Dido

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Eu relutei muito em procurar o Chris. Tinha medo da sua mulher! Era uma coisa um tanto covarde, considerando o fato de que tínhamos o mesmo biótipo e praticamente a mesma altura, mas era óbvio que ela era o tipo de pessoa dominante. Não dominadora, eu quis dizer dominante mesmo do tipo que se impõe e chega pra ficar, tanto é que em alguns meses ela conseguiu o que eu não consegui em dez anos. Ganhar o coração do Chris!

Não que eu ainda viesse tentando, há pelo menos seis anos aquela paixão que eu tinha nutrido por ele amortecera e nós éramos de fato, bons amigos.

Claro que a Laurah não encarou a situação por esse ângulo. E bem! Ela estava certa na noite em que ameaçou me atirar pela janela. Eu ainda sentia calafrios e ainda ria daquilo e desde então eu não procurei mais o Christopher, até esse momento.

A Porshia tinha ressurgido quase que das cinzas me oferecendo uma oportunidade de trabalhar com ela numa campanha publicitária para uma famosa marca de roupas íntimas e eu ainda me perguntava se aquilo era realmente uma boa oportunidade, ou mais uma das muitas ciladas que eu já me meti nessa vida. Eu podia parecer muito mal-agradecida desconfiando assim de alguém que me estendia a mão num momento de dificuldade, mas eu tinha aprendido com a vida, que nada vem fácil e se vem fácil pode ser algo muito ruim disfarçado de uma coisa boa.

E se havia alguém que podia me dar referências boas ou ruins sobre a Porshia , esse alguém era o Chris.

Telefonei para a Carpenter e agendei um horário pra falar com ele. E agradeci que ele tenha aceitado me receber. Eu preferia conversar com o Chris em um ambiente mais descontraído, onde pudéssemos tomar uma boa taça de vinho ou uma simples cerveja, mas acho que o Christopher pós-Laurah não aceitaria fazer algo que desagradasse a sua esposa, mãe zelosa do seu filho e a espera das novas crias do rebanho.

Eu admirava mulheres que tinham o dom da maternidade como minha avó que tinha cuidado de mim na Dakota do sul, até os meus dez anos de idade, até a alcoólatra da minha mãe aparecer do nada e me arrastar para uma vida miserável com ela na Califórnia,com a promessa de cuidar de mim, promessa essa que ela nunca foi capaz de cumprir.

Eu sabia que não tinha o dom da maternidade, eu não tinha sido preparada para isso e via Laurah como uma espécie de heroína moderna.

Eu realmente a admirava e claro que ela não precisava saber disso, assim como eu esperava que ela não soubesse que eu estava na sala de espera com a secretária sorridente do Chris(É sério! Parecia que aquele riso foi moldado no rosto dela e não se desfazia nunca) ,aguardando que ele encerrasse uma reunião para poder falar comigo.

(Chris)
Deixei Laurah, Joan na sala de reunião e voltei para o andar de cima, tinha uma visita de uma velha amiga, cheguei na sala de espera da Carpenter, lá estava ela, linda como sempre.

(Dido) 
- Chris! - Avancei sobre ele o abraçando- Alguns meses que não nos vemos e parecem anos. Não que você pareça mais velho, você só parece... Outro!                       

Ele tinha um sorriso genuíno no rosto e uma expressão de felicidade que eu jamais vira antes.

(Chris)
- Como você está? - Abraçamos-nos, peguei em seu rosto, sorri amável. - Senti a sua falta em meu casamento... Mas entendo por que não foi.

(Dido)
- Não queria causar transtorno. Acho que sou uma persona no grata para a Laurah! Não a culpo, eu não fazia ideia que vocês estavam juntos quando estive no seu apartamento e confesso que as intenções não eram as melhores. Mas, você me parece tão feliz! Como vai o Maurice?

(Chris)
- Estamos bem... Maurice teve um ótimo desempenho depois que Laurah foi morar em casa e ela está gravida de gêmeos. - Abri a porta. - Vamos para a minha sala, tomar um vinho... O que acha?

(Dido)
- Gémeos? - O acompanhei para dentro e me sentei numa cadeira defronte a sua mesa. - Então, finalmente você encontrou o que procurava, uma mulher dura na queda que te ama e te deu a tão sonhada família que você tanto almejou- eu me sentia realmente bem, em ver o meu grande amigo tão feliz - Me diz, deu muito trabalho pra conquistá-la? Por que ela não me parece ser uma pessoa muito fácil.

(Chris)
Sorri para Dido, peguei duas taças e abri o bar tocando na parede, desprendendo a porta do climatizador de vinhos, puxei uma garrava, um Caverne.

- Realmente não foi fácil... cheguei a me afastar para me esquecer de uma vez por todas... Mas ela foi atrás de mim... - Coloquei a taça a sua frente a outra na mesa direção, abri o vinho e despejei em nossas taças. -  Então... Era casar ou me esquecer... E aqui estou eu, casado e a espera de ser pai de duas meninas...

(Dido)
- Acho que casar foi a melhor opção. Talvez, algum dia eu encontre um homem que fale de mim com esse mesmo brilho nos olhos e sorriso no rosto e aí eu vou saber que esse é pra casar- Sorri com a ideia, mesmo sabendo que aquilo jamais aconteceria comigo- Espero não causar problemas por ter aparecido do nada, mas eu realmente precisava falar com você.

(Chris)
- Dido... apareça quantas vezes quiser... Já disse que é minha amiga, é só ligar e marcar... - Peguei a minha taça. -  Um brinde a nossa amizade?

(Dido)
-TimTim! - brinquei e brindei com ele. - A Porshia me procurou oferecendo um trabalho, e eu não sei se devo aceitar. Não a conheço bem e a última vez que aceitei o trabalho de alguém que nunca tinha ouvido falar você sabe o que deu. - Eu tinha processado o diretor da agência com a ajuda do Chris e apesar de ter ganho o processo e uma boa indenização eu parecia ter ficado marcada no mercado da moda. - Eu preciso da sua orientação, eu posso confiar?

(Chris)
- Porshia? - Ache estranho, me voltei ao computador. - Vamos ver o que ela anda fazendo. - Digitei algumas coisas no computador, aproveitando para falar. - Ela é uma pessoa confiável, trabalha para uma das melhores agencias de Barcelona... - Olhei para Dido enquanto o computador processava a informação que eu queria. - O trabalho seria de que e por quanto tempo, sabe?

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