Capítulo 45

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  Senti que alguém passava as mãos pelo meus cabelos e ouvi vozes femininas.

— Ela está acordando. — avisou umas daz vozes.

   Levantei rápido lembrando de tudo.

— Ei, calma. — uma mulher morena segurou meu rosto.

— Aonde eu estou? — olhei em volta.

— Estamos dentro de um caminhão a horas. — foi a vez da ruiva de olhos verdes falar.

— Eu preciso ir embora, meu filho, meu noivo.

— Nós também temos família. E agora não sabemos o que vai acontecer com a gente. — uma loira de cabelo chanel disse sentada abraçada aos joelhos.

— O que aconteceu? O que estamos fazendo aqui? — fiquei atordoada.

— Isso se chama tráfico de mulheres. Eles vão simplesmente nos vender para quem pagar mais. Qual é o seu nome? — a morena voltou a perguntar.

— Thalyta. — abracei meu corpo e o caminhão balançava muito.

— Eu sou Julia, essa é a Pamela, aquela Nicaele, e tem a mudinha que não sabemos. — informou a mais falante.

— Muda?

— É, ela não fala, fica ali parada chorando. — apontou para menina sentada do outro lado afastada.

— Eu sou professora, aprendi pois tenho uma aluna com deficiência auditiva e na fala. — informei.

— Vê se consegue algo dela. — a loira chamada Nicaele pediu.

  Caminhei até ela que se afastou com minha presença.

  Com o dialeto das mãos falei meu nome e disse que não iria machuca-lá. Logo conversávamos de boa e seu nome era Beatriz.

— O que ela disse? — Pamela, a ruiva perguntou quando me sentei perto dela.

— O nome dela é Beatriz e faz algum tempo que a obrigam fazer programa, ela só tem 18 anos. — senti meus olhos marejarem — Temos que arrumar um jeito de fugir daqui.

— Não tem jeito, estamos acordadas a mais tempo que você e já tentamos de tudo.

— Eu saí de casa brigada com o Luan.
— escondi meu rosto nas mãos.

— Eu iria ver minha mãe doente e no caminho me enfiaram dentro de uma van. Acordei já aqui.

— Meninas, já é noite, não é melhor dormimos? — Julia se aproximou.

— Eu não sei se consigo. — me encolhi encostada na lataria do caminhão.

   Todas dormiram mesmo amedrontadas mas o sono me venceu muito tempo depois, acho que nem dormi 30 minutos e um auto barulho de algo batendo na lataria nos fez acordar assustadas.

— Vamos acordar madames! — um homem baixo e gordo exclamou abrindo as duas portas do caminhão sendo acompanhado por dois capangas.

   O encarei com furia e minha vontade era socar aquela cara gorda.

— As mercadorias chegaram? — outro homem entrou agora mais bonito e alto.

— Sim, todas, aquela ali. — apontou para mim — Veio de brinde pelo nosso casal correio.

— Até que não é feia. — cruzou os braços — Manda a muda e ela para Cuba, eles estão loucos para carne fresca.

   Senti o nojo me consumir e acabei vomitando ali mesmo.

— Antes, cada uma vai fazer exames. Façam fila e vão para fora, se desobederem suas famílias é que vão pagar por cada ato. — jogou fotos no chão mas ali não avia nenhuma de alguém da minha família.

  Caminhamos calada para fora, era um lugar grande mais parecido com uma fazenda e tinha um pequeno avião mais a frente. Um puxão em meu cabelo me fez cair.

— Negou nosso neto, agora paga o preço. Ele daria um bom preço no mercado negro.— lá estava aquela vagabunda.

— Eu sabia que tinha dedo seu! — em ato de raiva já estava em cima dela distribuindo tapas.

— Larga minha mulher! — Ricardo me tirou de cima dela e me deu um tapa no rosto com a costa da mão.

— Se ela ficar com cicatriz vocês vão me pagar cada centavo. — o cara bonito e alto interveio.

— Disculpa. — ele recuou e foi ver como sua mulherzinha estava.

— Escuta, — me pegou pelo braço — Tenta alguma gracinha que você fica sem as mãos ta me ouvindo? — falou grosso.

— Um aviso a cada uma de vocês, não adiantam tentar fugir;  não adianta tentar desobedecer nossas ordens;  vocês tem que fazer o que mandamos; não custa nada apagar uma de vocês ou algum membro da amada família de cada uma. Tudo o que fazem de errado será voltado a vocês mesmas então obedeçam ou pagaram caro. — o barrigudo falou carrancudo.

— Você e a muda vão para Cuba e lá serão garotas de programa, sem falar nada a ninguém. Virgílio, leve elas para o avião.

  Ele nos empurrou e vi as outras meninas darem um aceno triste. Ricardo e Maria ficaram conversando com o cara que parece mandar nos três e vi ele bater em Maria. Algo errado ali.

  Depois que entramos ele veio logo atrás e segurou meu rosto forte.

— Se o seu namoradinho famoso vir atrás e acabar com meus negócios eu acabo com qualquer um que seja relacionado a você. — me soltou e virou para o barrigudo que agora sei se chamar Virgílio — Acredita que Maria a trouxe por vingancinha?  Essa garota vai nos trazer problemas, mulher de famoso é famosa. Quando chegarmos damos um jeito nisso.

Eu, Você E A Enviada(Concluída)Where stories live. Discover now