Capítulo 89

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- Micael, Micael - Sophia o chamou cutucando seu ombro - amor, acorda.

- O que houve? - disse ainda sonolento.

- Está escutando? - encarou ele que abria lentamente os olhos castanhos.

- Escutando o que?

- Um chorinho bem fino.

- Chorinho bem fino? - franziu a sobrancelha - de onde tirou isso?

- É sério, esse barulho me irritou e eu não consigo mais dormir.

- Meu amor, acho que você sonhou... - o moreno parou, realmente havia um chorinho fino vindo de algum lugar.

- Tem certeza que eu sonhei?

- Deve ser a vizinha, sei lá - se acomodou no cobertor novamente - vamos voltar a dormir.

- Eu não consigo, está me agoniando - disse mais uma vez - se importa de ver o que está acontecendo, parece bravo é desesperador.

- Você quer que eu olhe aonde? Na tubulação da casa?

- Na janela, em qualquer lugar. Eu quero que isso pare - forçou os olhos tentando amenizar o som.

Micael com muita força de vontade levantou, calçou o chinelo que estava perto da cama e pegou um moletom vestindo, se espreguiçou e andou com muito sono até a porta da frente, destrancou e abriu tendo o maior espanto de todos.

- Puta que pariu - grunhiu olhando o montinho enrolado, parecendo um burrito.

Era um bebê com alguns meses de vida, era clichê demais vê-lo em uma cestinha todo enrolado naquele frio, Micael queria matar o desgraçado ou desgraçada que tinha feito aquilo. O chorinho fino era de desespero, o bebê remexia as mãozinhas impaciente querendo algum conforto.

Micael encarou os lados da sua prevendo que acharia ninguém, mas estava deserto. Pegou o bebê com um pouco de medo e desajeitado em seu colo tranquilizando, arrastou a cesta pra dentro de casa e fechou a porta. O bebê estava com a pele fria demais.

- Sophia - andou com a criança no colo até o quarto.

- Conseguiu acalm... - parou ao ver o bebê no colo do namorado.

- Estava na porta, chorando em uma cestinha.

- Estamos em um filme, com certeza.

- Ainda existe isso? Parece que estamos no século passado - sentou-se na cama olhando a criança que agora tinha cessado o choro.

- O que vamos fazer com esse bebê?

- Vamos ir na polícia daqui, fazer uma denúncia e achar os pais.

- Você acha que vai ser tão fácil assim? Abandonaram um bebê na porta, Micael isso é sério.

- Eu sei meu amor, mas se levarmos amanhã a polícia vai achar que roubamos o bebê, ou sei lá, vai culpar a gente por alguma coisa.

- Levando hoje vai dar em alguma coisa?

- Você quer ficar com ele?

- NÃO! - gritou - ele não é meu e muito menos seu.

- Por que você não fala ele não é nosso, soaria bem mais fácil.

- Ia ficar com medo da sua reposta.

- Ok - respirou fundo encarando o bebê - vamos ver o que iremos fazer com você, mas não chora.

- Como se ele entendesse o que você quer dizer.

- Acho que isso ameniza - voltou a sala pegando a cesta, colocou o bebê lá dentro novamente e levou até o quarto. Deixou em cima da cama e ajudou Sophia colocando ela na cadeira.

- Ele é bonitinho até.

- Você está morrendo de vontade de pegar.

- Não estou não, eu dispenso essa parte.

- Quer sim - pegou o bebê - ele não vai fazer nada, pegue.

- Micael eu não quero.

- Sophia!

- MICAEL EU NÃO QUERO - gritou fazendo a criança dar um belo choro, ficou assustado.

O moreno não tinha entendido a reação de Sophia, foi como colocar algum cão bravíssimo perto dela, super estranho.

Lá estavam os dois, quer dizer os três indo a caminho da polícia de Telluride Colorado. O bebê atrás na cestinha totalmente forrada, Micael tinha reforçado antes de saírem. Sophia não tinha uma cara muito boa, se sentiu desconfortável com a situação.

O GPS tinha ajudado a chegarem, Micael estacionou e disse a Sophia que voltaria rápido, ela não quis esperar no carro, queria ir junto.

Entraram na polícia, Sophia levava a cesta e Micael o bebê em seus braços que agora dormia.

- Pois não, em que posso ajudar? - a balconista com uma farda diferente sorriu aos dois.

- Eu quero fazer uma denúncia - o moreno prosseguiu - não somos daqui, somos de Denver e viemos a passeio. Estou ficando em uma casa e quando acordei tive essa surpresa - mostrou o bebê e Sophia levantou a cesta pra que pudesse ver.

- Abandono? - a balconista pegou o telefone discando alguns números rapidamente - não saiam daqui, e esse bebê vem comigo - pegou com cuidado a criança dos braços de Micael.

O segundo dia de viagem já tinha ficado agitado.

As Sessões - The SessionsWhere stories live. Discover now