Capítulo 44

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Micael estava nervoso enquanto andava de um lado para o outro no corredor imenso do hospital, as enfermeiras passavam uma conversando com as outras mas nenhuma parava pra lhe dizer informações de Sophia, nenhuma. Iria ficar louco se esperasse mais alguns minutos naquele silêncio.

- Você é Micael Borges? - o médico de cabelo grisalho o parou.

- Sim, notícias da Sophia?

- Ela está bem, sedada mas bem - sorriu - ela teve uma crise de pânico, já é a quarta só nesse laudo.

- Quarta? - franziu a sobrancelha.

- Sim, da primeira vez estava com Karen Wisher, da segunda vez também e da terceira com Alisson Marie. A quarta foi com você - olhou na prancheta.

- Como são esses surtos, doutor? - cruzou os braços.

- Eles são flashes do acidente que ela estava, o corpo dela fica em pânico quando gritam ou acontece algo desnecessário, algo que a deixe muito triste. Algo que ela não consiga prosseguir por conta dos problemas - explicou - a mente surta e ela não consegue controlar, as imagens atormentam a cabeça dela.

- E tem algum tipo de tratamento pra isso?

- Eu recomendaria uma psicóloga, ela precisa se abrir - pausou - é um choque que infelizmente vai atormentar ela, são os efeitos colaterais, como nós dizemos.

- Entendo - Micael balançou a cabeça - certeza que ela está melhor mesmo? Onde ela está?

- Está lá em cima, dormiu com os calmantes que demos na veia, não vai demorar muito pra acordar. Mas por precaução eu quero que ela fique em observação hoje.

- Tudo bem - Micael assentiu - eu posso ver ela?

- Claro, me acompanhe - andaram até o elevador - você é namorado dela? - o médico encarou a prancheta não querendo ser discreto.

- Eu sou o cuidador dela - engoliu seco, doía falar que ele não era namorado de Sophia.

- Que ótimo, ela precisa de alguém - levou Micael até o quarto - fique a vontade, qualquer coisa é só apertar o botão do lado da cama - sorriu e saiu.

Micael entrou delicadamente no quarto frio e com cheiro de éter, Sophia tinha as pálpebras fechadas e a respiração bem leve, estava mais calma por conta dos remédios. As mãos ao lado do corpo, os cabelos esparramados no travesseiro, o vestido em que usava em uma poltrona encostada na parede. Estava bem e sedada, Micael não gostava de vê-la assim, dormindo sob efeito de remédios.

- Você vai ficar bem - encostou sua mão na cabeça de Sophia - vai ficar tudo bem - repetiu mesmo não tendo resposta.

Buscou a poltrona colocando perto da cama, sentou-se nela e pegou o celular que vibrava irritante.

- Oi Karen.

- Onde vocês estão?

- Eu estou no hospital.

- HOSPITAL? - gritou - O que aconteceu? Sophia está bem?

- Está tudo bem, Karen - pausou - ela teve uma crise de pânico, mas já está tudo bem.

- As crises - silabou muito baixo mas Micael conseguiu ouvir.

- Pode passar aqui? Precisamos conversar.

- Eu chego aí em minutos  - desligou a ligação, isso foi bom, Micael não queria ficar no telefone.

Queria sondar o sono de Sophia até que ela acordasse, ficou mexendo em seus cabelos e decretando que estava tudo bem.

Demorou mais que vinte minutos até Karen aparecer, Micael foi chamado pra fora da sala já que duas pessoas não podiam entrar. A loira estava preocupada e ao mesmo tempo com cara de culpada.

- Me desculpe mesmo eu...

- Karen, como você não me avisou sobre isso?

- Eu esqueci, tá legal? - bateu as mãos na coxa - faz tanto tempo que ela não tem isso, nem passou pela minha cabeça.

- Acontece que poderia ter acontecido algo pior.

- Esses surtos que ela tem são muito raros, obviamente aconteceu alguma coisa pra ela lembrar - cruzou os braços - onde estavam?

- Ela queria sair pra jantar, eu levei ela no restaurante que queria ir, a gente chegou lá e o cara não viu uma mesa com duas cadeiras porque Sophia estava na cadeira de rodas, ele se recusou.

- Vergonha - pausou - o motivo do surto foi vergonha.

- Então se ela sente muita vergonha...

- O surto aparece, geralmente vem em casos mais complicados, a vergonha é uma delas.

- Precisamos arrumar um psicólogo, urgente.

- Sophia não vai querer se abrir pra um psicólogo, tenho certeza.

- Como tem certeza?

- Porque eu sei do que ela é capaz - cerrou os olhos - você vai passar a noite aqui?

- Vou sim, pelo visto ela só vai ter alta amanhã de manhã.

- Ok, então - apertou a bolsa nos ombros - eu não vou poder ficar, mas assim que ela for pra casa eu passo lá.

- Voltando da faculdade?

- E indo pra casa de um ficante - fez uma careta triste cômica, Micael riu - transa casual, foi mal.

- Tá tudo bem - sorriu aliviando Karen - curta sua transa, Sophia está bem, fique tranquila.

Karen agradeceu Micael com um abraço, acenou pegando o elevador e indo para o seu encontro casual.

Agora era só Micael, esperando Sophia.

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