Capítulo 40 - Parte 2

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- Você não tocou na pipoca – Falei lhe olhando.

- Não consegui, olha aquele menino, deve ter uns quatorze anos, está me olhando desde que sentei aqui – Ele falou.

- Te olhando como? – Perguntei com um pouco de ciúmes.

- Não desse jeito, diferente, espera aqui – Ele disse levantando, dando a volta na praça e indo até o rapaz.

Vi quando ele se abaixou e o menino olhava fixamente pra Filipe que ajeitou o cabelo, falou algumas coisas e entregou o saco de pipocas para o menino que sorriu, o moreno apertou a mão do garoto e voltou.

- O que ele falou? – Perguntei.

- O nome dele é Dan, ele tem dezesseis anos, mora na rua desde os cinco, me pediu desculpas por ficar olhando, mas disse que estava com muita fome, dei a pipoca pra ele – O moreno falou secando os olhos.

- Ele nem pediu – Falei.

- Tem coisas que não precisam ser ditas – Ele falou e logo depois lhe dei o saquinho de pipocas.

- Que foi? – Ele indagou enquanto pegava algumas.

- Tem coisas que não precisam ser ditas – Falei sorrindo, sabia que ele queria comer, Filipe agradeceu e sorriu. Naqueles poucos minutos aprendi uma grande lição, demos um selinho e voltamos para onde meu pai estava.

Seu Carlos foi deixou Ian com Filipe e fomos até o outro lado da rua fazer uma coisa que sempre fazíamos, meu avô fez aquilo com meu pai e ele fazia comigo. Meu pai sempre me levava naquela praça porque na porta de uma loja perto dos vendedores de flores tinha um homem que vendia sorvete, meu pai sempre comprava um pra mim.

Quando meu avô o levava o homem devia ter uns vinte anos, era jovem e ficava ali pra ajudar nas despesas da casa, o tempo passou meu pai já estava com quarenta anos, o sorveteiro agora tinha mais de cinquenta anos e continuava ali, ajudou em casa, casou e sustentou a família trabalhando naquele lugar há mais de quarenta anos. Haviam grandes sorveterias naquele bairro, mas nenhum sorvete era especial como o daquele lugar.

Voltamos pra casa, meu pai estava cansado então comprou um frango assado pra gente comer, Filipe nem tocou na comida, chegou e foi direto preparar o leite pra Ian tomar, ele seria um ótimo pai, colocava o bem estar da criança acima de tudo.

Cheguei no quarto e ele estava com na minha cama com o bebê, o cacheado estava fazendo várias graças e o garoto rindo muito, pareciam duas crianças, ele levava muito jeito com bebês.

- Não vai comer? – Perguntei depois de algum tempo parado, ele nem havia me visto ali.

- Eu vou depois, estou dando atenção a ele – Filipe respondeu sorrindo

- Você está sendo ótimo, brincou com ele, deu mamadeira, banho, trocou a roupa dele – Falei com admiração.

- E você foi ótimo no mercado. Brincou como um paizão, foi lindo, se dependesse de mim ele ficaria no colo o tempo todo – O moreno disse e nós rimos.

- Vou tomar banho, quando eu voltar você vai comer e eu fico com ele, tudo bem? – Indaguei.

- Tá – Ele disse voltando a brincar com o menino.

Tomei banho, troquei de roupa, pendurei minha toalha e peguei o prato dele, quando cheguei no quarto vi uma cena linda. Filipe havia feito uma cama no chão com várias cobertas, ele estava deitado como uma conchinha e Ian no meio, de barriga pra baixo, dormindo tranquilamente, aliás, os dois estavam dormindo. Dei um beijo na bochecha de cada um, apaguei a luz e fiquei na sala vendo televisão.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasWhere stories live. Discover now