Capítulo 28

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Primeiro recebi um uniforme novo, segundo ganhei a pior recepção de todas, e terceiro, transei com Dominic na sala de vigilância. Tudo isso em três dias de nova função.

Nada acontecia, além de ligações de Sam dizendo que fariam uma nova reunião no final de semana que viria. Joshua querendo algo a mais de mim além da mesma historinha de: "Eu vi um suspeito durante o protesto e fui atrás dele e não pude voltar" invés de um: "Eu vi Dominic o cara que é meu chefe, achei estranho e fui atrás dele, seu primo é racista e não pude voltar, entrei num hotelzinho e descobri o motivo de ele me tratar mal, fiquei puta com ele a gente brigou, fui embora encontrei Sam e ele me disse que a família dele é antiga e faz parte do Klan"

Belo de um resumão.

Às vezes queria voltar no tempo, porque não sei se é mais complicado agora que sei por que Dominic fez hora com minha cara, ou se era melhor não ficar sabendo e continuar transando com ele sem preocupações evidentes.

Somente com um envenenamento e a troca de tiros num sala velha e fedorenta de arquivos.

(Ah! E a boate de acompanhantes).

— Vai continuar olhando para as câmeras?

— Vai continuar me encarando durante as rondas? — Retruquei.

Dominic estava colocando o cinto enquanto ajeitava meu cabelo que deveria estar uma bagunça.

Três dias e nada além de salas novas e homens que me olhavam torto. Via-me cansada de girar feito uma barata pelo lugar, meu reconhecimento da área me ajudava é claro, mas também não me dava nada novo além de nome de pessoas velhas.

A sala de segurança estava sendo um ponto de encontro enquanto a vigia saía.

Senti um beijo em meu pescoço. Duas mãos apertando minha cintura, e minhas pernas bambas depois daquele sexo.

— É difícil não olhar. — Respondeu.

Sorri olhando e puxando minha camiseta.

— Admita, você sente falta de mim na sua sala.

Dominic olhou-me com aqueles azuis maliciosos e cada vez que eu o olhava menos acreditava na sua falsa índole.

— Devo admitir que às vezes sim.

E novamente o ser de antes sumia e ele conseguia ser doce e calmo como uma onda no mar.

— Pensei que a nova secretária estava dando conta. — Joguei os cachos para trás.

Dominic virou-me para mim, um sorriso leve estava em seu rosto e o brilho das telas o deixava bonito.

— Nenhuma secretária atira em bandidos ou me provoca como você.

Meu coração acelerado quase tampou minha audição.

De vez em quando esquecia que meu chefe era a pessoa mais estranha e bipolar de todas, e que no mesmo tempo que falava coisas normais ou contava sobre sua vida, também era arrogante e turrão. Ele era uma verdadeira tempestada.

— Você tem que ser assim mais vezes. — Levei a mão para seu rosto deslizando os dedos por dentre sua barba dourada.

— Assim como?

Estava preste a repetir verbalmente o que não devia.

— Apaixonante.

E de repente um choque pareceu acerta-lo com força.

Seus dedos apertaram como se fosse doloroso para ele.

— Não deveria.

A leveza no ar fez-me sentir mal por ter que aproveitar aquele momento.

— Eu vejo algo diferente em você, porque não deveria? — Senti um bolo formar-se em minha garganta. — Você me ajudou no parque, mesmo quase me fazendo pular daquele carro, você foi doce comigo no mesmo carro, e está sendo agora. O que tanto esconde?

Seu rosto tornou-se uma mascara.

Queria que ele abrisse a boca e dissesse que sua família era uma família de vespas, queria prender aquele que poderia ser o possível mandante e ficar com ele.

Ficar com ele.

Quase dois meses e o que havia conseguido era nada além de uma paixão platônica (ou perigosamente não), com meu chefe, e belos dias de foda no carro, apartamento e ultimamente no trabalho.

— Eu não escondo nada Margareth, você que parece esconder, a algo em você que não faz sentido, que atraí e vai ao encontro do perigo. — Falou sério.

Esse era meu trabalho.

Por um breve instante ali com ele me envolvendo senti minha língua saltar em minha boca, para começar a despejar sobre a minha missão que todas as vezes que estava com ele parava ou era esquecida por mim. Que então Joshua decidia falar algo e Sam me mandar pistas.

— Você que me levou até ele nas duas vezes lembra? — Soltei com sarcasmo. — por que acho que termos tido um assassino aqui e ajudar o chefe a descobrir sobre ele, numa boate a fantasia no meio do dia da independência, e atirado nuns caras não fazia parte do meu expediente.

Ele sorriu de modo magnifico e desceu a boca até a minha orelha.

— Se arrepende Senhorita Margareth? — Mordiscou-a. — Pensei que a mesma noite não tinha lhe dado motivos para arrependimentos.

— Há uma semana bateu sim. — Atirei.

— Você mereceu um breve castigo... — Sua cabeça levantou. Seus olhos piscaram.

— Aham, mas...

— Espere. — Ele soltou-me de repente apoiando os braços sobre a mesa e analisando uma das pequenas tv's.

Procurei o que seus olhos tanto fuçavam. Em uma delas e de repente outras duas, havia uma movimentação estranha. Dois homens se apressavam andando pelo lado de fora nas laterais do capitólio.

— Prepare a arma, comunique por rádio ao corredor 9 do segundo andar, mande eles entrarem nas salas com varandas para a parte central.

Assenti sem dizer nada. Seu tom não deixava dúvidas de que o Senhor Dominic agora estava no comando.

Levei a mão ao bolso fechando a mão envolta de rádio comunicador.

Levei-o a boca dando as mesmas instruções recebendo um "certo" desgostoso.

— Como acha que entraram aqui?

Dominic parecia repentinamente a ponto de entrar em combustão espontânea por estresse.

— Irei ver isso, depois de pega-los. — Respondeu entre os dentes antes de sair pela porta e puxar-me dando de cara com um corredor vazio.

Mais que horas seria agora?

A minha frente o loiro andava em passos largos.

Como era possível eles entrarem pela segunda vez enquanto eu estava aqui? Desde que me entendia por gente fui alienada a acreditar que aquele era um dos lugares mais seguros dos Eua.

Passos ficaram mais fortes. Homens vestidos de preto passaram por nós como se marchassem. O meu modo viagem não percebeu que o homem alto a minha frente carregava algo do tamanho de um pen drive na altura da boca.

— Vamos descer. Já acabou o expediente, muitos já foram para casa, então posso fazer mais movimentações.

— Está certo. — Segui seus passos velozes até o primeiro andar, o andar todo já me era conhecido. Ele tomou um rumo para a lateral do prédio, o meu rádio apitou.

— Johnson na escuta?

Parei repentinamente.

— Na escuta.

— Não há suspeitos no prédio. — Chiou — Desligo.

Algo como aranhas percorreu minhas costas.

— Como não?! — Exclamei. Meus olhos se levantaram encontrando um Dominic vermelho, e não era de vergonha. — São fantasmas por acaso?

— Não Margareth, longe disso. 

A InfiltradaWhere stories live. Discover now