Capítulo 19

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Micael tinha voltado a trabalhar no dia seguinte, era o dia da consulta de Sophia. A loira estava agasalhada já que chovia bastante e o vento era frio, teve um pouco de dificuldade pra colocar Sophia dentro do carro.

- Podemos ir pra casa quando acabar a consulta? - perguntou enquanto Micael passava o cinto de segurança na mesma.

- Karen disse que você gosta de comer Mc Donald's - sorriu e fechou a porta, deu a volta e entrou no seu lugar.

- É mentira dela - ou mentira de Sophia.

A verdade é que Sophia tinha vergonha de ir nos lugares e entrar com a cadeira de rodas, precisar de filas preferenciais e precisar de alguém, não era uma pessoa assim, sempre conseguiu fazer tudo sozinha.

E Micael entendia.

Não demoraram muito pra chegar no consultório particular, Micael tirou Sophia do carro a colocando na cadeira de rodas, passaram pela porta de vidro.

O moreno não podia entrar com Sophia nos exames, mas poderia observá-la pelo grande vidro da salinha em que esperava. Estava mexendo no celular quando escutou o barulho da porta ser aberta.

- Você é o grande Micael? - o médico alto e de cabelo preto cumprimentou Micael.

- Sou sim - sorriram.

- Ela não parou de falar de você um minuto.

Não conseguia mesmo.

- Então, algum resultado? - perguntou aflito.

- Ela me disse que você está estagiando e faz exercícios diários - ele assentiu - isso é excelente mas acontece que Sophia é preguiçosa, os músculos dela estão atrofiando.

- Já era pra ela ter sentido alguma coisa.

- Eu daria uns três meses pra pelo menos alguma coisa voltar a funcionar.

- Doutor, me desculpe a pergunta mas - chegou mais perto - ela me disse que perdeu a sensibilidade - mencionou com as mãos, o médico riu leve - é sério.

- Entendo - sorriu - você é namorado dela?

- NÃO - arregalou os olhos - sou apenas o cuidador dela e futuro fisioterapeuta.

- Pra um fisioterapeuta você está muito parado - riu novamente.

- O que quer dizer com isso?

- Quero dizer que você precisa soltar a sua imaginação, ela precisa de mais exercícios.

- Com todos que eu passo ela não consegue mover nem um dedo.

- Como eu disse - respirou fundo - eu acabei de fazer o exame e o caso de Sophia é muito delicado, se os músculos se atrofiarem de vez ela não pode mais voltar a andar.

- Nem com a cirurgia?

- A cirurgia também é bem delicada, precisamos de um doador que seja compatível com o sangue dela, e que não tenha nenhum problema.

- Não tem como adiantar esse processo? Anunciar em um classificado? Sei lá.

- Acontece Micael que ninguém está disposto a ajudar Sophia. O anúncio rodou a cidade inteira quando ela ficou na cadeira de rodas, todo mundo conhece ela e sabe das coisas que ela aprontou.

- Não me diga que Sophia era tão ruim assim?

- Não digo ruim, mas ela humilhou muita gente. A época da faculdade era um terror.

- Minha nossa - franziu a testa.

- Ainda existem pessoas boas, você foi uma delas - bateu nas costas de Micael.

- Sei que ela precisava muito de mim.

- Demais - ele se levantou - treine essa garota, vamos fazer com que o corpo dela acorde, já está mais do que na hora.

- Pode deixar, vou fazer de tudo pra que Sophia fique bem - e iria fazer.

O médico voltou a sala e levou Sophia até Micael, ela não tinha uma cara muito boa mas relevou quando o moreno tomou posse de levar ela novamente.

Na volta Micael pegou um lanche a Sophia e foram pra casa, ela estava bem quieta e ele já estranhava.

- Tem certeza que está tudo bem?

- Eu senti dor hoje, Micael.

Ficaram em silêncio.

- Que tipo dor?

- A dor forte que eu sinto.

- Você não disse isso ao médico?

- Ele sabe - respirou fundo - mas sempre da no exame que eu não tive resultados.

E não teve mesmo.

Micael parou o carro no gramado, a chuva forte fazia barulho.

- Vamos ficar aqui?

- Se você quiser, podemos - sorriu.

- Você é muito idiota as vezes.

Ele riu levemente.

- Toma, seu lanche - deixou a embalagem nas pernas da loira.

- Micael, você tirou o dia pra me zoar hoje? - ele riu.

- Eu só estava querendo ser gentil.

- Super gentil - revirou os olhos. Micael tirou o lanche da embalagem e aproximou os lábios de Sophia.

Isso até seria normal se ele desse o lanche ao invés de dar o beijo, mas isso não aconteceu. Os lábios carnudos dele já devoravam o de Sophia lentamente, ela achava aquilo tão gostoso e prazeroso.

- Por favor, não pare agora - sussurrou enquanto o moreno mordia os lábios dela devagar.

- Não vou parar - beijou novamente - eu não quero parar.

E não iria se dependesse do fôlego.

- Eu gosto tanto de você - sussurrou novamente de olhos fechados.

Micael ficou em silêncio dando selinhos em Sophia.

- Eu também gosto de você.

Não se gostavam, se amavam.

As Sessões - The SessionsWhere stories live. Discover now