Capítulo 17

1.4K 78 6
                                    


Olhei em volta aonde eu estava e me reparei com muitas pessoas aglomeradas fazendo um círculo perto de mim.

— Oi. O que está acontecendo? — tentei passar mas as pessoas não se moviam.

  Toquei no ombro de um homem e ele se virou para mim, seus olhos estavam negros assim como a sombra negra em sua volta. Ao mesmo tempo todas as outras pessoas me encararam e estavam exatamente iguais ao homem, seus passos foram  em minha direção e eu ia para trás.

— Me ajude... — suas vozes como zumbis ecoaram com força em minha cabeça. Eram muitas súplicas de uma vez só fazendo com que eu caísse ajoelhada no chão com uma imensa dor.

— Parem! — pedi mas continuavam cada vez mais perto e falando mais alto.

— Nos ajude.... Você pode nos ajudar!

— Por favor, parem! — digo chorando.

— Corre! — uma voz familiar surgiu — Levanta e corre agora!

— Luan é você? — perguntei olhando em volta mas só via as únicas pessoas assustadoras vindo lentamente em minha direção.

— Eu mandei você correr!

  Me levantei cambaleando e corri, corri o máximo que pude e já estava faltando o ar nos meus pulmões. Um grande precipício estava a minha frente.  Olhei para trás e eles ainda me seguiam. Senti meu corpo ser empurrado para baixo, consegui segurar na raiz da árvore. Já não estava aguentando quando Luan aparece na beirada olhando para mim.

— Me ajuda! — pedi chorando, minha mão queimava segurando aquela raiz.

— Você não ajudou eles, porque ajudaria você? — respondeu com frieza e se virou me deixando a beira da morte.

— Ei Thatha, pode pular. — uma voz de uma criança veio do final do precipício e a única luz mais forte era a que saia do seu corpo em toda aquela escuridão.

— Eu não solto isso.

— Pode pular, isso é só um sonho ruim você não vai se machucar.

    Fechei os olhos com força e abri minha mão. Na queda livre vi várias cenas de toda a minha vida passar em nuvens negras. Era como se fossem lembranças. Meu corpo foi chocado ao chão mas não senti dor.

— Você pode me ajudar não é?  A Bruna disse, ela me prometeu.

— Eu não sei, eu só quero acordar.

— Se eu te acordar agora você me ajuda? — não sei como ajudaria mas concordei — Promete?

— Prometo. — enguli seco.

— Muito bem, pode acordar agora.

— Thalyta acorda! — uma voz gritou perto dos meus ouvidos e logo despertei assustada agarrando seus braços com força.

— Sombra Luan... menina loira... você não me ajudou... você me deixou morrer! — as palavras que saiam da minha boca era sem sentido até para mim.

— Ei, calma. Está tudo bem eu não vou te deixar morrer , eu não viveria sem você. — me abraçou mesmo eu tentado me soltar.

— Eu estou com medo. — deixei que me abraçasse.

— Para que medo se seu fiel escudeiro está aqui do seu lado? Agora volta a dormir eu estou aqui.

   Voltei a deitar e ele sentou na cadeira próximo à mim mechendo em meus cabelos.

   Alguns dias depois- Condomínio Alphavilhe

  — Está com fome menina Thalyta? —Cida perguntou desligando a TV que eu assistia.

— Oxi mulher, porque desligou?  E não, não estou com fome.

— Pode levantar daí e ir já para a cozinha que eu fiz um lanche.

— Então porque perguntou, manda logo.

   Levantei irritada, já faz alguns dias que me tratam como criança e o pior de tudo é que não me deixam sair.

— Você sabe onde Ádria escondeu a chave do meu carro não é? — fiz uma carinha de menina indefesa.

— Nem inventa, eu não vou falar onde está. Seus pais já estão chegando com a Ádria então você conversa com ela. — colocou o prato com um sanduíche em minha frente — Agora fica aí que vou na lavanderia estender umas roupas.

  Esperei ela sair e subi correndo até o quarto da Ádria, eu já estava cem por cento boa graças a Bruna mas eles não pensavam como eu. Tinha algo que queria ver e tinha que ser hoje.
  Entrei no quarto e a primeira coisa que vi foi uma caixa preta debaixo do abajur, tanto lugar para esconder, hô falta de imaginação. Como dobraram a segurança ali fora eu teria que pular a janela e descer pela árvore. Esperei um dos seguranças saírem e desci, abri as portas da garagem e encontrei minha bebê.

— Quanto tempo meu amor. — alisei meu carro.

  Entrei rápido e ao dar a partida o ronco do motor foi como músicas para meus ouvidos.

— Ei, saia do carro! — um dos seguranças, estilo Well na vida entrou na frente.

— Nunca meu querido, agora sai. — acelerei  mas ele foi mais rápido e saiu da frente — Manda beijo para minha família!

   Doce gosto da liberdade, som com minhas músicas preferidas, como é bom isso. Dirigi até onde eu queria e deixei o carro no acostamento. Verifiquei se não poderiam me roubar e entrei pela mata que tinha ali, uma reserva pequena com alguns trilhos cimentados para para fazer caminhada ao ar livre. Respirei fundo, tomara que eu não esteja doida.

— Duda! —  gritei chamando a loirinha —  Duda eu vim, onde está você? —  saí do trilho entrando na mata.

  Tomara que eu não esteja loca. Tomara que eu não esteja loca!
Gritava em pensamento.

— Thatha você veio! —  a pequena me abraçou, eu a senti, meu Deus eu vou desmaiar!

— Como você pode me tocar? —  abaixei segurando sua mão.

— Crianças tocam, abraçam isso é normal.

E o que a senhorita precisa da minha ajuda? —  levantei a pegando pela mão — Você não devia estar no céu pequeno anjo?

—  Mamãe e papai disse que as pessoas só vão para o céu quando morrem, eu não morri e por isso estou aqui. — disse simples dando de ombros —   Olha, a tia Bruna disse que você poderia me levar de volta aos meus pais. Eles esqueceram de mim já faz uns três dias.

— Esqueceram? Você? — será que ela não sabe que já não faz mais parte desse mundo?

Isso, antes de você ir falar com eles eu quero te mostrar um lugar.

  Então vamos.

Eu, Você E A Enviada(Concluída)Where stories live. Discover now