Eu entendia e lhe dava forças. Filipe chegava exausto dos treinos, às vezes ainda pesquisava, estudava, lia, limpava casa, fazia comida, quando eu ia pra lá complicava tudo, porque não deixava sair da cama, o agarrava e lhe beijava durante todo o tempo que tivéssemos.

*

Era uma quinta-feira, terceira semana de Agosto, seria o tão sonhado jogo da seleção Brasileira, queria que fosse contra a Argentina, mas era contra a Colômbia, o jogo seria difícil, pois a seleção rival a minha vinha fazendo uma boa campanha.

- Parabéns cara, vai ver a seleção jogar – Léo falou enquanto voltávamos para casa. Ele estava sem camisa, era mais alto que eu, sua pele era clara e seu cabelo castanho, era sarado e um pouco forte.

- Poxa nem fala, estou muito feliz, Filipe que me deu os ingressos – Falei todo sorridente.

- Vocês vão juntos? Ah cara, podia ter me chamado né? Somos amigos de futebol – Ele falou um pouco surpreso e chateado.

- Que nada, eu vou com meu pai, Filipe me deu de presente – Pensei um pouco – Adiantado, pelo meu aniversário, ele aproveitou a ocasião do jogo – Falei inventando uma desculpa.

- Queria eu ter um melhor amigo que nem Filipe – Ele falou olhando para frente e sorrindo.

- Não entendi Léo, como assim? – Perguntei e o mais alto me olhou.

- Ah qual foi né Eduardo, tu já viu o Filipe, ele não é de se jogar fora, olha eu não sou gay não, mas se ele quisesse aparecer no meu quarto eu não ia recusar – Ele ria – Dizem que ele dança, já pensou o que ele deve fazer na cama? Ah tudo bem que vocês são amigos, mas ele tem um corpinho né?

Cada palavra que Léo dizia eu sentia mais raiva. Ele não o amava, não mesmo, mas estava falando do meu namorado, claro que ele não sabia disso, mas eu estava irritado por ter que ouvir alguém fazer comentários sensuais sobre a pessoa que eu amava.

Idiota!

Léo era pegador, se aparecesse alguém disposto a ir pra cama com ele certamente aceitaria, se fosse um menino ele não o beijaria e nem demonstraria qualquer carinho ou afeto, seria "apenas sexo". Eu sabia disso devido as conversas sujas que rolavam nos vestiários, a maioria dos rapazes tinha aquela opinião, ficariam com um gay e ninguém iria saber.

- Valeu Léo, eu vou por outro caminho porque tenho que ver uns lances pra minha mãe, valeu, até mais – Falei forçando um sorriso e fui embora.

Claro que era mentira, só não continuaria ouvindo aquela conversa, sobre o meu namorado, sem falar que Leo também estava dando a entender que pegaria Filipe caso tivesse chance e aquilo para mim seria algo absurdo, ainda bem que ele era muito fiel.

Cheguei em casa e fui me arrumar, tomei banho, caprichei no meu cabelo que estava cada vez maior, coloquei uma bermuda grossa, tênis e meia, meu pai havia comprado duas camisas da seleção brasileira para a gente vestir.

- Pai é linda! – Eu falei segurando aquele manto.

- Gostou? Que bom, olha gastei uma grana, são oficiais! – Meu pai falou vestindo a dele que lhe caiu muito bem, valorizando seu tórax.

- Ta muito bem em pai! Ta com tudo em cima – Eu falei e seu Carlos começou a sorrir exibindo os músculos.

- Cuida dele pra mim em filho – Minha mãe falou com uma caneca nas mãos – Vai ta cheio de Maria chuteira lá, e o gato do seu pai sozinho.

- Pode deixar mãe, ninguém vai chegar perto dele não – Eu falei.

Antes de irmos passamos no apartamento de Felipe e me despedi dele, meu pai aproveitou para agradecer, estava todo feliz de ir ao jogo do Brasil, ele não ia a um estádio de futebol há muitos anos. Decidimos ir de ônibus, pois com o carro seria difícil achar um lugar para estacionar.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasWhere stories live. Discover now