[FINAL]: PRIMEIRO O BAILE, DEPOIS LA

3.1K 326 94
                                    

NICHOLAS

Ainda é inverno, mas a chuva decidiu dar espaço para as estrelas quando anoiteceu. Estou diante do grande espelho do meu banheiro, checando o meu traje formal em cor preta enquanto minha mãe me observa logo atrás de mim. Meu terno tem um detalhe brilhante em glitter em cor preta, feito justamente para combinar com o vestido da Kimberly, que será em cor preta com pequenas partes em glitter. Ela conseguiu me tornar uma versão ainda mais clichê de mim mesmo, mas agora, vendo o resultado de tudo isso, me sinto agradecido pela forçada que tive para acompanha-la. Comemorar vai me fazer bem.

— Você está lindo. — minha mãe diz, passando as mãos por meus ombros.

É com um entusiasmo ainda maior que abraço ela, e então desço as escadas de casa, com cuidado, ajudando-a agora que esse momento é difícil e ao invés dela manter o repouso, prefere ficar zanzando por aí até que eu finalmente saia para me divertir em San Pier pela última vez. Deixada no sofá, seu selo de benção é dado em minha testa, e então eu giro a chave do meu carro no dedo, me preparando para pegar a rua pela noite, até encontrar a Kimberly, a Alison e a Mia para irmos juntos ao baile.

No percurso, consigo ver inúmeras pessoas arrumadas. Rapazes e damas, alguns esperando o seu par ir busca-lo. O diretor foi bondoso o suficiente – e consciente – para permitir que casais do mesmo sexo pudessem formar um par pela noite. Esse é um trabalho evolutivo da Zaco, todos nós somos iguais, é por isso que, independente de qualquer coisa e até mesmo do começo horrível que tivemos nesse ano, eu me sinto em casa lá.

A paisagem vitoriana desliza pela janela enquanto dirijo. São casas das mais diversas cores e prédios grandes – não de forma exagerada –, passo pela avenida principal, pelo parque onde eu e o Derek nos conhecemos, e por fim, estaciono na casa da Alison, encontrando-a em um terno feminino em cor preta com uma blusa branca por baixo.

— Uau. — deixo escapar quando estaciono. — Você está incrível, Ali.

Ela move os cabelos ruivos que estão soltos, brincando com o meu elogio.

— Eu sei. — ela responde enquanto da a volta pelo carro e finalmente entra. — Você está aceitável, se eu não fosse comprometida, brigaria com a Kimberly para que você me levasse ao baile. — ela me faz rir. — Agora vamos, Danvers. Você é atrasado por natureza, daqui a pouco o baile começa.

Com seu conselho – não sem antes revirar meus olhos –, eu faço o que ela pede, afundando o pé no acelerador até que em poucos minutos a Kimberly e a Mia já estejam conosco, e então antes mesmo de chegar no baile, elas fazem uma festa de gritarias ao ligar o rádio para ouvir músicas e me obrigar a cantar junto enquanto dirijo.

— É o nosso último dia na Zaco, Nicholas. Cante mais alto. — Kimberly praticamente grita contra a música.

Eu aumento a voz. Dirigindo, gritando a letra e tendo aquela boa sensação.

No final, somos nós quatro em um estacionamento, e então os braços são dados, nos dividindo em dois casais. Meus olhos acompanham o pessoal entrando na Zaco, a festa seria no salão de festas, grande, amplo, e o meu nervoso me consome de uma forma tão grande que me dou por corajoso à puxar as meninas para entrarmos de uma vez, recebendo a escuridão e as luzes brilhantes, a música alta, a decoração em preto, prateado e dourado.

— Isso realmente ficou lindo. — a Mia diz. — Fotos! — ela aponta para a cabine automática. — Precisamos tirar uma juntos.

— A fila está grande. — Alison reclama para uma fila de cinco pessoas.

Ela perde a guerra e nos acompanha até lá.

São três fotos. Todas sorrindo, todas juntos. É uma lembrança que ficará para sempre com cada um de nós enquanto existirmos.

Depois do Ritual (romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora