Capítulo 4

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- O Micael é estudante, faz fisioterapia - Karen voltou a falar.

Sophia apenas balançou a cabeça, Micael era lindo demais.

- O que vai fazer com Sarah? - Sophia encarou Karen que tinha os braços cruzados.

- Você sabe que Sarah vai ir embora, e não tem ninguém que possa ficar com você.

- Não podia ter escolhido uma mulher? - Micael se sentiu ofendido mas entendia Sophia.

- Ele foi o único que se interessou pelo trabalho, e nós já sabíamos.

Sophia ficou quieta, Karen ficou ao lado de Micael agora.

- Vou dar um pulo no mercado - buscou a chave da caminhonete - aproveitem pra se conhecerem.

Karen piscou e deixou os dois a sós. Micael respirou fundo tentando achar alguma palavra pra trocar com Sophia, sabia o desespero e o nervosismo, ia cuidar da pessoa mais linda que já tinha visto na vida.

- Pelo visto você é meio caladão - Sophia encarou Micael.

- Quero que você não fique desconfortável.

- Não vou ficar, já estou acostumada - cerrou os olhos - Karen deve ter contado toda a história pra você.

- Um pedaço - sentou-se ao lado de Sophia - é um milagre isso ter acontecido, você ainda pode andar.

- Mas preciso de um doador - não gostava de entrar nesse assunto - ninguém nunca entrou em contato com Karen, a única que cuida de mim até hoje.

- E seus amigos?

- Eles não querem ser amigos de uma deficiente - riu leve - é difícil, mas já me acostumei.

Por um instante tudo ficou em silêncio.

- O que fez você virar fisioterapeuta? - estava gostando de fazer perguntas ao moreno, o conforto havia chegado.

- Meu pai também sofreu um acidente quando era jovem, ninguém conseguiu resolver o problema da perna dele - pausou - eu tomei coragem e decidi achar a solução, não acreditava que era impossível.

- E você conseguiu achar a solução?

- Consegui - sorriu - ele não anda como antes, mas consegui melhorar o velho setenta porcento - riram.

- Você já cuidou de outras pessoas? - sua pergunta tinha um certo medo.

- Já, eu cuidei de um garoto, quase da minha idade - cerrou os olhos - foi o primeiro estágio cedido pela faculdade, mas não aguentei ficar.

- Ele era chato?

- Demais, e totalmente mimado - Sophia riu.

- Você é engraçado, Micael.

- Você acha? - ela sorriu - obrigado, é um elogio exótico.

Foi a vez dele sorrir, Sophia se encantou por aquela boca, se suas mãos estivessem prontas já teria voado em cima de Micael.

Escutaram um barulho da porta.

- Deve ser Sarah - a loira avisou e tinha acertado.

Sarah, a antiga cuidadora de Sophia entrou na casa cheia de sacolas, andou até o quarto e viu Micael sentado ao lado da loira, cumprimentou o mesmo e o chamou de canto.

- E aí? Conversaram bastante? - Sarah sorriu.

- Ela é bem tranquila.

- Vou deixar uma lista de tudo que ela precisa, medicações, dias da fisioterapia - gesticulou com as mãos - está tudo prontinho.

- Ela tem algum quarto ou canto que possa realizar as sessões de fisioterapia?

- Tem um quarto a próxima esquerda, Karen adaptou colocando barras e alguns materiais que ela possa usar.

- Ótimo - Micael sorriu - isso é um passo muito grande.

- É sim - sorriu - eu preciso ir, vou me despedir dela.

- Tudo bem, vou esperar Karen e ver o que acontece.

Sarah assentiu e voltou ao quarto, falou breves palavras com Sophia antes de deixar a loira no quarto e ir embora. Karen tinha chegado nesse meio tempo, com diversas sacolas, despediu-se de Sarah.

- Tudo bem por aqui? - descobriu Sophia e ajeitou a loira na cadeira. Micael observava tudo.

- Micael estava contando um pouco da vida dele - Karen arrumou o pescoço de Sophia no encosto da cadeira.

- Ele tem diversas histórias pra contar - levou a loira até a mesa da cozinha.

- Não me diga que comprou aquela sopa orgânica horrorosa - deixou Sophia na ponta da mesa e andou até as sacolas que ficaram no balcão.

- Eu não comprei - riu leve - hoje vamos ter comida de verdade.

- Você deu sorte de não tomar a sopa, Micael - os olhos de Sophia encontraram os de Micael de novo, como pode, estava admirada.

- Como qualquer coisa - explicou, Karen riu antes de tirar a comida pronta das sacolas.

Por fim almoçaram tranquilos, a cada minuto Micael tirava um riso de Sophia, ou vice e versa. O moreno fez questão de lavar os pratos e secar o resto da louça enquanto Karen arrumava Sophia de volta à cama, a hora do seu remédio tinha chegado, junto com o sono.

- Como vamos fazer? - Micael encarou Karen.

- Você diz em relação a que?

- Não vou poder ficar o dia todo com ela, tenho as minhas aulas.

- Ah sim, tudo bem - sorriu - não tenho aula de manhã, eu cubro seu turno enquanto estiver na faculdade. Quando sair já venha direto pra cá.

- Tudo bem - sorriu de leve - Sarah, a antiga cuidadora me deixou uma lista de remédios, estão todos certos?

- Estão sim, só tome muito cuidado na hora da fisioterapia, a coordenação dela está péssima, e ela odeia ir as aulas - Micael riu.

- Já tirei isso de letra - colocou a mão no bolso - ela dormiu?

- Dormiu sim, e enquanto ela dorme eu vou te levar pra casa - sorriram, Karen pegou a chave da caminhonete e andou até o quintal.

Micael saiu da casa com o coração apertado, algo estava o puxando mas não sabia o que.

E ele tinha dúvidas que o nome dela era Sophia.

As Sessões - The SessionsWhere stories live. Discover now