[TRINTA E CINCO]: MUDANÇAS

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DEREK

Acordo com uma das maiores ressacas da minha vida. Minhas pernas doem, meu nariz dói, e minha cabeça parece estar prestes a explodir. Levo um tempo para me acostumar com a claridade daquele quarto, mas quando consigo, é fácil perceber que estou em um lugar que não é meu, mas que conheço mais do que deveria conhecer. Xingo internamente ao notar isso, sou estúpido o suficiente para fraquejar quando o álcool e as merdas acontecem.

Quando finalmente me levanto, percebo que estou somente de cueca. Minhas peças de roupas estão jogadas pelo chão, meu peitoral está arranhado e em pleno piso do quarto está o pacote aberto do preservativo que devo ter usado na noite, pelo menos dessa vez tive essa precaução, não aguentaria passar por toda a tensão outra vez.

Em meu celular, checo o horário daquela manhã de vitória, 9:12. Minhas notificações são diversas, algumas com fotos da festa do time, outras dos meus pais, e quando chego as mensagens enviadas e recebidas, dói saber que não há nenhuma dele. Não vão haver mais.

Fiz o necessário para manter o Nicholas bem, mas embora a proteção dele seja o principal para mim, meu peito queima por saber que ele está destruído nesse exato momento, nos braços de outro alguém, beijando outro alguém. Eu também fiz isso, estou usando a Yuna como as mensagens que lhe enviei na noite anterior pedindo para ela ir me buscar na casa do Adam indicam. Estive bêbado demais, cansado demais.

Não é com ela que quero estar, mas as coisas precisam permanecer assim para que o Adam não mude as regras do jogo e acabe por liberar aquele vídeo por toda San Pier. Gostar de outros caras não deveria ser um erro, mas o medo do Nicholas ainda me aflora, quero que ele se sinta pronto ao invés de ganhar uma exposição, prefiro lidar com o fardo sozinho, com a dor das minhas decisões em pró daquilo que mais amo.

Eu jurei proteger ele, e embora doa, estou protegendo.

A mãe da Yuna pediu para que um grande café da manhã fosse preparado para nós dois, e nos últimos dias, ela tem se acostumado bastante em me ver em sua casa e até brinca com a ideia de que aquilo poderia se transformar em algo maior, mas eu sei qu...

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A mãe da Yuna pediu para que um grande café da manhã fosse preparado para nós dois, e nos últimos dias, ela tem se acostumado bastante em me ver em sua casa e até brinca com a ideia de que aquilo poderia se transformar em algo maior, mas eu sei que não vai. Mordo um pedaço da torrada com geleia enquanto elas conversam, o clima ainda é tenso como sempre, e como das vezes anterior, o seu pai não está em casa e ninguém se preocupa em dizer o real motivo disso acontecer, embora quase todos na cidade saibam que essa não é a única casa que ele frequenta. Não é apenas ambição por dinheiro, é traição também.

Estou usando a mesma roupa do dia anterior, e por sorte, elas ainda estão com um cheiro bem agradável, embora Yuna tenha dito que não seria um problema se ficássemos sem roupa em seu quarto. Meses atrás eu adoraria essa sugestão, hoje acho ela mais estúpida do que nunca, eu sequer deveria continuar aqui. Preciso ir para casa e resolver as coisas.

Preciso conversar com meus pais, comemorar a minha vitória em família, e também preciso cuidar do Nicholas, mesmo que de longe. Todas essas mudanças não podem tornar o que temos em algo irreal. Eu estarei com ele, de longe, mas estarei.

Depois do Ritual (romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora