Capítulo 143

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No dia seguinte Sophia não estava com a cara muito boa pra começo de conversa, entrou no carro partindo a reabilitação, Micael a incentivava em qualquer minuto.

- Gostei do casaco.

- Obrigada - encarou sua frente.

- Eu vou ficar te esperando...

- Não precisa - disse dura.

- Não importa, eu vou - continuou a dirigir.

Micael parou na frente do lugar onde seria o grupo de apoio, tentou falar com Sophia mas a mesma saiu rápido do carro batendo a porta, o medo tomava conta.

Entrou no galpão empurrando a grande porta de ferro, o pequeno teatro que tinha com um palco polido em madeira fina foi estudado pelos olhos da loira, o círculo de cadeiras a esperava junto com algumas pessoas que estavam ali. Ela procurou uma se sentando.

Balançava os pés nervosa, fez isso várias vezes enquanto o resto do pessoal chegava. Todos foram aos seus lugares.

- Bom dia a todos, meu nome é Katherine, mas pode me chamar de Kate - a mulher com um coque frouxo sorriu - todos já sabem como funciona a nossa conversa?

Todos assentiram, menos Sophia.

- Perdão, sua primeira vez aqui? - encarou os olhos azuis da menina.

- É, sim - estava com vergonha de falar.

- Ótimo, então pode começar - deu espaço a Sophia que negou com a cabeça não querendo falar.

Não tinha escapatória, tinha que falar.

Engoliu seco vendo os olhares da rodinha encararem sua face, respirou fundo e deixou que sua emoção falasse por si.

- Meu nome é Sophia Abrahão, eu perdi meus pais quando era muito nova - pausou - morei com a minha tia e tive depressão, uma longa e torturante depressão.

Todos a olhavam.

- A dois anos atrás eu sofri um acidente de carro que me deixou sem o movimento das pernas, alguns nem queiram acreditar por eu estar andando agora mas sim, é verdade - pausou novamente - tive meus movimentos graças ao meu noivo que me doou uma medula. Fazia tempo que eu não tinha uma recaída de depressão, eu pensei que tinha me curado, mas não me curei - encarou o chão querendo chorar - ontem tomei dois remédios querendo me matar, e meu noivo chegou a tempo, foi terrível.

- E por que essa recaída logo agora? - um menino levantou a mão fazendo sua pergunta.

- Eu não gosto de ficar sozinha - silabou - eu sinto um frio enorme e fico muito triste, eu não quero ficar sozinha novamente, eu preciso de alguém do meu lado, de verdade.

O menino apenas assentiu entendendo o grave da resposta.

- Ótimo que tenha falado sua história, Sophia - Kate sorriu - o próximo ou próxima, por favor.

- Eu - a menina de cabelo preto com mechas levantou os braços - injetei insulina ano passado na minha veia, fiquei em estado grave no hospital, um tipo de vegetação precoce - riu leve - minha mãe rezava tanto que eu realmente pensei que ela estava doida da cabeça.

Todos riram assim como Sophia que deu um risinho escutando histórias de outras pessoas. Seu caso era grave mas comparado com quem estava ali, meu Deus.

- Sophia, eu gostaria de falar com você - Kate andou até ela, todos já se arrumavam indo embora.

- Algum problema?

- Queria dar as boas vindas direito - sorriu - espero que tenha gostado do nosso encontro.

- Eu gostei sim, são todos legais e com os mesmos problemas que eu - riu leve.

- Quero que se sinta em casa pra falar, quando tiver algo pra falar - sorriram - qualquer coisa pode me ligar - entregou um cartão a Sophia que leu - até a próxima.

- Até - guardou o cartão saindo do galpão.

Viu o carro lá, estacionado, Micael não tinha ido a lugar algum. Sophia andou até o veículo e entrou, o moreno sorriu.

- Como foi lá?

- Foi legal - estava mais solta - eles são...

- Você gostou? Se abriu com alguém?

- Eu contei tudo que tinha pra contar, foi até bom - respirou fundo.

Micael sorriu feito bobo, tinha dado certo.

- Você vai vir nas outras reunião, não é?

- Vou sim, Kate me entregou um cartão caso acontece alguma coisa.

- Quem é Kate?

- A administradora.

- Hum - voltou a dirigir - quer passar em algum lugar? Podemos almoçar fora hoje.

- Pode ser - sorriu ao moreno que fez o mesmo.

Tudo dando certo.

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