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Alguns dias de passaram. Hoje é sábado, dia de bailão. Vou ficar pelas partes de cá mesmo, porque eu e Bryan não nos falamos mais. Mas não tem babado não, não tínhamos nada sério, e eu também não quero ninguém no meu pé.
Terminei de arrumar a casa, coloquei umas roupas no varal e fui pro salão.
Fiz as unhas, e o muco. Clarinha disse que ia pro baile no morro de Bryan, me chamou horrores, mas não dei nem moral.

__ Nossa Bia, tu já vai me deixar sozinha – Falei fingindo que tava brava.
__ Amiga, para. Não faz isso comigo – Segurou meu braço.
__ Não quero nem saber, me largou agora – Continuei fingindo.
__ Mi, eu falei que ia dividir as coisas. Ontem eu curti contigo, hoje vou curti com ele e amanhã vamos curti juntos – Me abraçou de lado.

__ To brincando vagabunda – Empurrei ela.
__ Bom mesmo. Porque eu fico vinte quatro por quarenta e oito atrás de tu – Falou.
__ É, pode me dá um ar. Vai atrás do Marreta – Falei e Gargalhamos.
__ Vou chegar lá amiga. Bom baile pra nós – Falou se levantando.

Nos despedimos e eu fui comer.
Fiz dois mistos quentes e peguei um pedaço de torta. Sem babado, nos corta tudo na academia.
Lavei o que sujei e fui me arrumar.
Tomei banho, escovei os dentes, sai enrolada na toalha, passei hidratante, coloquei uma lingerie, vesti um vestido preto, colocado, com as costas pelada, fiz uma make fraca, ajeitei o cabelo, coloquei um brinco de argola, calcei um sapato preto também de salto grosso,  me perfumei, peguei uma bolsinha com batom, celular e chave de casa.

Pedi pro meu pai me esperar, queria ir com ele e minha mãe.
__ Tá atrás de nós porque a Bia não veio – Minha mãe falou saindo do carro.
__ Deixa de ser conversada mãe – Sai logo atrás e meu pai foi estacionar o carro.
O baile já tava o fervo, tocando putaria, lotaderrimo.
Subimos pro camarote e o pessoal já tava lá.

__ Que demora em Marcela? – Dinda falou.
__ Sua afilhada. Sempre à última – Falou virando os olhos e eu ri.
__ Falando nisso, milagre que não foi pro morro do Bryan – Meu padrinho falou.
__ Quero ficar de boa aqui hoje – Falei pegando uma caipirinha.

Fui pra grade sozinha e comecei a beber olhando o movimento.
Avistei o João lá em baixo, acenei pra ele e ele me chamou.
Enchi meu copo com mais caipirinha e desci. Passei no meio do povo já embrazando.
__ Cadê a Bia ? – Olhou em volta.
__ Tá vivendo romance – Falei bebendo a caipirinha.
__ Tendeu – Sorriu de canto.
Comecei a dançar lá perto dele, que tava com mais uns três meninos.

__ Se impressionou com o tesão, disse pras colegas que era bom. E deixou a emoção, vencer a razão – Cantarolei gravando status.
Os meninos levantavam o copo pro alto e eu gravava.

__ Tá sã hoje? Milagre – João Riu.
__ To querendo curtir de boa agora – Fiz bico.
Meu celular começou a tocar babado, era Bia.
Afastei da muvuca e atendi.
Início da ligação:
__ Oi – Atendi tampando o outro ouvido, pra abafar a voz dela.
__ Filha, Clarinha tá aqui com amigas. Bancando de camarote tá – Falou gritando, o som tava estancado.
__ Oh, camarote? babado brabo em. – Falei.
__ Né. Só não sei pra quem que ela tá dando, porque o Bryan tá com o Dan – Falou.
__ Vai saber né. Tá amiguinha dele babado né – Falei bebendo um pouco da caipirinha.
__ Eu e Marreta já brigou feio aqui tá – Falou e eu arregalei os olhos.
__ Por que mi?
__ To indo embora e te conto – Respondeu.
__ Jesus. Vem então, beijos – Desliguei
Fim da ligação.

Joguei o copo fora e fiquei na entrada esperando Bia.
Não parava de chegar gente, altas horas da madrugada e o baile bombando igual.
Não demorou muito e Bia chegou. Ela tava de coque já, devia ter feito maior auê.

__ Que isso mina ? – Gargalhei.__ Cade o boy?
__ Filha, fui no banheiro, quando sai, vi ele falando no ouvido de uma Mona lá – Contou batendo palma e gesticulando.
__ Gente. Eai? – Levei a mão na boca.
__ Segundo ele, ela queria compra um Beck, mas ele falou no ouvido por conta do som – Ela explicou.
__ Tu botou fé?

__ Nunca. Fiz barraco com ele. E ela que se dane. Falei na tora – Deu uma pausa. __ Se eu descobri que to disputando com outra mulher, eu saio e deixo pra ela, porque homem não é prêmio não, mas ser mulher de honrar a calcinha, é  mérito.

__ Arrasou babado – Bati palma.
__ Tá ligada né, aqui o pau quebra de acordo – Levou as mãos na cintura.
__ Tirou onda mana. Deixa ele vim atrás agora, igual cachorro perdido – Falei já puxando ela pro baile.

Era só isso que tava faltando, eu e minha mana juntas. Pegamos dois copão de caipirinha e fomos pra perto do João. Embrazando igual.
Bebi horrores, mas me controlei demais, fiquei de boa a noite toda. Bia encheu o coco, saiu bamba, trocando as pernas. João levou nos em casa, fiz a Bia dormi aqui em casa pra não correr o risco de mandar mensagem pro Marreta.

Escondi o celular dela, tomamos  banho, escovamos os dentes e capotomas.

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Desculpa o sumiço. Estava trabalhando, aí ontem fiquei morta. Mas voltei RS. Boa noite.

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora