[QUARENTA E CINCO]: ADEUS, SAN PIER

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NICHOLAS

SETE MESES APÓS A PARTIDA DO LORENZO

O inverno está chegando. É frustrante pensar em como as coisas mudaram rápido demais em minha vida. Agora, estamos prestes a encerrar o nosso último ano letivo, e durante todos esses meses, com a partida do Derek em busca do seu sonho e a do Lorenzo para se redescobrir e salvar o seu coração, toda a minha vida se tornou uma rasa maré incapaz de criar ondas. Tudo estava normal. Tudo havia se encaixado e meus dias consistiam entre ajudar a Alison e a sua família na lanchonete – onde eu estava trabalhando para conseguir meu próprio dinheiro –, e cuidar da minha mãe, agora que a sua fase de gravidez estava prestes a chegar ao final e tínhamos um grande anseio para a chegada do Matteo para alegrar nossas vidas de uma vez.

Vez ou outra, o Derek me ligava para conversar, nesses momentos, todo o mundo deixava de girar e a única coisa de importância eram os nossos comentários a respeito um do outro e de todas as situações que estávamos vivendo em nosso dia a dia. Ele estava indo bem em Barcelona, e provavelmente, ficaria por lá por mais alguns meses antes de ter a oportunidade de retornar à San Pier para visitar a família e consequentemente me visitar também. O que me deixava em uma situação de risco era que, brevemente, a formatura chegaria, e após isso, eu colocaria todas as bagagens dentro do meu carro – presente do meu pai – e pegaria uma longa estrada até finalmente chegar em Los Angeles para dar início a minha própria vida.

Esse é um plano arriscado. Queria me despedir antes.

O céu está terrivelmente nublado, mas ainda assim, me nego a pegar o ônibus escolar da Zaco, andar tem me feito bem ultimamente. Durante o caminho, ouço o Norman Fucking Rockwell da Lana Del Rey, esse tem sido o meu álbum preferido em todas as situações, a forma como as letras conversam comigo, a sensação de estar encaixado em um universo totalmente diferente do qual estou, tudo isso me salva dos meus próprios pensamentos e daquela sensação de que estou caminhando para algo que não poderei voltar atrás depois. Pensar na formatura me causa um calafrio, e sequer está ventando muito para que eu possa colocar a culpa no vento, mas pelo menos ainda faz frio.

Meus olhos seguem os outros adolescentes que fazem o mesmo trajeto que eu. Alguns conheço de vista, sei que serão formandos no ano seguinte, queria puder toca-los para alertar que a melhor forma de viver a vida, é vivendo-a intensamente, sem medo do amanhã ou do futuro, porque quando o amanhã e o futuro chegam, não sobra mais nada, as esperanças se esvaiam e o tempo perdido se torna apenas um tempo perdido. Estou determinado a mudar isso agora, mesmo que já não sirva de muito consolo.

O Derek não está aqui, e eu deixei o Lorenzo ir.

Pelo menos meu coração e a minha consciência entraram em sintonia agora.

Sei onde quero estar.

— Já estamos em novembro

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— Já estamos em novembro. — Kimberly reclama, se debruçando contra a mesa da sala. — Por que ninguém nos convidou ainda?

— Por que ainda estão organizando? — Alison diz o óbvio. — O Baile é em dezembro, Kim. Certamente alguém vai te convidar, mas bem, eu devo ir com a Mia, então.. — ela dá de ombros.

Depois do Ritual (romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora