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Marcela Narrando:

Meu coração tava tão agoniado, eu não sabia mais o que pensar, eu tinha raiva de mim, do Alex, da Alexandra.
Mas ao mesmo tempo que eu sentia raiva, eu tinha vontade de buscar ela, cuidar dela, da criança, mas o erro sempre foi esse, passar a mão na cabeça dela.
Minha menina, dezessete anos, e agora mãe, tão irresponsável, imatura, sem nenhum juízo, e sem eu por perto pra ajudar.
__ Marcela, to falando contigo – Alex interrompeu meus pensamentos.
__ Oi? Fala – O olhei.
__ Tá nessa aí por que? – Indicou com a cabeça.
__ Tu ainda pergunta Alex? – Arqueei a sobrancelha.

__ Aconteceu o que era pra acontecer. Vida que segue, Alexandra já tem dezassete anos, quando tava aprontando pensou em nos? Não, eu é que não vou ficar de cabeça quente então – Falou e eu me despertei dos pensamentos.
__ Mas acho que antes de tu tomar aquela atitude, deveríamos conversar com ela primeiro – Respondi.

__ Conversa mais? Tá doida? Não sou psicólogo não. Dezessete anos aí, orientando, mostrando o melhor caminho, vacila quem quer, nos é que não pode – Sentou no outro sofá.
__ Agora tá lá, grávida. Sem saber oque fazer, devíamos sim conversa com ela. Eu tava sem condições de opinar qualquer coisa, mas foi horrível – Peguei uma almofada.
__ Deixa eu te falar umas coisas então, do meu ponto de vista, tu abraça se quiser – Apontou.
__ Fala ue – Dei de ombros.

__ Antes de ir morar contigo, antes de tu engravidar, eu não tava nem aí pra porra nenhuma não, se morreu, se viveu, Tamos aí pra isso mesmo. Mas depois Marcela, foi foda, eu só saia nessa porta preocupado, com medo de não voltar pra casa mais, mas não medo de morrer, porque morrer como homem é o prêmio da guerra. Mas meu medo era de morrer e deixa vocês aí, sozinhas, sem amparo, perdidas. Tu sabe, nos sempre fez tudo por ela, e não digo de dinheiro não, isso é o mínimo. Mas ela tinha liberdade e orientação, porque eu não sou gaiola, pra ficar prendendo ninguém não pô. Ela não soube aproveitar, menina nova, só aprontava, e nos ali, tentando correr por ela, mas ela cresceu porra, tem que aprender a correr com as próprias pernas. Agora eu te falo, filho, qualquer um cuida, mas e se fosse algo pior ? Não é preconceito não, jamais, se fosse outra coisa, eu não colocava pra fora não. Mas não era, então eu coloquei, porque agora ela aprende, e se nos acolhe, ano que vem tinha outra criança aí, e só Deus sabe quem é o pai.
Tu já parou pra pensar, quantas  mina de doze, treze, quartoze anos, daria tudo pra ter a vida que Alexandra tinha? Essas mina tão se prostituindo Marcela, porque não tem dinheiro pra comer, pra comprar as coisinhas dela e pá. E nossa filha, com todas oportunidades na mão, sabe oque ela fez com as oportunidades? Engravidou. Fale oque quiser, pai eu fui demais, mas não sou obrigado ficar aturando cachorrada debaixo do meu teto. Não aprendeu no amor, na dor aprende. – Falou.

Não aguentei, aliás, já não tava aguentando, sai da sala pensando em tudo, e comecei a chorar. O Alex não estava errado, de jeito nenhum, mas porra, minha filha tá sozinha.
Apoiei a cabeça na cama, chorando, pensando em tudo, e acabei pegando no sono.

Alexandra Narrando:

Acordei com meu celular vibrando horrores.
Era mensagem da Bia no whatsapp.
Respondi ela e fui no banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto, me troquei e fui tomar café.
__ Bom dia – Entrei na cozinha.
__ Bom dia. Sua madrinha teve aqui mais cedo, disse que volta depois do almoço – Tia Valesca falou.
__ Nossa, é mesmo, não tive tempo de falar com ninguém – Suspirei.
__ Tá todo mundo sabendo já, as meninas tão querendo fazer até um churrasco aqui amanhã – Falou e Rimos.
__ Gente que isso, adoro, pão de alho, não tenho  forças pra isso – Apertei os olhos.
__ Bia mandou umas roupas pra você, ela disse que comprou na lojinha que tu gosta, lá do morro – Falou.
__ Aí, Bia é ótima. Ela me mandou mensagem mesmo – Falei passando requeijão no biscoito.
__ E outra, já liguei no consultório, nos vamos lá semana que vem, fazer seu cartão, começar o pré natal – Me olhou.
__ Tu pensa em tudo mesmo Tia, não sei oque seria de mim se você – Apertei o maxilar.
__ Que nada, tamos aí pra isso – Piscou.
Comi igual, graças a Deus. Esses dias eu tava comendo igual passarinho.
Respondi umas mensagens no whatsapp e postei uma foto antiga no status

Whatsapp:

A vida é curta e a chance é única, de fazer a diferença, ou então ser mais uma 🎶👌

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A vida é curta e a chance é única, de fazer a diferença, ou então ser mais uma 🎶👌


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Um número estranho me chamou, com a foto de um cifrão, abri a conversa e era o Bryan.

Conversa do whatsapp:
021xxx: Vou lá falar com teu pai  amanhã.
Eu:  não mexe com isso não Bryan, vai dar b.o
Bryan: Não to te pedindo autorização, to te avisando  kkkkkk.
Eu:  🙎🙎🙎🙎🙎🙎🙎🙎🙎🙎🙎
Bryan: Vou levar um negócio pra tu, mais tarde 😘
Eu: É de comer?
Bryan: É de chupar 😈
Eu:  Larga de ser escroto garoto 😂😂😂
Bryan: É de comer, Tu só pensa em comer 😕
Eu: Eu não, sua cria 😏
Bryan: Tá doido, se pá essa criança tá mais velha que tu então kkk
Eu: Para. Vou cochilar um pouco. Bjs 😘
Bryan: Vai na fé 😉
Fim da conversa.

Coloquei o celular pra carregar e dormi.

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora