— Eu não estou bêbado. — me defendo.
— É o que eu digo para a minha mãe depois de voltar das festas.
Estou sentado na banqueta da cozinha da casa do Adam enquanto a Alison espreme limões dentro do liquidificador. Ainda me sinto um pouco zonzo, cansado, e a festa mal começou, ainda é possível ouvir a música alta – parcialmente abafada pela porta fechada da cozinha –, me pergunto aonde o Derek está, se ele já me procurou desde que eu sumi há algumas horas atrás, se está preocupado ou não. Também me pergunto o motivo do Justin, o porquê dele ter começado aquilo, ou o porquê daquelas suas palavras que insistem em martelar em minha cabeça, me causando uma sensação nada confortável que até faz o meu peito apertar.
Por um breve período, meus olhos vacilam, e eu me permito a abaixar a cabeça contra o mármore frio em uma tentativa fútil de cochilar, mas a Alison não permite isso.
— Nicholas!
— Hã? — eu encaro ela de volta.
— Nossa, você está mesmo um trapo. — ela volta a rir enquanto liga o liquidificador para preparar aquela sua mistura curadora de ressaca.
— Meus olhos estão ardendo, minha cabeça está pesando.
Alison concorda sem dizer nada, e então desliga o liquidificador e passa todo aquele liquido verde para um copo de vidro que ela havia pegado no armário.
— Beba tudo, vai fazer você se sentir melhor. — ela me entrega.
— Isso não tem maconha, tem? — eu arqueio uma das minhas sobrancelhas enquanto seguro o copo entre as minhas mãos. O cheiro da bebida é só uma coisa: limão. E esse foi o único ingrediente que eu acompanhei no processo de preparo.
— Deveria ter, mas eu não sou uma amiga tão ruim assim, sou? — Alison prende seus fios ruivos durante as palavras. — Agora eu vou procurar o Derek, fique aqui, ok? É melhor você evitar caminhar por ai nesse estado, eu não demoro, e mesmo que eu demore, não saia daqui. — Alison reforça o olhar sobre mim enquanto eu engulo aquela espécie de limonada especial da Beyoncé.
Quando ela finalmente sai, me deixando a sós naquele ambiente, eu termino de ingerir toda aquela bebida um tanto acida, rezando que, pelos céus, o meu estômago não rejeite nada outra vez.
São breves minutos de silêncio até a porta ser aberta outra vez, e no cansado de tentar encontrar quem é, eu permaneço com a cabeça contra o mármore frio, com meus olhos fechados e respiração cortada enquanto eu tenho recuperar as minhas memórias e organiza-las para só assim a minha cabeça deixar de doer. Nesse mesmo processo, alguém passa suas mãos por minhas costas até chegar em meu ombro, massageando a região como se estivesse retirando a minha tensão. Posteriormente, lábios se aproximam da minha orelha, e então eu ouço a sua voz.
— Encontrei a Alison, ela disse que você estava aqui e me pediu para vir ver como você estava. Estamos tentando encontrar o Derek mas a festa tomou uma proporção tão grande que sequer sabemos onde ele está, tem tanta gente e o som está tão alto. — ouço a voz da Kimberly, e então ela me dá alguns tapinhas. — Vamos, olha pra mim. — ela insisti.
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Depois do Ritual (romance gay)
Ficção Adolescente[HISTÓRIA COMPLETA] Todos os anos antes do retorno das aulas, os alunos da Zaco Beach School se reúnem em volta de uma fogueira para participar do tão famoso Ritual na Praia, durante muito tempo o Ritual foi algo extremamente normal, até chegar a ve...
[NOVE]: O EFEITO DA MACONHA
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