[VINTE E CINCO]: CONEXÃO

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NICHOLAS

Me sinto gélido enquanto ele está paralisado. Me sinto péssimo por ter lhe entregado essa notícia tempos depois de tudo o que fizemos juntos, me sinto injusto por tê-lo tirado do paraíso de orgasmos para trazê-lo ao inferno. Queria poder voltar no tempo, somente alguns segundos atrás aonde ainda estávamos bem e ele sorria para mim. Queria não ter tirado a chance dele de aproveitar as próprias férias, mas as coisas já estavam intensas na possibilidade dele ser pai, apenas senti que a verdade aliviaria um pouco mais a situação. O filho não é do Derek, mas parece que é. Nossa conexão está firme e estremecida.

— Você tem certeza, Nicholas? — sua voz quebra aquele silêncio. — Esse é um assunto delicado, é algo sério. Você tem certeza? — seu olhar se firma no meu.

— Toda. Ela me disse que o exame apontou uma semana à mais do que previsto por vocês dois, é impossível que esse filho seja seu. Quando eu forcei o assunto, ela deu uma desculpa para deixar de responder, não é seu. — levo convicção no que digo.

— Eu não consigo acreditar. — ele estala alguns dedos. Mania. Nervosismo. — Eu realmente não consigo acreditar. Por que? — seu olhar se mantém firme. — Qual é o objetivo disso tudo? Ela quer brincar comigo?

— Erros acontecem. — sou cuidadoso nas palavras. — Vocês não estavam em algo totalmente sério, o desafio atrapalhou bastante coisa, embora agora ela tenha o conhecimento sobre nós dois. — meus dedos da destra massageiam seu ombro. — Você pode ler as mensagens se quiser. — entrego o celular desbloqueado.

Seus olhos rolam pela tela do meu celular. Sinto pena por ele, mas também um grande alívio por agora estarmos juntos sem nenhuma pedra no caminho que sirva para nos separar. Meus sentimentos estão crescendo e eu não sei onde me segurar para não cair, não depois do que aconteceu em seu quarto. Não depois do oral, da penetração e dos orgasmos, não depois da queimação e dor que ainda sinto pelo meu corpo. Não depois dele ter sido o meu primeiro garoto e o único que antes mesmo de me conhecer, eu desejei.

Meu celular é jogado para o lado depois que as mensagens são lidas e relidas, e ao invés de palavras, suas mãos cobrem o próprio rosto por mais tempo do que eu imaginei. É uma situação delicada, não sei reagir em momentos assim, mas sou bom em confortar pessoas, principalmente ele. Também sem dizer nada, aproximo o meu corpo daquele corpo grande sentado contra o sofá, minhas mãos envolvem-no em um abraço e Derek retribui ao me abraçar pela cintura e apoiar a sua cabeça contra o tecido preto da minha camisa com uma estampa do Batman. É apenas nós dois e o silêncio agora.

— Dek? — chama-lo assim após um longo tempo é estranho. 'Dek' é o apelido de infância do Derek, dado por sua mãe. Lembro-me de tê-lo chamado assim algumas vezes quando éramos menores para provoca-lo, mas hoje ele já se acostumou. — Vai ficar tudo bem, eu estou aqui. Nós estamos aqui. Seu maior medo era ser pai cedo, essa é uma possibilidade de voltar atrás e refazer a sua vida. — ele ainda não se move.

— Continua sendo difícil. Eu não queria isso, mas eu criei expectativas para isso.

— Eu sei que criou. — minhas mãos pousam em cada uma de suas bochechas, forçando o seu olhar para mim ao elevar sua cabeça. — E você não tem culpa disso, ela tem. Agora você precisa tomar posição, respire, tente pensar bem nessa informação e depois, com calma, converse com a Yuna ou a tia Rouse, se melhor, as duas. Eu sou o seu melhor amigo mas é essa conexão que você precisa ter agora, você sabe disso. — ele move a cabeça para concordar com minhas palavras enquanto meus polegares acariciam a sua pele branca.

— Eu não sei o que faria sem você, Danvers. — seu abraço se torna um pouco mais forte.

— Você provavelmente estaria morto.

Depois do Ritual (romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora