Capítulo 30 (Luan)

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  A notícia que Thalyta estava grávida de outro cara me deixou magoado mas não deixei transparecer em sua frente. Ela precisa de apoio não de alguém imprestável. Aline disse que cobriria a aula que ela tinha amanhã então ficou na casa organizando tudo depois que saiu do hospital e Murilo saiu antes que acordasse para ligar para os pais dela e para sua própria mãe.

  Um pouco mais tarde quando ela conseguiu ter um momento para conversar com Victor fiquei pensativo sobre minha vida toda. Era estranho saber que tinha um ser gerando no ventre dela que não era fruto do meu amor. Me senti traído mas não deixei os pensamentos negativos me tomar. Quando minha menina saiu da sala completamente abalada corri para abraça-lá e disse palavras de conforto.  Me surpreendeu quando disse que ele queria falar comigo. Deixei ela aos cuidados de uma enfermeira e entrei no quarto.

— As vezes eu me pergunto o que é que ela vê em você. — me olhou buscando por algo.

— Se for para vir me julgar aqui eu prefiro ir embora. — falei sério e meio que irritado.

— Calma, me escuta é meu único pedido. — assenti sentando em um banco ao lado da maca — Esses últimas dois meses e meio foram os que eu me senti o cara mais inútil na vida, na verdade nesse último ano. Você não sabe o que é ouvir o choro baixinho dela todas as noites e saber que fui eu quem a chamei para cá novamente, ver ela se levantar no meio da noite e ir chorar na varanda, ver ela sonhar e chamar pelo seu nome. Ver os desenhos de grafite escondidos nas pastas da escola com seu rosto nas folhas. Dentre outras coisas que você não faz idéia que ela sofre. Eu sei que fui o culpado por isso tudo mas eu apenas queria aproveitar meus últimos dias com ela porque eu sabia que minha hora estava chegando. Pesso que seja para ela o homem que merece, cuide dela como eu nunca soube cuidar. Namore e case com ela com tudo que tem direito. Estou te entregando a mulher que eu dizia amar me enganando porque eu fui fraco em até aprender a amar uma mulher especial como a Thalyta... — ele parou de falar se contorcendo de dor.

— Eu vou chamar um médico. — me levantei.

— Espera só mais uma coisa. Você vai ser um ótimo pai eu tenho certeza. — sorriu e eu também com a esperança de que de alguma forma poderia cuidar dela e do bebê.

  Chamei pelo médico mas sabia que não iria adiantar mais nada, logo depois informaram seu falecimento. Pedi informação para os funcionários que passavam para onde tinham levado Thalyta e corri assim que me disseram.

— Eu preciso ligar para a família dele e contar tudo. Falar sobre o funeral e... — ouvi ela falar mas Murilo a interrompeu.

— Pode deixar que eu cuido de tudo. Sua única preocupação vai ser voltar para casa e descansar.

  Entrei de vez no quarto e a convenci de ir para casa. A levei, cuidei dela um pouco e lembrei que ainda tinha um show pela noite. Como Aline iria ficar com ela a deixei mas com o coração na mão e afirmei que viria direto para cá assim que acabasse. Fiz meu show em memória a Victor e pedi para todos orarem juntos comigo.

(...)

  Thalyta abriu a porta para mim e seu estado físico parecia cansado e ter chorado muito.

— Eu não consegui dormir. — disse simples sem ânimo. 

   A levei até seu quarto deitei junto com ela na cama e cantei baixinho e lento fazendo cafuné até adormecer.

  Quando o dia amanheceu sinti o corpo dela se mecher devagar.

— Tudo bem eu já acordei. — me espreguicei a liberando dos meus braços.

  O dia se resumiu em mais choro para Thalyta já que teve o velório. Não sei porque mas ela me fez prometer não falar nada sobre o bebê perto daquelas pessoas que eram a família de Victor. Ádria compareceu também e avisou que não deixou que os pais de Thalyta vinhesse pois poderia cuidar dela sozinha e mandaria todas as informações possível já que eles como tinha um trabalho afastado no tribunal de justiça foram convocados para uma audiência pública.

Eu, Você E A Enviada(Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora