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Alexandra Narrando:

Tenho passado tanto mal ultimamente, que as vezes acho que seria melhor morrer, que acaba de vez com tanto sofrimento, angústia e medo.
Levantei arrastando, fui no banheiro, escovei os dentes, lavei meu rosto e fui na cozinha.
Minha mãe tava fazendo bolo. Eram umas duas e meia.

__ Se tu continuar assim, não vai ter outra, vou te levar pro posto – Me olhou.
__ Ah não, eu não vou – Resmunguei.
__ Então sai de perto de mim com essa cara de alma penada – Arqueou a sobrancelha.
Fiquei sentada, com a cabeça encostada na parede. Tava sem forças até pra fica sentada de boa, babado Master chefe.
__ Por recheio de que ? – Minha mãe perguntou mexendo no armário.
__ Mãe, tanto faz, não vou nem comer. Não aguento olhar pra comida – Falei levantando.
Senti um tontura, uma fraqueza anormal, soei frio, minhas vistas foram ficando turvas.

__ Alexandra, Alexandra – Ouvi minha mãe chamando e depois apaguei.

Marcela Narrando:
Levei Alexandra na maior dificuldade pro sofá, menina pesada gente, que isso.
Liguei pro Alex e não demorou meio segundo, ele apareceu todo afobado.
__ Pega os documentos dela – Falou pegando ela.
Peguei uma bolsa com os nossos documentos, me troquei e sai correndo.
João que foi no piloto, porque era sujeira pra Alex, ele foi logo atrás comigo e com Ale.
Ela não acordava por nada, João corria, eu desesperada, tensão, preocupação, nervosismo.
Chegamos no hospital mais próximo do morro, Alex entrou com ela no colo e eu fui dando entrada na recepção.

__ Sua filha ? – A recepcionista perguntou.
__ É – Assenti.
__ Seus documentos por favor – Pediu e eu entreguei.
Ela fez a ficha, Alex levou a Ale pra triagem e depois voltou.
__ Só pode um acompanhante, melhor tu ir que eu não entendo nada – Coçou a nuca.
__ Tá, segura minha bolsa – Entreguei e entrei.

Entrei no quarto que o segurança falou e lá estava ela, toda pálida, desacordada. Com a boca russa, pele fria.
Meus olhos começaram a minar, sentei do lado dela e apoiei a cabeça na maca.

__ Licença – Ouvi uma voz e olhei, era a enfermeira.
__ Ah sim – Assenti.
__ Vim colher o sangue dela, OK? – Me olhou.
__ Tudo bem – Assenti de novo e me afastei.
Ela colheu o sangue e disse que sairia o resultado em no máximo uma hora.
Peguei um copo de água e fiquei andando pelo corredor.
Comecei a rezar, rezar, rezar.
Pedia a todo instante pra que Nossa Senhora cuidasse da nossa filha, e que não seja nada de grave. Meu coração estava apertado, doendo.

Voltei pro quarto pra esperar, e depois de umas meia hora o médico apareceu com Alex e um papel na mão, que deveria ser o resultado.
__ O resultado da coleta já saiu – Ergueu o papel.
__ E ? – Alex perguntou, incentivando ele a falar.
__ Alexandra tem 17 anos né? – Perguntou analisando o papel.
__ Sim – Confirmei.
__ Pelo visto vocês não estão sabendo, não é mesmo?

Olhei pra Alex, e ele me olhou, balançamos a cabeça negativamente.
__ A queda de pressão está relacionado a uma gestação – O médico nos mostrou o papel, arregalei  os olhos, fui em outro mundo e voltei.
Não consegui segurar as lágrimas, e desabei ali mesmo, na frente de médico, do Alex.
O médico saiu e Alex continuou ali calado, olhando pro chão.
Apertei as mãos de Alexandra, desesperada, pedindo a Deus pra que fosse mentira.

__ Tô indo embora – Alex levantou.
__ Porra Alex, tu vai me deixar aqui, sozinha? – Abri os braços.
__ Porra Alex? Tu acha mesmo que vou ficar aqui? Por causa disso? Sai fora – suas palavras saiam com um ódio que me dava medo, ele saiu pisando firme.
Olhei em volta e estava sozinha, desesperada, sem saber o que fazer.
__ Por que tu fez isso comigo filha? O que foi que faltou?

Alexandra Narrando:
Acordei com uma luz forte, quase cegando meus olhos.
Olhei em volta e sim. Puta que pariu, to no hospital, deu merda.
Esfreguei os olhos e não tinha ninguém.
__ Ah, até que enfim acordou – Bia entrou no quarto.
__ Amiga, pelo amor que você tem por mim. Deu merda foi?

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora