Capítulo 52

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- Sabe Tony, eu queria tanto ter o seu apoio, você sempre disse que quando eu precisasse de você, você estaria ali pra mim. Mas, quando eu precisei, você não estava lá... -- volto a olhar o mar, as ondas vão e vêm, nunca são as mesmas, ela se distância sem limites e volta diferente com novas ondas. Queria ser como uma onda, poder levar os pensamentos ruins e voltar com os bons. -- Admito que me magoei bastante ao ver que não estava ao meu lado, que em vez de estar ali me abraçando, você estava longe, fugindo como um cão amedrontado. Fugindo assim como eu fugi, com medo de encarar a verdade e resolver cara a cara.

   Esses dias eu percebi que o que fiz foi errado. Eu errei com o Dante, eu errei com as crianças, eu errei com tanta gente. Fui egoísta e senti apenas minha dor, não liguei para as consequências. Ouvir o Luke aquele dia, foi o suficiente para tomar um banho de água fria e saber que o que fiz foi errado. Eu prometi que ficaria com eles e falhei, eu prometi para a Cabelos de ouro que não ia embora, e no primeiro problema eu simplesmente vou embora.

- Sinto muito Lilih, mas quando descobri o que o aquele cara escondia de você, eu surtei. -- volto a olhar para ele e vejo pela segunda vez meu amigo chorando. -- Você me disse que gostava dele, então, para não faze-la sofrer ainda mais por descobrir a verdade por outra pessoa a não ser ele, eu fui embora. Fui pra casa, minha mãe disse poucas e boas para mim e então percebi que foi uma estupidez fazer isso. Fui um cretino, assim como sou com todas as pessoas que gostam de mim.

  Ele respira fundo e olha para o mar, sei que não quer que eu o veja chorando. Tony é como qualquer humano, tem seus defeitos, mas sabe diferenciar o certo do errado. E se ele está aqui, chorando e se desculpando, eu sei que ele merece muito mais que meu perdão ou apoio, merece a amiga e irmã que ele sempre considerou. Depois que Tony perdeu a irmã dele, ele quis realizar o maior sonho da sua irmã, viajar pelo mundo todo e conhecer pessoas novas. Admito, digo que ele é um vagabundo, sem futuro que só sabe viajar, mas foi uma promessa que ele fez a irmã caçula dele, conhecer o mundo todo por ela. E eu sei que ele realizou esse sonho, mas continua viajando para não perder a memória da sua irmã e o motivo de faze-lo andar sem rumo. Eu o abraço e ele vira seu corpo me abraçando também, o abraço que sempre procurei quando ele estava perto.

- Eu não te odeio. -- digo quando me solto do abraço. -- Sabe, acho que foi melhor assim, percebi que foi errado da minha parte abandonar quem eu amo, mas, por um lado me fez ver que não seria capaz de viver sem eles.

- Vai voltar?

  Olho para a folha que ainda aperto em meus dedos e entrego para ele. Ele pega desconfiado e abre o papel dobrado.

- Tenho motivos o suficiente para voltar para ele, eu o amo Tony, e agora não consigo me ver sem ele.

- Grávida? -- ele pergunta ainda olhando pra o papel.

- Sim. -- sussurro.

- Quero que saiba que se ele não aceitar, eu vou estar ao seu lado Lilih, vou te apoiar seja o que for.

  Sorrio e me permito chorar depois de ter a certeza que estou grávida. Nunca me imaginei ser mãe, foi preciso ser babá de três crianças para sentir a emoção de ser mãe. Se fosse antes, eu surtaria, não saberia o que fazer, mas eu não tenho medo, posso dizer que estou feliz por algo que apareceu de surpresa. Eu já amo essa criança com toda a minha força, não posso dizer o sentimento, mas é forte, é um amor que se iguala ao que sinto pela minha mãe ou Dante, mas o amor é maior, mais intenso, é indescritível.

~~❤~~

- Tem certeza que tem que ir querida? -- Titia pergunta quase chorando, concordo com a cabeça.

  Ontem fiquei horas em frente ao mar com o Tony, conversando e aceitando tudo que fiz, disse a ele que iria voltar hoje, ele quis esperar, mas eu disse a ele que era meu momento e que só eu poderia resolver assim que chegasse. Abraço a Titia e sinto a estranha sensação outra vez no corpo.

- Admito que sentirei sua falta, foi bom rever a minha velha e desastrada prima. -- Jaqueline diz e a abraço, ela foi uma grande amiga, me apoiou e me ajudou a entender que não fiz o errado ao fugir. Ela me ajudou a entender que eu precisava desse tempo para crescer, e assim me convenci de que era o certo.

- Também sentirei sua falta, prometo visitar vocês logo. Não vou sumir como da última vez.

- É o que todos esperam. -- João diz e solta uma risada, me abraça apertado e retribuo.

   Sorrio para eles feliz. Sim ,eu iria voltar sem dúvidas, não posso abandonar mais que já abandonei a única parte da família da mamãe. Devo admitir que mesmo errando com eles, eles me apoiaram na casa deles e me ajudou, não foram brutos comigo e nem me culpou de nada. Foram uma família de verdade, aquela que apoia sempre e nunca julga, mesmo sendo o mais errado.

   Depois de me despedir deles e entrar no táxi, percebo que estou ansiosa para reencontrar o Dante e as crianças, estou nervosa com o que pode acontecer depois que estivermos cara a cara. Minha barriga se contorce e um calafrio me faz tremer da cabeça aos pés. Estranho, eu já senti essa sensação antes, peço a proteção da mamãe e torço para que nada de errado.

  Ao chegar no aeroporto, fico frustrada por meu voo atrasar uma hora. Pego meu celular e ligo para Joy avisando que vou atrasar e que não vai precisar que me busque no aeroporto.

- Por favor, me diga que me fez uma surpresa e que já está no aeroporto? -- Joy diz animada do outro lado, e me sinto mal por não ser o contrário.

- Infelizmente não, meu voo atrasou por uma hora, não vai precisar que me busque no aeroporto, de lá vou direto para seu apartamento.

- Mas combinamos...

- Eu sei, mas vai estar a noite, e não quero que dirija por aí sozinha no escuro. Pego um táxi e chego aí sã e salva.

- Tudo bem, te vejo a noite três pés!

- Até lá cabelo de xixi!

Ouço sua risada e logo desliga. A sensação estranha voltou outra vez, é como daquele dia, a sensação ruim, os imprevistos, o acidente na pista e agora o meu voo atrasa. Algo de ruim vai acontecer, é como se estivesse sendo avisada, então tenho que ter bastante atenção de quando chegar em Nova York, talvez pode não ser como eu espero que seja. Mas torço para que não seja coisa ruim, tenho medo, não por mim e sim pela nova vida que se forma dentro de mim.

  Coloco as mãos na minha barriga e faço uma oração silenciosa para ele ficar protegido de qualquer coisa ruim que possa acontecer e faço a oração para que nada de ruim aconteça comigo também. Seja o que for que vai acontecer, tenho a sensação de que não é coisa boa. Espero que essa sensação seja coisas da minha cabeça e que esteja errada, não quero imaginar que algo de ruim realmente vá acontecer.


Uma Babá Inexperiente - Indisponível em SetembroWo Geschichten leben. Entdecke jetzt