Capítulo 3

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   Mergulhei em minha imaginação e fiz meu grafite no muro.

  — Você de novo? — aquela voz familiar surge e eu giro os calcanhares para vê-lo.

  — Bom, muito bom. — cruzo meus braços —Sentiu minha falta não foi? — pisquei para o Frede, o policial que faz a ronda local.

  —Você sabe todos os procedimentos não é? Então não corra e se vire com as mãos para trás.

  — Vai com calma seu polícia. —digo rindo e vou até minha mochila —
Tenho a autorização querido. — acho o papel e entrego para ele satisfeita que lê com atenção.

  — Quer que eu te algeme ou chame a Sara?

  — O que há de errado com você Frede? Você não sabe ler meu filho?— falo impaciente.

  — De acordo com sua autorização, — olha o papel de um lado e do outro — fica a duas quadras daqui. Não é esse Thatha, sinto muito.

    Droga de mente idiota!

  — Você não sabia? — pergunto e ele arqueia a sobrancelha — Foi o próprio dono da casa que deixou. — aponto para a casa que só agora que reparei o tamanho.

  — Não me faça ir até o portão e perguntar ao dono da residência, sabe que vai só piorar as coisas para seu lado.

  — Faça as honras. — fiz uma reverência esquisita para que ele vá no portão assim poderia correr.

   Sem eu esperar ele pega minhas latas de spray colocado tudo na mochila. Ele sabia que não iria fugir sem minhas coisas. Droga! Mil vezes droga!
   Apertou a campainha e logo uma mulher sai com um roupão e uma incrível cara de sono.

  — Pois não? — boceja.

  — A senhorita Thalyta diz que tem sua própria autorização para pixar seu muro, confirma? —ergui o dedo indicador pedindo para falar e ele me olha — Fala! — diz sem muita paciência.

  — Isso se chama grafite. — puxei as mangas do moletom até os cotovelos.

  — Não perguntarão mas meu nome é Ádria. Me deixe ver o serviço da mocinha. — demos passagem e ela saiu vendo seu muro com desenhos e formas diferentes — Impressionante, muito impressionante! — exaspera mas se recompõem — Então... — me olha de cima em baixo — eu deixei sim.

    Não sou galinha mas tô prestes a botar um ovo de alegria.

  — Não disse! — digo rindo e coloco meu braço em volta do pescoço da mulher que mau conheço.

  — Já que está tudo resolvido vou indo. E você Thatha, da próxima e sem autorização, sua tia Sara resolve com você. — o grandão me encarou.

   Ele saiu andando e logo dobrou a esquina.

  — Termine. — falou me olhando pegar a mochila no chão.

  — Mas...

  — Você grafita meu muro que pintei não tem uma semana, faz um policial me acordar as três da madrugada e ainda vai deixar pela metade? Termine e entre, vamos conversar.

  Lá vem o papo de "Você não devia fazer isso, vá pintar uma tela e não vandalizar por aí".  Terminei meu desenho e tirei uma foto como sempre fazia.

  — Oi! — derrepente aparece.

  — Porra Bruna! — esbravejo assustada.

  — Pronta?

  — Olha minha cara de que vou levar sermão? — digo entrando na casa e reparo o jardim ainda sendo noite — Se ela começar a falar eu vazo.

  — Só escute ela ok?

  — Além de grafiteira fala sozinha? — Ádria aparece na porta de blindex.

  — Mania. — dou de ombros e vou em sua direção.

  — Sente-se. — apontou para o sofá.

  — Não precisa, estou toda suja com tinta pela roupa toda.

  — Então... — me empurrou e acabei sentando — Você tem um ótimo trabalho, parabéns.

  — Acho que devo dizer obrigado. Bem, eu tenho que ir embora, esta tarde. — me levantei — Me desculpe pelo muro qualquer coisa se não gostou eu peço para meu namorado pintar.

  — Seria uma ofensa se tirasse aquela obra de arte. Me deixe ver... — ela vasculha alguns papéis que estavam espalhados pela mesa de centro —Aqui. —me entrega e eu olho desconfiada — Minha escola de artes. — apontou para o papel.

  — Sério? — fiquei surpresa— Desculpe pelos borrões, não sou tão experiente assim. Digamos que não sou um Romero Brito na vida.

  — Não, eu amei seu trabalho e quero fazer uma proposta. Faz faculdade? — assenti — Aposto que não tem nada a ver com artes não é? —assenti novamente — Querida, eu estou bêbada de sono então amanhã conversamos direito sobre sua bolsa na minha escola.

  — Como? — engasguei com minha própria saliva.

  — É meio perigoso andar por aí uma hora dessas, têm muitos quartos no andar de cima se quiser passar a noite, ou melhor, terminar de passar a noite. Amanhã nós conversamos melhor. Boa noite e durma com os anjos.

   Saiu sem me deixar protestar. Olhei ao redor vendo a decoração muito bonita. Descidi ficar mesmo não conhecendo a pessoa dona daqui ao certo. Assim que coloco o pé no primeiro degrau da escada Bruna aparece já no topo.

  — Trate ela bem pelo amor, estava vendo a fixa da Ádria e me encantei com a pessoa que ela é.

  — Bruna, eu estou com medo. — admito.

  — Engraçado, para perambular por aí de madrugada grafitando muros alheios você não tem né bonita?
bufei e caminhei até uma das enormes portas —
Esse é o quarto dela, vai para aquele. — apontou para o outro quarto.

   Entrei e mau reparei no que tinha ali. Apenas deixei minhas coisas no chão, tirei o tênis e me joguei na cama estremamente macia.

  — Boa noite. — disse e desapareceu.

  — Boa noite. — e assim apaguei.

Eu, Você E A Enviada(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora