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Alexandra Narrando:

Acordei mais um dia vomitando as tripas. Dei descarga no vaso, fechei a tampa dele, me sentei e apoiei minha cabeça na tampa. Eu estava muito fraca pra conseguir levantar. Tenho total certeza que foi o loló que baforei  ontem no baile. Fiquei colocada, briguei com Bia, não aguento mais ela me mandando fazer um maldito teste de gravidez. Só pode tá louca, grávida? Eu? Nossa, que viajem.
Levantei, escovei os dentes e fui pra cama.
Fiquei rolando de um lado pro outro, meu estômago embrulhando, minha boca seca, querendo água gelada.

Fui na cozinha, bebi um copão de água, outro de coca e sentei na sala.
Abri o whatsapp e tava lotado de mensagens, abri logo a conversa de Bia.
Conversa do whatsapp:
Be Atriz🐟: [09:15]
Foi mal por ontem, mas eu não tô aguentando mais filha. Vai logo fazer um exame pra tirar a dúvida da nossa mente. Tô velhaaaaaaaa contigo.
Eu: Eu nn to com duvida nenhuma, não tô grávida e fim 😤
Be Atriz🐟: Vamo no milkshake então, anda, to descendo.
Fim da conversa.

Fui no meu quarto, coloquei um vestido de alcinha, justo, estampado e com as costas pelada, calcei meu chinelo da Carmem Stefans, coloquei dinheiro na capinha do celular e fui.
__ Que demora porra – João bateu na minha cabeça.
__ Que folga, vai trabalhar, tá faltando serviço na boca é? – Bufei.
__ Não começa em – Bia virou os olhos.
__ Teu pai me colocou pra ralar ontem e me deixou de boa hoje, vai entender né – Balançou a cabeça negativamente.
__ Tem que te dar folga nenhuma – Arqueei a sobrancelha.
__ É porque ele vai lá em casa hoje mi, fala com meu pai – Bia falou contente.
__ E precisa? Uma mulher velha dessa, com a perereca cheia de Cabelo, querendo pedir autorização do pai pra namorar – Falei já rindo horrores.
__ A perereca dela não tem Cabelo não, linguaruda – João falou e nos rimos.
__ Ah, sai fora vocês – Falei e fui andando na frente.

Sentamos nos bancos do lado de fora e ficamos olhando os sabores.
__ Olha quem vem. Mereço – Bia virou os olhos e eu olhei de rabo, era a Clara.
__ Nossa, esse encosto vai ficar me perseguindo agora? Que cu – Retruquei.
__ Mulher é um bicho doido. Para de fofoca  – João olho pra nós.
__ Até parece que tu não ama ouvir – Arregalei os olhos.

__ Oi migas, posso sentar com vocês ? – Clarinha perguntou.
__ Claro filha, da em nada. Não mando em nada aqui – Falei olhando pra lojinha.
__ Ih grossa – Fez bico.
__ Controla as emoção – Arqueei a sobrancelha.
__ Aí que saudade do meu boy – Suspirou.
__ Controla as emoção – Bia falou.
__ Que foi em? Vocês tão chatas – Cruzou os braços.
__ Não ue, só não fica pagando de paixão pra homem não. Porque só toma no cu – Bia deu de ombros.
__ Olha quem falou – Falei rindo.

Pedimos o milkshake e ficamos trocando altas idéias. Bryan ligou pra Clara, ela disse que tava com nos, na mesma hora ele já mandou ela ir pra casa dele. Fiquei de cara.
__ To cheia igual – Bia passou a mão na barriga.
__ Nem fala, to lotada – Respirei fundo.
__ Milagre, nunca tá satisfeita – João falou e eu Resmunguei.
Pagamos a conta e fomos indo embora, comecei a ficar tonta de novo, minha pressão parece ter caído, segurei no ombro de Bia e fechei os olhos.
__ Tu ta bem Alexandra? – João me olhou.
__ To um pouco tonta – Falei baixo.
__ Vamo lá em casa até tu melhorar – Apontou pra casa dele e ele e Bia foram me guiando.

Ele abriu a porta e Bia me sentou no sofa.
__ Mãe – Ele chamou.
__ Oi – Respondeu longe.
__ Corre aqui – Falou e ouvi os passos longe.
__ Meu Deus! Alexandra, tu tá branca menina – Levou a mão na boca.
__ Tia, eu sou branca tia – Falei baixinho.
__ To dizendo que tá russa, pálida – Sentou do meu lado e começou a colocar a mão no meu rosto, pescoço, testa.
__ Bia, pega uma água com açúcar pra ela que eu já volto – João falou e saiu correndo.
__ Água com açúcar nada, a pressão tá baixa, tem que ser sal – A tia levantou e foi atrás.
Ela trouxe um copo de agua, e a vasilha de sal.

Peguei uma pitada e coloquei em baixo da língua.
__ Amiga, tu tá demais já em, não vou falar mais nada – Bia suspirou.
__ O que que tá acontecendo meninas? – Olhou pra mim e depois pra Bia.
__ Nanada não tia, to de boa – Gaguejei.

Encostei cabeça no sofá, fechei os olhos, senti o sofá afundar, era Bia, apoiou minha cabeça no ombro dela.
Depois de algum tempo, ouvimos a porta abri no maior desespero, era o João.
__ Toma, vai fazer essa parada logo – Jogou uma sacola em cima de mim.
__ Fazer o que gente? Me fala logo – A tia perguntou impaciente.
__ Teste de gravidez – João olhou pra ela e então arregalei os olhos.

__ Tá doido? Eu não tô grávida – Interrompi os dois.
__ Faz logo, antes que eu conte pros seus pais – A tia deu de ombros.
__ Para por favor gente, eu não tô grávida, eu sei – Balancei a cabeça negativamente.
__ Então esfrega isso na nossa cara, vai lá – Bia me empurrou de leve.
Olhei pra sacola, apertei a mesma, respirei fundo e fui.

Neste momento, meu coração começou bater acelerado igual carro de fórmula 1, minhas mãos começaram a soar. Fui pro banheiro, tirei o teste da embalagem.
Fiz o que pedia, segurei o mesmo, fechei os olhos e fiquei esperando um tempo.
Comecei a sentir um turbilhão de coisas, raiva de mim, raiva do Bryan, raiva de tudo que aconteceu.
Abri os olhos, sem acreditar, fechei de novo umas quinhentas vezes, pra ter certeza, que estavam ali as duas lista, tão fortes que estava até gritante, nenhuma fraquinha, pra poder me deixar com um pingo de esperança de ser mentira.
Segurei o teste bem perto dos olhos, eu queria sumir, queria ficar tão pequena quanto um grão de arroz, e desaparecer. Não iria sair desse banheiro nunca mais na minha vida. Eu vou ficar pra sempre aqui, até morrer. Ou então eu me mato, sei lá.
Meus olhos começaram a se encher, eu fiquei ainda mais gelada do que antes, eu tremia feito uma vara verde, sentei no chão, no cantinho, apoiei a cabeça no joelho e comecei a chorar em silêncio, pedindo a Deus que me levasse, eu não queria mais estar aqui, como meus pais vão reagir? Oque eu faço ?

__ Alexandra, tá tudo bem? Abre aqui – Bia bateu na porta.
__ Me deixa sozinha – Sussurei.
__ Abre Alexandra, abre agora – Gritou.
__ Não.
__ Abre essa porra dessa porta  Alexandra – Deu umas batidas de leve.
Eu precisava tanto, tanto, de um abraço, me levantei de vagar e abri a porta, a Bia entrou e então Tranquei de novo.
Ela só fez olhar o teste em cima da Bia e caímos juntas abraçadas, chorando, nossas lágrimas se misturaram, eu apertava tão forte os braços dela, queria fugir, correr, mas eu precisava tanto estar ali, sendo abraçada por ela.
Ficamos ali, as duas sentadas, perdidas, entre lágrimas, soluços, e um abraço que era a única coisa que parecia me conforta um pouco naquele momento.

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Primeiro capítulo do ano e nos tá como? 😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱

Nicotina - Livro BônusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora