Capítulo 74

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- Hum, posso experimentar seu croissant? - Karen mordia a coxinha em que comia.

- Meu Deus Karen, de onde tirou tanta fome?

- O café do Micael me deu fome - explicou lambendo os dedos.

Falando nele, tinha aparecido na mesa em que estavam.

- Fazendo uma boquinha?

- Karen que implorou pra gente comer - Sophia revirou os olhos.

- E você também está comendo - Micael brincou.

- Eu não quero mais, de verdade - empurrou o prato com a metade do croissant.

- Posso comer então? - Karen entreolhou a amiga que estava boquiaberta.

- Como foi lá com o doutor Price? - Sophia encarou Micael.

- Ele queria me chamar pra fazer parte do time.

- Vão jogar futebol? - a loira que agora comia o croissant encarou os dois.

- Ele tecnicamente me chamou pra trabalhar aqui.

- Micael, isso é ótimo - Sophia sorriu - e por que não aceitou?

- Não quero te deixar sozinha, você sabe.

- Oh, gente, eu estou comendo - Karen bateu os pés.

- Mas você vai aceitar, diga que sim - sorriu.

- Meu amor, eu ainda não sei - olhou ao redor - esse lugar é meio, sei lá.

- Muita gente de classe andando perto de você?

- Exatamente - sorriram - eu ainda vou pensar, tem muito tempo.

- Pense direito, por favor - Micael beijou Sophia que sorriu durante.

- Quer saber? Vamos embora - Karen se levantou.

- Matou a sua fome de cinquenta e quatro leões? - Sophia perguntou debochada.

- Ainda quero aquele cupcake de estrelinhas, que está ali no vidro - disse calma, Micael arregalou os olhos, o que estava acontecendo?

Acordou com a fome toda.

- Vamos embora, antes que a Karen coma a praça de alimentação inteira - Micael foi de encontro com Sophia administrando a cadeira, Karen namorava o cupcake que continha confeitos de estrelinha.

Entraram no carro partindo pra casa de Sophia, quando chegaram Karen fez questão de entrar em sua caminhonete e ir pra casa. Os dois estavam sozinhos novamente.

Micael tirou a mesa enquanto Sophia o observava.

- Estou com medo - decretou.

- Por que? - abriu a torneira enxaguando as canecas.

- Doutor Price disse que o homem teve alguns problemas, eu não sei direito.

- Está com medo dos problemas dele passar na genética?

- Um pouco.

- Amor, vai dar tudo certo - disse calmo - você precisa ter confiança pra isso.

- Eu sei mas, estou com medo.

- Você já fez diversas cirurgias, não pode estar com medo dessa - a acalmou - vai ficar tudo bem, e eu vou cuidar de você.

- Esperei dois anos pra isso - suspirou - finalmente.

- Eu disse pra você que existem pessoas boas no mundo - se virou sorrindo à Sophia - só basta acreditar.

Acreditar, foi a última palavra antes de Micael deixar a louça escorregar fazendo um impacto dentro da pia.

E sua mão, escorrendo sangue.

- Merda - encarou o tecido da pele em vermelho puro, colocou debaixo d'água aliviando.

- Está tudo bem?

- Está sim, só foi um pequeno corte - não foi não.

- Deixe me ver - pediu.

- Está tudo bem, amor - sorriu falso - vou cuidar disso.

- Me deixe cuidar disso, por favor - implorou - o máximo que eu posso fazer por você, depois de tudo o que está fazendo por mim.

Suas palavras foram tão doces, Sophia tinha uma cara angelical pedindo ao namorado pra que cuidasse de seu machucado. Micael atordoado fechou a torneira, enrolou a mão em um pano de prato apertando até o último, levou Sophia até o quarto e pegou o quite de primeiros socorros dando na mão da namorada, sentou-se na cama de frente a ela.

- Meu Deus - pegou na mão de Micael sujando suas pernas - isso aqui está muito fundo.

- Não está nada - queixou-se - tem tudo o que precisa aí?

- Amor, isso aqui precisa de pontos.

- Não precisa.

- Está com medo, Borges?

- Claro que não - mentiu, estava morrendo de medo - eu não tenho medo de nada.

- Aham - segurou o riso.

- Então, a minha mão vai ficar boa, senhorita Abrahão?

- Vai sim, senhor Borges - sorriu - só precisamos de um bom hospital e de uma boa agulha pra costurar isso.

- Sophia, eu não vou sair daqui pra costurar um machucado de nada.

- Vai ficar com a mão cortada até inflamar?

- Não vai inflamar, sei que estou fazendo - levantou-se indo até o banheiro.

- Micael Borges, não apronte.

- Eu não vou, acredite - e não ia.

Pensando bem, ia sim. Tudo pra fugir de uma agulha.

As Sessões - The SessionsWhere stories live. Discover now