Capítulo 28

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— Bruna como que você usa uma criança para dar uma notícia dessa para mim? Da onde tirou que eu estou gravida sua maluca? — a bronquiei dentro do banheiro da escola.

Primeiro; fala baixo antes que alguém pense que é loca. Segundo; crianças puras de coração vêem a gente sim mas poucas falam sobre isso. Terceiro; eu não tô maluca você é que não me deixa falar as coisas. Presta atenção, seios fartos, peso alterado, tonturas, você está gravida do Victor!

— Eu não posso estar grávida Bruna, eu não quero ter um filho ou filha agora. — apoiei na pia sem acreditar.

Aceita Thalyta, eu já sabia que isso iria acontecer. Sabia e sei de várias coisas do seu futuro, eu tentei te impedir de vir mas você não me ouviu.

— Minha vida está uma loucura Bruna, o que eu vou fazer? — me olhei no reflexo do espelho.

Agora é com você, eu não posso fazer nada, sou uma mera enviada. Agora vá para casa pois os meninos estão te esperando.

(...)

  Ao tocar a campainha do meu próprio apartamento Aline atendeu.

— O que você tá fazendo aqui? — sorri sapeca e ela ficou tímida.

— O Murilo que chamou. — deu de ombros e eu entrei.

— Chegou nossa professora favorita! — Murilo cantarolou de um jeito desafinado.

— Preparamos o almoço já. — Aline disse indo até a conzinha.

— Senti o cheiro daqui. Onde está o Luan? — olhei em volta.

— Boa pergunta.

— Vou procurar ele.

  O apartamento não era grande, apenas dois quartos, sala, conzinha e banheiro não seria difícil achar-lo. No pequeno corredor tinha várias fotos pela parede onde o encontrei.

— Quem são? — se referiu a foto.

— Meus dois melhores amigos. — sorri ao lembrar do momento da imagem e a toquei — São dois comédias precisa conhecer. Vamos almoçar? — toquei em sua mão e um arrepio estranho percorreu pelo meu braço, de imediato me afastei.

— O que aconteceu? — perguntou preucupado.

— Nada. — sorri sem mostrar os dentes e ele começou a caminhar para a cozinha.

  Olhei em seu corpo mas não tinha nada de sombras estranhas ou algo que representasse perigo.

  O almoço foi alegre já que Luan e Murilo ficavam contando as palhaçadas que fizeram juntos no jatinho vindo para cá. Depois resolvemos apenas ficar na varanda que era extensa e começamos a falar da vida. Aline contou de sua família, Murilo disse sobre o pai que já morreu, Luan contou algumas coisas de que ninguém sabia e eu contei sobre minha outra tia Sara que mora aqui também e é policial.

— Estranho. — falei ao olhar quem me ligava.

— O que foi? — Murilo perguntou depois de fazer alguma piadinha chata sobre quando eu estava na casa de sua mãe.

— Falei da minha tia agorinha e ela está me ligando. — mostrei a tela.

— Atende antes que a ligação caia. — Aline disse sorrindo ainda.

  Me distanciei deles e fui atender.

— Oi Tia, quanto tempo.

Oi minha linda, você poderia sentar por favor. — sua voz triste pediu e eu sentei sentido outro arrepio pelo corpo e um precentimento ruim.

— Thatha você tem alguma tesoura? — perguntou Luan e afastei o celular do rosto.

— Ali. — apontei para a gaveta — Pode falar tia. — me levantei já que Luan não achava.

— O Victor está no hospital em estado grave Thalyta. — falou um pouco receosa e eu parei de andar deixando o celular cair.

— Thalyta está tudo bem?

  Levei a mão na boca desesperada e as lágrimas mostraram em minha face. Minhas pernas fraquejaram e antes que eu fosse de encontro ao chão Luan me segurou pela cintura. Depois... tudo ficou escuro.

(...)

   Minha cabeça doía e um enjôo enorme me consumiu, apenas levantei o corpo e vomitei ao lado da cama que eu me encontrava deitada. Não me mechi muito já que vi uma agulha em minha veia transmitindo soro para mim.

— Ei mocinha acordou. — um enfermeiro veio.

— Victor... — foi a única coisa que eu falei sentindo o gosto ruim na boca.

— Eu vou chamar seus acompanhantes espere só um pouquinho, há... seu bebê está bem não se preucupe. — sorriu acolhedor mas eu sabia o que tinha acontecido antes e meus olhos voltaram a marejar.

  Com a mão desocupada passei pelo meu cabelo nervosa.

— Que bom que você esta bem, fiquei tão preucupado. — os braços fortes de Luan me envolveram.

— Eu preciso ver ele Luan, me leva. — segurei sua camisa polo em um pedido de súplica.

— Você não pode sair. — o infermeiro falou e o vi arrumando algo em um outro aparelho.

— Escuta aqui. — fuzilei ele com o olhar — Ou você tira essa porra de soro do meu braço agora ou eu arrasto essa merda por esse hospital ou por qualquer outro que for onde Victor está! — esbravejei mostrando nitidamente meu nervosismo.

— Não se altere pelo bebê. — pediu calmo retirando a agulha.

— Bebê?  Que bebê? — Luan perguntou e vi sua expressão de maguado junto com a dor.

    O ignorei e sai da ala onde eu estava indo até  a recepção.

— Preciso que me falem se Victor Souza Vieira está nesse hospital. — chamei atenção da atendente que lichava a unha e não me ouviu. Me debrucei no balcão e assim como fiz com o Luan eu fiz com ela segurando a gola de seu uniforme e lendo seu nome — Escuta aqui Micaela, você está aqui para trabalhar e não lichar essa unha ridícula. Agora faz alguma coisa de útil e age como tal.

  A moça me olhou com espanto e todos em volta me aplaudiram, fiquei mais nervosa com isso e ela perguntou novamente o nome dele e repeti com furia.

— Ele está passando por uma cirurgia arriscada e o estado não é bom. Você pode ficar na ala de espera no segundo andar.

  Corri até o elevador que estava quase fechando e apertei para o segundo andar tremendo. Aproveitei que estava sozinha e chamei por Bruna.

Ele nao vai aguentar Thalyta. — constatou logo depois de aparecer.

— Você não pode deixar que ele morra! Como quer que eu tenha um bebê sem pai?! — praticamente gritei.

— Já estou gastando todas as minhas energias fazendo com que seu bebê não sofra com o seu nervosismo, não posso e não consigo salva-lo e entre ele e o pequeno vem primeiro a vida do bebê.

Eu, Você E A Enviada(Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora