- Você sabe que eu sou contra isso - Micael cruzou os braços vendo Sophia na frente do espelho, tinha uma cinta prendendo a barriga.
- Como você quer que eu case?
- Casando, com o vestido normal, sem essa merda prendendo a sua barriga - disse por fim, estava se cansando de ver ela lá, lutando com algo que estava crescendo.
- Ninguém pode saber que estou grávida, Karen desconfia muito - tirou a cinta se aliviando - entendeu?
- Queria não entender - respirou fundo - eu vou trabalhar, você quer ir pra algum lugar?
- Vou dar uma volta no shopping.
- Nessa chuva?
- Eu peço um táxi.
- Eu te dou uma carona.
- Quer saber? Vou ficar em casa, desenhando meus croquis.
- Agora você vai ao shopping!
- Não vou! - pareciam duas crianças.
- Tá bom, não vou discutir com você. Só não quero que pegue caixas pesadas e nem abuse da sua barriga, e pare de usar essa merda - apontou a cinta que Sophia tinha deixado ao chão - combinado?
- Combinado - andou até ele beijando seus lábios. Fazia tempo que isso não acontecia, viviam brigando.
Micael buscou seu celular e a chave do carro, andou até o veículo, se balançou por conta da chuva gelada que caia lá fora, tinha que ir trabalhar, era uma dor deixar Sophia sozinha.
E ela, era uma dor ficar sozinha em casa sem ter o que fazer. Se não dormia viajava em seus croquis, se não desenhava procurava outro jeito de se entreter. Era difícil, não via a hora de seu casamento acontecer, ia se livrar de mais um peso.
Não que seu bebê fosse um peso, não aguentava mais esconder a Karen sua gravidez, ela tinha que saber, era um crime esconder ela.
Micael tinha chegado ao hospital todo ensopado, o estacionamento por incrível que pareça estava lotado, teve que estacionar ao outro lado da rua, e como não levava guarda chuva no porta-malas...
Sempre se ferra.
- Bom dia, meninas - passou na recepção, tinha três de plantão.
- Bom dia, doutor Borges - uma tirou o headphone podendo o escutar melhor - tenho um comunicado ao senhor.
- Comunicado? - franziu o cenho andando até lá - o que houve?
- A obstetra saiu e estamos procurando outra pra ficar no lugar, doutor Price pediu pra que você indicasse alguém, caso souber.
Puta merda, a ameaça foi longe demais.
- Eu não sei de nenhuma - coçou o maxilar - podem procurar, eu vou conversar com ele depois, ou... É, eu não sei.
- Tudo bem, eu aviso - sorriu docemente.
Tinha perdido até o rumo de onde iria, entrou no elevador pensativo, apertou o botão e esperou até que chegasse. Tinha mandando a obstetra ir pra rua, o hospital não tinha, só alguma provisória. Pensou tanto que até esqueceu de sair do elevador, só se deu conta quando alguém entrou e o cumprimentou.
Saiu do mesmo e foi até a sala de Ethan, precisava conversar com alguém.
- Posso entrar? - fechou a porta quando passou por ela.
- Já entrou - pausou - como você está?
- Estou bem e você? Ou não - sentou-se na cadeira de frente ao amigo.
- Está com algum sintoma, meu bebê? - Ethan tinha que zoar.
- A obstetra saiu do hospital.
- É, eu fiquei sabendo. Mas não sei o motivo.
Ufa.
- Ela era meio estranha, não acha? - Micael estava bem mais aliviado.
- Estranha é pouco, parecia que não gostava de trabalhar. Mas e agora? Como vai fazer pra passar Sophia?
- Eu ainda não sei, vamos procurar em outro lugar ou esperar alguém novo entrar aqui.
- Converse com Gab, ela deve saber onde existe obstetras nessa cidade.
- Em todo lugar tem, mas não quero me ocupar com isso no momento. Tenho coisas a resolver.
- Desculpe aí, menino ocupado - mexeu nos papéis - pode me dizer o que anda acontecendo?
Micael ficou quieto.
- Fui eu, Ethan - pausou - fui eu quem fiz a obstetra ir embora do hospital.
Ethan ficou sem entender.
- O que?
- Eu descobri que Sophia pegou remédios fortes dela, remédios que não são pra ela tomar nessa fase da gravidez.
- E você conversou com ela?
- Eu só dei um aviso mas ela entendeu bem errado, ficou com medo - pausou - estou com medo.
- Medo?
- Sophia pode ter um aborto espontâneo se não se cuidar, a gravidez é delicada.
Esse era seu medo.
CITEȘTI
As Sessões - The Sessions
DragosteRodeada de amigos, Sophia era a mais popular do grupo da faculdade. Em um acidente fatal acaba perdendo o movimento do corpo, tudo que precisava era de um doador para ter seus movimentos de volta, e um fisioterapeuta que cuidasse o máximo. Mal sabi...