[TRINTA E DOIS]: CAMPEONATO

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NICHOLAS

SEMANAS DEPOIS

Ignorar o Derek estava me destruindo. Eu imaginei que pudéssemos ultrapassar essa fase, que tivéssemos evoluído o máximo possível para resolver os nossos problemas de forma madura, mas não, ainda estamos aqui. Ele tentou conversar comigo outras duas vezes, e até que o papo fluiu muito bem antes de tudo girar de cabeça para baixo outra vez, com o retorno da Yuna para os corredores da Zaco, me afastando dele outra vez. Era assim que estávamos agora, juntos pelo desafio, mas afastados por ela que precisava de um ponto de apoio quando toda a Zaco descobriu – através de amizades falsas – que a Yuna estava grávida do Adam, não do Derek. Isso tornou tudo mais difícil, mais doloroso. Eu não queria sentir pena da Yuna, isso seria impossível para mim, mas lá no fundo, eu sentia.

Grandes partes de mim agora odiavam ela. Parte do meu tempo com o Derek foi sugada porque segundo ele, fazer a coisa certa é o fundamental e a família da Yuna não está ajudando em nada com toda essa situação que está assustando-a. Sua mãe é fútil, eu pai é viciado em jogos, dinheiro e luxo. De acordo com o Derek, a vida é difícil, mas ele não é nenhum Deus capaz de amenizar a dor, sei o que ele está fazendo, mas não confio na Yuna para que isso se prossiga. Ela sabe da verdade, sabe que o meu desafio com o Derek é uma mentira criada pelo babaca do Adam, mas mesmo assim ela insiste, ela se mantém em cima, se fazendo de sonsa tão bem que ele é capaz de acreditar e me deixar para trás para segurar os dedos dela pelo corredor e trazer para mim olhares tortos de quem foi traído por até então seu namorado.

Lorenzo me confortou por todos esses dias. Ele esteve do meu lado, tentando me manter animado enquanto a Alison e a Kimberly se tornaram mais próximas de nós dois também, estávamos sempre juntos, embora o Derek aparecesse vez ou outra, mas precisasse se distanciar para treinar para o campeonato ou estar com a Yuna outra vez. Ela não deveria se apoiar tanto nele, ela deveria entender que esse é o nosso último ano e tudo o que eu quero é estar com o meu melhor amigo pelos míseros poucos meses que nos restam até dizermos adeus a Zaco para continuarmos nossas vidas longe o suficiente desse ritual e de todo inferno que foi criado para prender nós dois. Resistimos até aqui, no agora, mas sinto que obstáculos grandes demais podem me levar à uma grande queda, grande o suficiente para que, pela primeira vez, minha conexão com o Derek seja perdida por um bom tempo.

Nunca fomos assim. Ele sempre esteve comigo, ele sempre me priorizou e me acostumou que, enquanto estivéssemos na vida um do outro, eu sempre seria a sua prioridade, o seu primeiro lugar, o seu melhor amigo, a sua primeira opção independente de qualquer coisa. Se matássemos alguém, saberíamos quem chamar, se precisássemos fugir no meio da noite, também saberíamos para onde ir, quem nos daria apoio, quem iria nos abraçar tão forte que o mundo todo pararia e nada de ruim seria capaz de nos alcançar ali dentro.

Derek era minha paz. Minha grande paz.

Mas agora só o caos estava instalado entre nós dois. E isso não deveria acontecer de forma alguma, prometemos isso um para o outro. Mas eu sabia que ele não iria conseguir cumprir até final. Ele sempre foi fraco, sempre desistiu, ele sempre teve recaídas por ela.

Me sinto tolo e fútil. É assim que me sinto sempre. Saber que fui trocado, substituído, saber que talvez não terminaremos isso juntos, ou que hoje a noite não será por mim que ele estará jogando em campo. Isso tudo machuca porque sempre torcemos um para o outro, um pelo outro. Derek costumava a fazer gols por mim, mesmo quando estávamos juntos em campo. Sempre era por mim, por nós dois.

Não mais.

— Você vai deixar em branco? — ouço a voz da Kimberly me trazendo de volta a realidade. Estávamos fazendo um teste de física e ela era melhor do que eu naquelas questões.

Depois do Ritual (romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora