14. Maleta marrom

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— Não está sendo muito pessimista? — Maurício reassumiu uma postura séria.

— Não sou pessimista — Low respondeu indignado, lembrando que já dissera isso ao professor várias vezes. — Eu sei qual a pior coisa que pode me acontecer, e posso aceitar isso. Não quero aconselhar o Elliot a fazer o mesmo, e também não quero forçá-lo a fazer o que não quer.

— É tão imprescindível assim partir logo?

— Elliot só está aqui agora porque agi rápido — Low rebateu de pronto.

— Eu sei — disse Maurício, como se estivesse desculpando-se. — Mas você só agiu rápido porque foi necessário. E agora? Qual o motivo de tanta pressa? E do jeito que está falando, me parece que seu plano contém muitas falhas. O que acha de esperar alguns dias e trabalhar nos detalhes com mais calma?

Low desviou do olhar do amigo e voltou-se para o celular na mesa. Sua expressão dura se anuviou e as pupilas correram para um canto, enquanto a cabeça se elevava alguns centímetros. Já conseguia pensar nas vantagens que poderia conseguir se seguisse essa sugestão.

— Vou pensar — respondeu, observando mais uma vez o amigo e depois reclusando sua atenção ao celular, indicando que a conversa estava encerrada.

Maurício entendeu a mensagem, assentiu e saiu bocejando.

Maurício entendeu a mensagem, assentiu e saiu bocejando

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Elliot estava agachado à beira do rio outra vez. Haviam-se passado quatro dias e eles continuavam na chácara. Como Low não informara um prazo para ir embora, ele aproveitaria até lá.

Ouviu passos no cascalho denunciando a aproximação de alguém, no entanto não se moveu de seu posto, nem desviou o olhar da água.

— Elliot.

O garoto se levantou em alerta, virando-se para o homem e erguendo a cabeça para encará-lo.

— O que está fazendo? — Low indagou.

— Esperando o rio esquentar. — Estava nervoso, tentando descobrir o que fizera de errado. Vendo que a expressão séria de Low não se alterara, acrescentou: — É que... não sei quando vamos embora, então... se der tempo, eu queria ver como vai ficar. Mau falou que vai me ensinar a pescar.

Não sabia o que mais deveria dizer para desanuviar a seriedade ainda firme na face do adulto.

— Escute — disse Low. — Vamos ficar mais alguns dias, talvez semanas. Sara e o meu tio estão vindo para cá.

O harmínion não pôde conter o florescimento de um sorriso de felicidade. Junto com ele também surgiu uma enorme animação.

— Mas deve manter em mente que ainda iremos embora. Quando chegar a hora, por favor, obedeça sem questionamentos. É para o seu bem.

Elliot estava tão contente com o prêmio que ganhara que aceitaria qualquer imposição.

— Tá! — Deu dois passos rápidos para frente, querendo abraçar Low, porém escondeu o sorriso de repente, parando de avançar ao lembrar que ele não gostava de abraços e que era preciso agradá-lo.

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