- Nossa, você vai se apresentar né? Quando vai ser, quero ir e nem diga que eu não posso – Disse de forma séria.

- Você pode ir, sempre quis que você fosse, seria legal se eu tivesse um namorado para apresentar aos colegas, mas estar sozinho combina bem com meu papel na apresentação – Ele disse me olhando.

- Filipe! Estamos namorando, se você sorrisse agora pra mim eu sorriria da mesma forma e seria o cara mais feliz dessa escola, vou te assistir dançar, me manda mensagem com o dia e a hora, se não mandar eu vou entrar no site ou peço pro Allan – Falei e dei um beijo em sua bochecha – Ei, seu papel não era o da lagarta que vira borboleta? – Indaguei ao lembrar.

- Continua sendo, mas acho que a metamorfose não chega para todos – Ele disse e saiu.

Eu não sabia o que dizer, aquelas palavras entraram como um tiro no meu peito. Filipe foi embora e eu fiquei ali parado, até que Caio chegou perguntando por que eu estava ali, respondi que não era nada demais, claro que menti e também tenho certeza que ele percebeu, mas não queria chateá-lo no último dia de aula.

*

A apresentação de Filipe seria no domingo, faltando apenas três dias para virar o mês, não queria entrar no último mês do ano brigado com a pessoa que tinha tornado aquele ano totalmente único, eu nunca esqueceria nada do que aconteceu desde o início do ano.

No dia da dança minha mãe iria comigo, Caio e Ritinha iriam juntos, e daríamos uma carona para Allan, meu pai não poderia ir porque teria que estar no trabalho ás seis da tarde.

- Obrigado por nos trazer pai – Agradeci.

- Tudo bem meu filho,só torce pro trânsito estar livre, faltam três minutos pras seis horas – Ele disse sorrindo.

- Fica tranquilo, hoje é domingo, as pistas estão bem vazias – Minha mãe falou dando um selinho em meu pai.

Chegamos ao teatro, ficava no bairro em que Filipe fazia as aulas, aliás, o local do espetáculo era próximo á escola de Arte. Fomos um dos primeiros a chegar, entregamos os ingressos e subimos para o segundo andar onde havia um salão com uma lanchonete e banquetas, ali ficaríamos esperando até que liberassem a entrada para a sala de teatro. O lugar era bem bonito, o chão brilhava, minha mãe estava adorando, ela gostava de lugares assim.

- Deveríamos vir mais aqui – Ela disse olhando para mim – É um lugar bonito, devem acontecer muitos eventos legais por aqui.

- Agora que estou namorando um bailarino isso será frequente – Falei olhando nos olhos de minha mãe e ela alisou meu rosto.

- Chegamos, mas não precisa dos fogos, podem guardar, somos econômicos – Caio disse enquanto vinha andando com sua bermudinha e botinha vermelha que dava ainda mais estilo ao seu caminhar.

- Nada disso, pode soltar fogos, bomba, tiro e o que mais tiver, não saí de casa á toa – Ritinha falou ao nos ver, estava com um vestidinho preto.

- Vocês vieram cedo – Falei enquanto eles chegavam mais perto.

- Não íamos deixar vocês aqui, sabíamos que chegariam cedo porque seu pai iria trabalhar – O loiro falou olhando as pessoas que começavam a chegar – Mas parece que chegamos no horário certo, e aí, nervoso? – Caio disse ajeitando minha camiseta.

Eu estava vestindo uma camiseta de tom azul médio, com um bolso do lado esquerdo, uma calça jeans bem escura não muito apertada e um coturno masculino preto, também coloquei um cordão, no braço tinha algumas pulseiras, levei um casaco xadrez apenas para dar um charme, não queria vesti-lo.

- Já vi que vou ter que ficar de olho em você, ta ficando cheio de bailarinos e bailarinas aqui, se alguém se aproximar mais do que eu digo ser o limite não pensarei duas vezes, mato mesmo! – Ritinha disse ficando bem próximo a mim.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasWhere stories live. Discover now