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Alexandra Narrando:

Acordei cedo, odeio acorda cedo, nunca vou me acostumar com essa palhaçada de acorda cedo.
Fui no banheiro, me despi, tomei banho, lavei o cabelo, escovei os dentes e sai enrolada na toalha.
Passei um óleo, vesti uma lingerie, uma calça de montaria preta, vesti uma blusa branca de gola virada, calcei um mocassim marrom, penteei meu cabelo, me perfumei, peguei os documentos e fui comer.

Bryan tava sentado, tomando café com o tio, e a tia Valesca não estava la.
__ Cadê a Tia? – Sentei de frente pra eles.
__ Foi se arrumar – O tio respondeu bebendo café.
Passei requeijão no pão, peguei um copo de suco e comecei a lanchar.
__ To pronta – A Tia apareceu na cozinha.
__ Eu também – Respondi.
__ Eu também – Bryan falou.
__ Vamos então – Levantei.
__ Cuidado em, to mandando um carro atras de vocês – Tio Renan falou e nos fomos.

Hoje é minha primeira consulta. Tia Valesca ta toda animada, mas eu nem tanto. Queria que isso passasse logo, me sinto sozinha, mesmo rodeada de pessoas.
Bryan foi sentado atrás comigo e a tia que foi dirigindo. Era perigoso ele ir, mas bateu o pé e veio.
Chegamos no consultório, a Tia foi conversa com a recepcionista e eu sentei do lado de Bryan.
__ Não vejo a hora de tirar esse gesso – Olhou.
__ Am para, falta pouco – Falei.
__ Uma semana é pouco? Tá doida mesmo – Balançou a cabeça negativamente.
__ Uma semana não é nada – Virei os olhos.

Fiquei observando as outras poucas pessoas que tinha naquela recepção.
Uma grávida estava com a mãe, e eu senti uma tristeza imensa, de não ter minha mãe comigo neste momento. Eu sei que errei tanto, nunca vou tirar a razão deles, mas poxa, como eu queria ter o amor da minha família, meus pais, queria sentir a proteção deles, o entusiamo da tia Valesca, eu queria vindo da minha mãe, comprando roupinhas, falando dos nomes, de como vai ser a primeira festinha e de como vamos reagir com a escolinha. Queria sentir a presença do meu pai, igual o tio Renan, na dele, mas preocupado, se importando com tudo.
A outra grávida já tava muito barriguda, e tava com o marido. Cheguei nessa conclusão por conta das alianças, eles conservam e riam muito vendo alguma coisa no celular.
Olhei pra a Bryan e ele também tava olhando.
Suspirei e olhei pro chão. Senti seu braço envolver minha cintura e me puxar mais pra perto, ele beijou o topo da minha cabeça e eu apoiei minha cabeça no seu ombro.
As duas foram atendidas e logo me chamaram.

Bryan entrou comigo. O médico era bonito, aparentemente uns 30 anos, Bryan já logo fechou a cara babado.
__ Bom dia Alexandra, meu nome é Cesar, e eu vou estar te  acompanhando durante todo esse período, ate o dia do nascimento – Assentiu todo simpático.

Ele me perguntou idade, peso, última menstruação, perguntou sobre doenças hereditárias e mais uma porrada de coisa.
Me entregou uma camisola e pediu pra eu deitar na maca pra fazer o toc.
Bryan arrumou uma desculpa e rachou fora da sala.
Fiquei com maior vergonha, mas fazer o que né?
Ele terminou a consulta me passando vitaminas, marcando uma próxima consulta e um encaminhamento pro ultrassom.

__ Eai ? – A tia me olhou.
__ Então, ele me passou umas vitaminas, marcou outra consulta, fez pedido de  ultrassom – Falei enquanto íamos pro estacionamento.
__ Quantas semanas? – Perguntou.
__ Oito semanas – Respondi entrando no carro.
__ Oque é oito semanas? – Bryan entrou do meu lado.
__ Oito semanas são dois meses, semana que vem ela faz três meses – A tia respondeu.
__ Não é melhor falar dois meses então? Melhor do que oito semanas – Retrucou.
__ Ue, e dois meses tem quantas semanas? – Olhei pra ele.
__ Ih, me erra – Resmungou.

Não demorou muito e chegamos no morro de Bryan, ele indicou uma rua e a tia seguiu, estacionou o carro em frente uma casa e nos saímos.
Bryan destrancou a porta e nos entramos.
Tava vazia, sem nenhum móvel, mas com pintura recente, piso limpinho, toda arejada, dois quartos, um era suíte, uma cozinha conjugado com sala de jantar, sala, banheiro social e uma área de lavar.

__ Que gracinha, ja é a da Alexandra? – Tia perguntou.
__ É. É sim – Falou.
__ Não precisava ser isso tudo – Sorri de canto.
__ Para de potoca – Bryan riu.
__ Os móveis tão pra chegar semana que vem – Falou.
__ Devia ter deixado nos duas escolher – A tia cruzou os braços.
__ Que nada tia, tá ótimo – Falei olhando em volta.

Ficamos lá mais um tempo conversando sobre a casa, os móveis e fomos embora.
Tio Renan tinha comprado comida pra gente, almoçamos, lavei a louça e fui pro quarto, escovei os dentes, coloquei um pijama e deitei.
Fiquei conversando com a Bia, contando as novidades pra ela.
Hoje não ia ter baile no morro de Bryan, só aqui, mas amanhã tem. Então, já começamos programar.

Meu estômago começou a revirar, corri pro banheiro, sentei do lado do vaso e fiquei esperando o raul vim.
Acho que não vou ser uma boa mãe.
Não sei cuidar nem de mim, minha criança vai me detestar como mãe.
Peço a Deus todas as noites, que me dê sabedoria, entendimento, paciência e um bebê bem tranquilo.
O Bryan tem se mostrado presente até demais, sei que vai ser um ótimo pai. E eu aqui, essa mãe porra louca que até outro dia mesmo tava fumando maconha, mesmo sabendo que ta grávida, oh céus.

Botei meu almoço todo pra fora, escovei os dentes e voltei pro quarto.
__ Ta fazendo o que aqui?

__ Vim ver filme – Deu de ombros.
__ Eu vou dormi, deixa bem baixo – Deitei.
__ Demorô – Bryan abaixou o volume.
Virei pro canto e peguei no sono.

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora