta rápido.__ Anda Bia vamos.

__ Já vou – Veio correndo atrás de mim.
__ Menina Bryan tá louco – Entrelacei nossos braços.
__ To vendo mesmo. Todo mandão – Respondeu olhando pra trás.
Não demorou nada, chegamos em frente o morro, tirei o sapato e subimos.
Despedi da Bia e entrei em casa. Meus pais já estavam dormindo.
Tomei um banho, escovei os dentes e capotei.

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora