Capítulo 6

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   Eu e Bruna andávamos de um lado para o outro em frente a casa onde estava hospedada.

  — Ele tem um carro potente, o seu é pior ainda. Siga ele, sei que vai fazer merda.

  — Eu não conheço São Paulo!  Vou me perder. Se eu conseguisse ao menos ir até a garagem dele.

  — Impossível, é por controle por fora e só abre com chave por dentro.

  — Droga! — gritei puxando meus cabelos.

  — Ele está saindo. —apontou.

  — Céus! — corri para dentro de casa e caçando minhas chaves — Eu não acho as chaves! — praticamente grito.

  — Aqui querida. — Cida aparece do nada.

  — Obrigada. — pego e saio correndo — Bruna cadê você? — digo entrando na minha bebê.

  — Daqui para frente é você sozinha. Qualquer coisa é só me chamar. — e simplesmente ela sumiu me deixando só.

  — Porra Bruna! — esbravejo mas dou partida e saio acelerada.

  Assim que saio da portaria vejo a Ferrari branca na minha frente esperando os carros cessarem. Olhei o horário no meu celular e já estava prestes a dar uma da manhã. As ruas estavam calmas, passavam alguns carros mas não era aquela correria que passava na TV. Ele estava indo para algum lugar bem afastado da cidade. Assim que parou no sinal vermelho eu encostei do lado, vamos ver se ele sabe usar essa máquina dele. Acelerei para indicar uma corrida mas ele não fez o mesmo então continuei, e até que enfim ele aceitou mas antes abaixou o vidro. Não seria o certo abaixar o meu mas também fiz.

  — Você? Tá me seguindo? — ele parecia bravo.

   Apenas dei de ombros e encarei o sinal. Antes mesmo de abrir ele atravessou sorrindo travesso. Acha mesmo que vai ganhar de mim querido?
  Estávamos disputando em uma corrida meio que injusta, eu estava na contra mão e ele certo, isso não iria me abalar. Virei na entrada que me deixaria na frente dele e logo cheguei no próximo sinal que parei o esperando e advinha? Ele passou reto.
  — Filho de uma mãe! — soquei o volante.

   Acelerei indo mais rápido e consegui alcançar então entrei na frente dele e freiei parando de lateral enquanto ele vinha para cima de mim, poderia não parar e acabar comigo e com meu carro. Mas confiei nele, apenas coloquei meus braços na frente do meu rosto e esperei. 5, 4, 3, 2, 1... e nada aconteceu. Escutei a porta do meu carro ser aberta e meu cinto destravado.

  — Você é loca ou o que? — me puxou do carro e simplesmente me abraçou — Não quero que mais ninguém morra em um carro. — seu abraço me apertou mais e senti minha coluna estralar.

  — Aonde você vai? —perguntei sem ar e ele me soltou.

  — Isso não é da sua conta, agora entra nesse carro e vai embora. — virou meu corpo me empurrando.

  — Eu não sei voltar. Cheguei hoje de Brasília e não conheço nada daqui.

  — Eu te levo, quer dizer você me acompanha.

  — Tá.

  — Toma cuidado e... apenas vai devagar.

   Dirigimos de volta, pensei que ele só iria me deixar na porta do condomínio mas ele entrou. Estacionei na casa onde eu estava  e ele fez o mesmo.

  — Obrigado por me trazer e boa noite.

  — Você tá com sono? — apenas neguei, realmente não estava — Vem, vou fazer algo para mim comer você quer?

   Apenas em lembrar de comida meu estômago roncou, atravessei a rua e corri até ele. Entramos e eu estava envergonhada, era tudo muito lindo, a decoração, os moveis, as telas na parede.

  — Quem são os pintores? — apontei para os quadros na parede.

  — Um dia você pergunta para minha mãe porque eu não sei.

  Chegamos na conzinha e ele puxou um dos bancos altos do balcão para mim sentar.

— O que vai fazer?

  — Só um sanduíche e um suco. — falou enquanto pegava as coisas na geladeira.

   Fiquei quieta, não sabia o que falar ao certo. O banco estava tão alto que meus pés não tocavam o chão, fiquei balançando as pernas e tamborilando os dedos na pedra de mármore, eu estava impaciente.

  — Você vem? — já estava com um prato e um copo na mão.

  Peguei o que iria comer e o acompanhei. Passamos por várias portas até chega na última do corredor.

  — O que tem aí? — perguntei curiosa.

  — Meu mundo particular. — abriu e vi que iríamos para o telhado da casa.

   É lindo ver o céu daqui, tem um colchão de solteiro e nós sentamos nele.

  — Bom, eu... — não sabia o que falar mas ele foi mais esperto.

  — Qual é seu nome? — deu uma mordida no sanduíche.

  — Eu? Thalyta.

  — Nome bonito. Vai comer não? O queijo vai esfriar.

  Comecei a comer e ele me encarava.

  — O que foi? — ri da sua expressão.

  — Nada, é que você é estranha. — sorriu de canto — Primeiro você vem pedir açúcar, morando naquela casa enorme falta açúcar? E outra, do nada você aparece naquele sinal e quer apostar uma corrida comigo. Da onde você veio? Que merda foi aquela e que carro é aquele? — ele falava animado e o brilho no olhar intenso.

  — Meu namorado me ensinou muitas coisas e o carro é uma Bugatti Veyron, modifiquei ela bastante, muito mais potente.

  — Há, você namora, que bom!- pegou o prato da minha mão e colocou no cantinho.

  — Sim, ele vai vir daqui uns dois meses.

  — Me fala sobre você. — deitou e eu fiz o mesmo.

   Engatamos em uma conversa legal e animada. Aos poucos o sono me venceu e creio que nele também.

Eu, Você E A Enviada(Concluída)Where stories live. Discover now