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Alexandra Narrando:

Acordei com celular tocando horrores, era a Bia, desliguei possessa e fui no banheiro.
Escovei os dentes, lavei meu rosto e voltei no quarto, peguei meu celular e retornei.
Chamou duas vezes e ela atendeu.
Início da ligação:
__ Porra Beatriz, não me acorda – Reclamei.
__ To chegando aí já – Falou e desligou.
Fim da ligação.

Já era noite, Bryan devia ter vindo aqui e voltado pra boca.
Peguei um pacote de biscoito e um copo de suco. Logo a Bia chegou, até russa, com os olhos arregalados, parecia que tinha visto um fantasma.
__ Que foi mi? – Arqueei a sobrancelha.
__ Senta, fica tranquila, tá tudo sob controle – Fez sinal com a mão pra eu sentar.
__ Como assim? O que tá pegando? – Olhei em volta.
__ O Bryan, ele... – Interrompi
__ Aí meu Deus, o que foi Beatriz? – Já perguntei desesperada, minha barriga começou a doer babado.
__ Olha é muito confuso, mas ele ouviu a tia e o tio conversando umas coisas, logo depois acabaram contando que o tio não é pai biológico do Bryan – Deu uma pausa.

__ Orra, to entendendo mais nada – Arregalei os olhos.
__ O pai dele é o Pom, e depois disso Bryan sumiu, ninguém encontra ele mais, já mandou os atividades ir até no quinto dos infernos e ele não tá – Bia falou e naquele momento eu comecei a imagina um milhão de coisas, onde será que ele tá? O que tá fazendo? Será que tá bem?
Meu Deus, quantas mais provações eu preciso passar ? Eu confio e acredito em ti, confio no seu tempo e em tudo que tem feito, pode fazer mas o que quiser, vire minha vida de cabeça pra baixo, porque eu sei que no fim, vai ser o que o Senhor escolheu pra mim, mas eu só te peço uma única coisa... Me dê forças, porque sozinha eu não consigo suportar.

Parei de raciocinar, afundei o rosto em uma almofada e comecei a chorar, eu estava tão fraca, tão fraca, que não conseguiria suporta nada, muito menos saber que Bryan está sofrendo.
__ Calma mi, Deus tá cuidando dele, tá tudo bem, isso também vai passar – Bia falou passando a mão no meu cabelo.
__ Cadê a Tia? – Sussurei.
__ Tá lá em casa, tá todo mundo lá – Respondeu.
__ Eu quero ficar aqui sozinha, você pode me deixar sozinha amiga? – Olhei pra ela.
__ Jamais, tu tá doida? – Abriu os braços.
__ Por favor Bia, eu preciso desse tempo pra mim – Fechei os olhos.
__ Tem certeza? E se tu passar mal?

__ Não, eu não vou, qualquer coisa eu juro que te ligo – Assenti.
__ Aí, não sei não em – Balançou a a cabeça negativamente.
__ Confia em mi?
__ Confio – Assentiu.
__ Então, pode ir, tá tudo bem – Suspirei.
Nos abraçamos apertado e ela foi, falando igual, mas foi.

Corri no quarto, vesti uma calça de moletom, um tênis da Nike preto, vesti uma blusa de frio por cima da regata, coloquei a toca, peguei celular e dinheiro e liguei pro Dan.
Não demorou nada e ele atendeu.
Início da ligação:
__ Não fala meu nome – Falei bem rápido.
__ Demorô – Respondeu.
__ Onde tu tá?
__ Tô de frente, geral tá na casa do Dodo – Falou.
__ Tem alguém aí? – Perguntei.
__ Marreta tá lá fora – Respondeu.
__ Pede ele pra ficar aí e sobe aqui – Falei.
__ Demorô, já broto – Falou e desligou.
Fim da ligação.

Tranquei a casa e sentei no passeio, logo ele chegou acelerando de Landeira.
__ E aí? Tá bem? Tá sentindo alguma coisa ? – Me olhou preocupado.
__ Não to sentindo nada não, mas a gente precisa achar o Bryan – Balancei a cabeça negativamente.
__ Eu sei pô, eu até imagino onde ele tá, mas eu não falei porque a última coisa que ele pode ver hoje é os pais né – Falou.
__ Eu tô ligada ue, se pá ele tá na onda frenética – Levantei.
__ Mas se tu quiser eu vou lá sozinho, ele tá doidão, é certo – Apertou o maxilar.
__ Não, eu vou também – Cocei a nuca.
__ Melhor não pô – Deu de ombros.
__ Eu quero ir, vamos logo – Apressei.
__ Então tá né, qualquer coisa nos tá indo na casa de alguém – Virou a moto.
Já subi e ele saiu rasgando, apertei ele e escondi o rosto. Boato rola fácil, qualquer hora o Tio ja ia tá sabendo, e ia querer saber se achamos o Bryan.
E pelo que conheço do pai da minha cria, ele ia arrumar maior barulho se vesse os pais hoje.
Dan acelerava e eu só sentia o vento, ganhamos uma trilha e logo caímos numa rua bem afastada do morro.
Ele corria muito, eu pulava eu todos quebra molas.
__ Porra, to grávida, caralho – Gritei.
__ Foi mal patroa – Foi freando.
Ele pegou outra trilha e saiu num matagal brabo, muito assutador, parecia grupa.
Vimos o carro dele e o Dan estacionou do lado.
O carro tava isolado, não tinha ninguém.
__ Fica ligeira, porque ele não sabe que nos tá aqui, vai sentar o dedo até no vento – Sussurou.
Fomos andando cabreiros, olhando pra todo lado.
Eu tava com medo, muito medo de alguém ter feito alguma coisa com ele, mas o Dan me garantia que ninguém vinha aqui uma hora dessas.
Fomos pisando pianinho e de longe uma pessoa sentada num tronco, olhando pro alto, eu não conseguia ver o rosto, mas meu coração sabia que era ele.
Soltei o Dan e fui correndo feito louca gritando.
__ Bryan, Bryan – Chamei e ele olhou pra trás.
__ Que quê tu tá fazendo aqui porra? – Perguntou muito frio, ignorante, tava pra lá de Bagdá com certeza.
__ Bryan, não me trata assim, eu não fiz nada contigo – Cheguei perto dele.
Ele tava de punho cerrado, uma pistola na cintura, respirava ofegante, soando nariz toda hora.

__ Vai embora Alexandra – Virou o rosto.
__ Olha pra você, não fica assim Bryan, vamos embora juntos – Balancei a cabeça negativamente.
__ Eu nem sei pra que tu veio aqui, eu quero ficar sozinho – apertou o maxilar. Ele tava ligadão, não abria a mão nem por reza brava, como se eu tivesse ali pra fazer mal pra ele, e a qualquer momento ia entrar de soco em mim.

__ Bryan olha pra mim – Coloquei uma das mãos no rosto dele e ele  tirou.
__ Qual a parte do eu quero ficar sozinho, que tu não tá entendendo? – Gritou.
__ Não faz assim, eu não quero te ver assim – Fechei os olhos.
__ Eu vou sai saindo, e espero que tu saia também Alexandra – Dito isso ele virou as costas e saiu andando.

Olhei pra trás e Dan começou a fazer sinal pra eu ir embora, balancei a cabeça negativamente e fui atrás do Bryan, ele ia me matar mas eu não ia deixar ele aqui sozinho, nunca.
Ele tava de costas fitando o chão, coloquei uma das mãos no ombro dele, ele Respirou fundo e virou com toda agressividade.
__ Vai embora porra, vai embora – Segurou meu braço e me sacudiu.
__ Tu vai me machucar então? Machucar teu filho? – Arqueei a sobrancelha.
__ Alexandra to falando pra tu ir – Apontou.
__ Eu não vou. Eu vim com o Dan, vou mandar ele ir e vou sentar lá no carro, e ficar aqui até tu decidir ir – Dei de ombros e sai.

Fui até o Dan e fomos caminhando juntos até perto do carro.
__ Pode ir, eu vou ficar – Falei.
__ Tá louca? – Perguntou.
__ Não, vou ficar no carro. Ele não vai fazer nada não, pode ir – Assenti.
__ Vou nem insistir porque vocês são cabeça dura, mas qualquer coisa me liga – Falou, eu assenti e ele foi.
Sentei no banco do passageiro, apoiei minha cabeça e fiquei esperando a boa vontade de Bryan.
Tava cansada, mente a milhão, não demorou nada e eu apaguei.

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Beninasssss, turo bom? O outro livro que tinha citado aqui, já está no meu perfil. O nome dele é Samanta, dêem uma moral lá PF 🙏❤

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora