Capítulo 33

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- Como está? - Mostrei para ele o terceiro vestido do dia. Não que eu fosse desse tipo de mulher, na verdade quando gostava de algo era aquilo ali que levava. Mas, desta vez era diferente. Eu queria estar deslumbrante. Ah, como eu estava nervosa. Só podia estar próxima a ficar nos tais dias. O estresse estava impreguinado em mim durante a semana.

- Belíssima. - Colocou as mãos no bolso. A moça da loja olhou-me de cima a baixo como fizera quando cheguei antes de Dominic. Agora, eu esfregava na cara dela o fato de poder levar três vestido da loja cara se quizesse. Não com meu dinheiro claro.

- Disse no primeiro e no segundo. - Cruzei os braços sentindo meus seios doloridos. - Tem como mudar a fita, ou deseja que eu vista mais cinco?

Ele negou com a cabeça levando isto com graça, o que não faria se fosse há  um mês atrás.

- Pode provar até dez. Eu direi a mesma coisa. - Provocou.

Abaixei os braços ficando dês costas para ele. Fitei minha imagem no espelho gigante. Estava sobre um palquinho redondo. A loja toda branca parecia uma loja de noivas, mas na verdade era somente de marcas.

Vermelho como o sangue, com mangas apertadas e caídas nos braços. Não. Aquele não seria.

- Vou levar o preto esvoaçante. - Girei para descer levantando o tecido para não o pisotear.

A loira assentiu sorrindo forçado, pegando o vestido com cuidado e levando-o para dentro.

- Não vai ter ajustes? - Ele indagou. Neguei com a cabeça.

- Não. Não vai precisar. Vou me trocar. - Encaminhei-me ao provador sem esperar mais comentários e deslizei o tecido ao abrir o feicho sem ajuda mesmo com certa dificuldade. Ele caiu ao meus pés e o peguei pendurando num cabide, e depois de tempos analisar meu corpo no reflexo.

Sentia-me diferente. Estranha. Levei a mão ao meus seios e fiz uma careta ao senti-los doloridos. Analisei meu rosto. Pálido. Com algumas espinhas.

Estava na época de descer? Sempre perdia-me mesmo sendo um tanto regulada.

E não estava regulada.

Um frio tocou meu estômago.

Quanto tempo não me sentia cem por cento bem com comidas? Fazia realmente dois dias? Ou...Duas semanas? O choque veio tão forte quando se foi. Eu tinha trago bolsa? Sim! Estava no carro dele. Havia me esquecido dela.

Passei o short por minhas pernas sentindo um desespero abraçar-me com força. Peguei o sutiã tentando não aperta-lo demais e vesti a blusa.

Tentei não prestar atenção no hambúrguer que decidiu no meu desespero revirar-se desconfortávelmente no meu estômago.

Abri a portilha e vi um Dominic sentado mexendo com seriedade no celular.

- Pode me emprestar a chave do carro? - Ele franziu a sobrancelha loira. - Lembrei que esqueci a bolsa nele. Preciso dela.

- Tudo bem. Tenho que acertar com Danúbia. - De seu bolso saiu a chave. Balançou entre os dedos antes de entrega-la a mim.

- Vai demorar?

Negou.

- Não. Basta assinar. Mas, irei pergunta-la uma coisa. Pode ir lhe encontro logo. - Assenti vendo-o seguir para dentro do que seria o local de pagamento.

Corri para fora como uma velocista. Do outro lado da rua o alarme apitou.

Puxei a porta ao destranca-la e sentei no banco ao lado dele. Arrepiei-me por inteira. Apertei o botão subindo o vidro e sentei-me de lado vendo minha bolsa jogada no banco de trás. A joguei em meu colo abrindo o feicho sem delicadeza buscando o que seria minha salvação. Já tinha acabado. Isto eu sabia. Só precisava ter certeza.

A InfiltradaWhere stories live. Discover now